Home

PARTE I - NCE/UFRJ

1. Um momento que o professor Ivan vai falar Al Bianchi Oi Ivan que que voc manda o seguinte estamos catando um integrado que n o se encontra por aqui V se voc consegue localizar comprar umas cinco pe as e manda para n s pelo primeiro portador Ta falado pode dizer MC6565 da Motorola MC5565 Motorola confere Pode deixar que mando not cias A sequ ncia de pedidos desse tipo manteve minha aten o ligada no que acontecia no NCE e fazia com que eu me sentisse til pois um dos problemas que o bolsista tem no exterior a sensa o de que ningu m precisa dele 21 Na poca era a nossa telefonista 62 E assim se passaram quem diria vinte anos A hist ria desse pedido foi interessante Liguei para a Hamilton Avnet para encomendar o circuito Por favor preciso de 5 pe as do MC6565S voc s tem em estoque MC6565 um momento estou consultando o computador hum n o senhor n o temos mas podemos encomendar Quanto tempo leva Duas semanas a resposta foi t o firme que eu at acreditei Tudo bem Qual a sua empresa N o sou empresa particular Mas como senhor Somos distribuidores s fazemos venda a empresas Minha empresa no Brasil eu preciso de comprar esses circuitos S seo senhor vier buscar e pagar a vista Est bem se for este o jeito Umas tr s semanas depois eu ainda n o tinha tido not cias do circu
2. Bem mas afinal n o assim t o simples voce sabe existe um grupo grande que n o vai aceitar uma mudan a injusta Devia ser assim mas na verdade n o Maquiavel j dizia que confrontando o amor com o m do o povo acaba preferindo obedecer a quem teme e n o a quem ama uma triste verdade Voce acha isso mesmo Voce n o precisa acreditar em mim voce vai viver voce vai ver Al m do mais a pol tica muito sutil Essas mudan as nem sempre s o intempestivas Acho mesmo que s em ltimo caso se recorre ao confronto A voce sabe procuram tudo o que voce fez de errado levam a p blico at mesmo alguns amigos ficam indignados com voce que vergonha nunca pensei que o fulano ou ent o fulano at que era legal mas bobeou quando fez tal e tal coisa agora n o tem mais jeito E dif cil trabalhar sem errar Dif cil Ora seja pr tico imposs vel fazer sem errar principalmente no servi o p bico Todas as regras s o contra voce O governo n o quer gente competente trabalhando se quisesse permitiria um sal rio justo Voce quer gente competente ent o n o obedece claro que existe uma maneira de n o cometer rros N o fazendo nada Parece ser uma m xima do servi o p blico Tudo o que fizeres ser questionado nada do que deixares de fazer ser te cobrado Tem raz o al m do mais ainda que n o houvesse irregularidades elas seriam inventadas
3. Ah Mas a voce se defende N o bem assim Quem acusa geralmente n o tem nada a perder O inimigo esperto n o o que enfrenta voce ele arruma pessoas que tenham pouco a perder para atirar as pedras Infelizmente sempre tem gente disposta a isso Quando voce est no poder voce sempre faz inimizades E quando voce deixa o poder ou est amea ado descobre que tem muito mais inimigos do que podia imaginar uma outra verdade triste Mas claro que existe um caminho mais polido Elogiam o seu trabalho colocam uma placa na parede com o seu nome oferecem um coquetel todos batem palmas d o posse a outro e mandam voce passear O que fazer ent o dif cil mas eu me recuso a acreditar que com o grupo de pessoas t o competentes e unidas que temos n o possamos conseguir uma sa da Precisamos depender somente de nos mesmos Teremos discuss es e diverg ncias mas se houver respeito m tuo o que de se esperar deste grupo acabaremos chegando a algum lugar Est bem digamos que vamos estar todos em uma empresa dependendo de nossa compet ncia botando nessas id ias para funcionar claro que existe a chance de n o conseguirmos ganhar para sobreviver Vamos esquecer o caso de haver uma crise do mercado porque a seria novamente responsabilidade do gov rno Em uma situa o normal se n o consegu ssemos sobreviver seria porque nossas id ias n o tinham prestado porque nunca ti
4. equipamentos principais n o se haviam renovado no decorrer de oito anos 36 Bruxo frio da noite leva as c res de nossa vista vermelho cinza e amarelo branco Mas n s resolvemos o que o certo e o que uma ilus o 37 Quando assumi a coordena o era Reitor o prof Adolpho Polillo e Decano do CCMN o Prof Horacio Macedo que em seguida se canditaria a reitor Contrariamente ao que ocorria na Universidade o mercado de inform tica seguia de vento em popa e as empresas estavam oferecendo bons sal rios equipamentos e software modernos al m de projetos muito mais interessantes dos que se podia ver na vida universit ria N o era dif cil concluir que a primeira prioridade ser manter o grupo unido j que as condi es de trabalho n o eram animadoras O dinheiro de projetos que era o nico meio poss vel para melhorar os sal rios era curto e cada vez mais dif cil Al m do mais se os pesquisadores mais conhecidos come assem a nos deixar como ir amos conseguir mais dinheiro de projetos J havia quase dois anos que com a falta de dinheiro v nhamos adotando a pol tica simp tica e compreens vel de s dar aumento ao pessoal de mais baixa renda Acontece por m que exatamente o pessoal mais qualificado que tinha condi es de trazer mais recursos para o NCE mas os cont nuos sacrif cios estavam j minando a resist ncia desse pessoal que era constantemente assediado por tentadoras ofertas Eu nunc
5. dentre outras formas como acionista das mesmas entanto como se sabe o limite do conhecimento humano melhor aproveitado pelos pa ses desenvolvidos da resultando que n o raro o esfor o do pesquisador acaba sendo til para distanciar ainda mais os pa ses desenvolvidos dos n o desenvolvidos Integra o Hardware Software Outro aspecto importante era a integra o hardware software na medida do poss vel os projetos deveriam abranger as duas reas e procurar fazer uma grande integra o entre os dois tipos de especialistas Vincula o Pesquisa e Ensino N o poder amos tamb m esquecer a import ncia de integrar o ensino com a pesquisa O ensino desvinculado da pesquisa conduz a estagna o do professor e a falta de motiva o para o estudante por outro lado a pesquisa sem ensino reduz o efeito de gera o de pessoal porque todo o conhecimento permanece dentro de um mesmo grupo de pesquisadores A nossa intera o com o programa de Engenharia de Sistemas da Coppe j existia desde antes de sua cria o por m esses la os foram estreitados a atua o na gradua o que ainda era pouca ficou refor ada com a cria o do departamento de computa o do qual o Ivan foi o primeiro chefe Para a cria o deste departamento o nosso grupo de pesquisa contou com o apoio irrestrito do prof Guilherme De La Penha ent o diretor do Instituto de Matem tica Ainda n o havia o curso de inform tica a n o ser na nossa
6. e n o se deixa levar tanto pelas ilus es Na verdade eu at gostaria de saber o que realmente acham meus colegas mais modernos eu penso que o primeiro programa complexo e feito com responsabilidade ainda capaz de gerar muita emo o pois afinal por mais preparados e calejados que sejamos sempre achamos um jeito de nos deixar iludir O trabalho era muito gratificante e logo logo superou todas as nossas expectativas claro que o pagamento era pouco mas se eu pudesse teria at pago para trabalhar N o estaria arrependido toda a oportunidade que tive para aprender com equipamento manuais livros e principalmente as pessoas Ah sim as pessoas que s o o maior patrim nio de qualquer organiza o eram fartas principalmente em qualidade a nossa volta As pessoas muito mais do que qualquer outra raz o que foram importantes para me manter ou me fazer mudar de um grupo de trabalho Qualquer assunto que eu quisesse saber podia perguntar ao Ysmar que le sabia dizer que na biblioteca em tal prateleira tinha um livro de tal cor que explicava muito bem o assunto ou ainda quando tinha um problema muito cabeludo de programar pod amos recorrer ao Favilla que logo se entusiasmava e ficava todo contente de achar uma solu o elegante junto conosco A Coppe como todos ficaram sabendo mais tarde foi precursora de profundas mudan as para melhor entendam nesta universidade As instala es eram limpas tinha at papel
7. falaremos mais tarde Est vamos todos muito excitados O trabalho de projetar um pequeno sistema operacional era o que eu sempre gostaria de ter feito mas achava que s no exterior seria poss vel o que aprend amos na Coppe come ava a ser utilizado a id ia aparentemente absurda at ent o de dialogar com os projetistas de hardware e ter o hardware feito de acordo com a nossa necessidade come ou a ser implementada Foi a que come amos a descobrir as incompatibilidades de vocabul rio nos grupos de hardware e de software e para meu espanto vi que a palavra compat vel n o compat vel nesses dois vocabul rios vejam s Um dia os grupos estavam reunidos para discutir o andamento dos projetos O PRETEXTO estava sendo desenvolvido usando alguns terminais importados enquanto o projeto de um terminal nacional estava sendo desenvolvido tamb m No grupo de software esper vamos que este nosso terminal burro le n o era burro s porque nasceu no Brasil o importado tamb m era burro O nome veio para diferenci lo do POTI que seria o nosso terminal inteligente funcionasse de modo id ntico ao importado isto fossem compat veis Mas Edu disse eu quer dizer ent o que o terminal burro vai ser compat vel com as Telerays que estamos usando Ah claro perfeitamente compat vel Mas vem c eu me lembro que h algum tempo atr s voc s estavam pensando em fazer este terminal podendo mostrar 24 linhas de 8
8. intermedi rio e avan ado isto tr s per odos de Volley para finalmente me tornar o jogador med ocre que sou hoje Mas ainda assim n o foi perda de tempo porque no volley ganhei at medalha Passei a frequentar a escola de Business durante todo aquele ano Achei tudo isso muito bom porque al m de aprender mat rias novas aprendi muito convivendo e observando o pessoal dessa escola Na verdade eu tinha de me fazer passar por um d les eu tinha de agir e pensar como les e eu devia saber a mesma coisa que les Claro que n o foi f cil mas tudo poss vel quando voc tem disposi o Eu sentava na frente fazia os exerc cios obrigat rios os opcionais e quaisquer outros que encontrasse aprendi a pensar como um administrador americano claro e assim pude entender melhor o mundo em que eu vivia A escola de administra o foi meu segundo lar durante o ano do bicenten rio da independ ncia americana 1976 L eu aprendi que cada pessoa tem uma fun o utilidade que reflete o seu estado de satisfa o quando voce consegue uma coisa boa o valor da sua utilidade aumenta quando acontece uma coisa ruim o valor diminui todo mundo tenta aumentar o valor da sua fun o utilidade o que dizem os economistas Assume se que todos s o ego stas isto a fun o utilidade de cada um n o depende da dos outros Claro que todos sabem que isso n o verdade tem gente que fica contente com a felicidade dos outros e tem
9. lio acho que ningu m vai saber de quem se trata por isso vou dizer que o Didi Ah Esse voc s conhecem n o mesmo O NCE de um simples CPD de universidade estava se transformando em um grande centro de desenvolvimento Era uma nova estrela que nascia Muitas mudan as j se faziam notar O processador de ponto flutuante j se encontrava em fabrica o e a grande frustra o do grupo que a Microlab n o estava planejando uma fabrica o em s rie mas sim apenas seis unidades das quais cinco j estavam contratadas por for a do financiamento N s quer amos que o produto da universidade fosse um grande sucesso comercial produzido as dezenas ou centenas mas a ind stria n o estava pronta para assumir os riscos de fabricar sem saber se iria vender A partir deste sentimento de frustra o come ou se a discutir qual seria o processo mais conveniente para que a produ o da universidade atingisse o mercado Foi uma discuss o longa A primeira alternativa seria constituir uma empresa todos os interessados comprariam algumas a es e a empresa industrializaria a produ o da universidade e efetuaria o pagamento de direitos universidade em contrapartida Mas era dif cil para o grupo aceitar a id ia nesta poca Nossa mentalidade era muito conservadora Uma empresa mais cedo ou mais tarde acabaria dando dinheiro e isso ia acabar dando problema gozado n o hoje a gente se d conta de que o problema a falta
10. m quando o chefe teve a id ia de come armos o que seria o nosso primeiro trabalho de desenvolvimento o compilador residente COPFOR Neg cio seguinte a grande parte dos programas que execut vamos diariamente cerca de 200 eram muito simples e gastavam muito mais tempo para serem compilados do que para serem executados No 1130 como em quase todos os outros computadores quando se inicia o trabalho o computador carrega o compilador FORTRAN compila o programa carrega o programa objeto e a executa A ideia era de deixar o compilador residente na mem ria que ia lendo os cart es compilando e executando sem perder tempo Foi muito oportuna a chegada do Pedro que j tinha alguma experi ncia de fazer compiladores junto com o fato de ser esta a area de interesse do chefe que o orientou A experi ncia foi um grande sucesso de 200 passamos a executar mais de 1000 programas por dia A id ia foi boa e o trabalho do Pedro foi excelente Em pouco tempo todos os usu rios de 1130 do Brasil estavam pedindo c pias do COPFOR se n o me engano Pedro chegou a exportar duas c pias 7 COMMON uma declara o usada em Fotran para passar par metros entre subrotinas Nesse ano tamb m come ou a ser feita alguma coisa em mat ria de P s gradua o em computa o dentro do programa de Engenharia El trica Primeiramente com a colabora o do Ysmar de volta durante as f rias e em seguida com o Denis e com o Luciano Os futuros doutores era
11. neos de dan a er tica uma das figuras famosas da redondeza ia se despindo medida que o clima da m sica esquentava Mas os espet culos n o eram privil gio dessa pra a Espalhados pelos mais diversos recantos do campus voc podia encontrar shows de m mica malabarismo jazz m sica renascentista e tudo aquilo que voc jamais foi capaz de imaginar O lado norte do campus em contraste muito mais isolado As vezes eu me pergunto se o fato de que a engenharia esteja deste lado tem alguma coisa a ver com isso Eu acho que sim Deste lado o campus est limitado pela rua Hearst e existe um com rcio incrivelmente menor que o do lado sul O nosso departamento ficava localizado parcialmente no edif cio Cory Cory Hall um pr dio com a apar ncia de quatro andares de frente para a Hearst e outra parte no Evans Hall um pr dio de dez andares localizado no interior do campus Como voc s imaginam que seja o povo que circula l por Berkeley P ra p ra p ra n o d para imaginar Gente de tudo que tipo e se vestindo de tudo que maneira Cabeludos muitos Barbudos muitos Sujos muitos Bem arrumados Ah isso dif cil s mesmo l pelo lado sul Voc s querem saber como foi um dos dinheiros mais f ceis que j ganhei na vida Um dia eu estava voltando para casa e esperava o nibus na esquina da Bancroft com a Telegraph Eu estava adiantado o nibus s chegaria dali a dez minutos Fiquei bestando vendo o mov
12. o morador da Calif rnia est sujeito a uma outra taxa de n o residente que na poca era de aproximadamente 750 d lares resultando em pouco mais de 1000 d lares por trimestre o valor das taxas pagas pelos estrangeiros e outros n o residentes O campus de Berkeley muito bonito e agrad vel e me ajudou a manter o alto astral que eu levei comigo e que mais tarde se provou extremamente necess rio para a minha sobreviv ncia O campus mais movimentado no lado sul limitado pela rua Bancroft e onde tamb m est localizada a Avenida Telegraph essa sim badalad ssima e verdadeiramente inserida no contexto berkeliano Neste lado do campus est o os pr dios da associa o dos estudantes ASUC e da administra o da universidade Sproul Hall a h uma grande pra a Sproul Plaza que se divide em dois n veis alto e baixo O n vel alto da pra a quase uma passagem obrigat ria para quem chega pelo lado sul por isso em horas de movimento voc encontra de tudo nesse caminho As vezes voc encontra barracas tentando convid lo para entrar para as associa es mais diversas poss veis indo do Hare Krishna passando pelo movimento dos Judeus a favor de Jesus pelos iranianos contra o Shah e chegando at mesmo a Marinha americana Na pra a inferior havia sempre um bom programa na hora do almo o as segundas conjunto de rock quartas orquestra e sextas banda de m sica N o raro se podia at presenciar espet culos espont
13. prio exame vestibular O Conselho Diretor concordou com a minha proposta de usar este dinheiro que faria falta mais tarde para uma instala o provis ria S lvio Rocha preciso alugar um B6800 por dois meses pois todo o dinheiro que tenho Sei que voc s est o trocando as m quinas da Atl ntica e bem poderiam arrumar uma dessas para n s Cara voce esta me pedindo uma coisa dific lima Sabe quantas clientes tem na fila dessas m quinas Eu n o sei se consigo passar a frente de outro colega Voc tamb m sabe que n s nunca instalamos nada com um contrato de dois meses agora ou nunca Nem a Reitoria nem o MEC querem assumir nada Eu s posso assinar contrato em fun o do dinheiro que eu tenho que s d para dois meses Voce sabe muito bem que o meu interesse que essa m quina fique aqui Voc s precisam ajudar vamos ver se a Reitoria vai deixar levar esta m quina de volta Eu compro a briga vamos ver se consigo convencer a companhia A mera divulga o da noticia foi suficiente para a mudan a de nimo M quina nova M quina nova voc ouviu Ser que verdade Em uma semana come aram a chegar os equipamentos Os programadores continuavam tendo que usar o calhambeque mas agora era diferente havia uma esperan a A instala o foi sendo feita com v rios problemas O Rafael que era o t cnico da Burroughs encarregado da instala o f z quest o de me afirmar durante uma das minhas visi
14. proporcionalmente ao volume de compras que voc faz e por isso cada vez que voc faz uma compra voc informa seu n mero de acionista para que se contabilize o valor de suas compras Com frequ ncia voc pode encontrar nas pr prias prateleiras recomenda es para que voc n o compre um produto por exemplo ATEN O SABONETE DESODORANTE este sabonete cont m produtos que eliminam bact rias necess rias ao seu organismo e seu uso n o recomendado BOICOTE OS VINHOS GALLO A vin cola Gallo est envolvida em uma disputa trabalhista com o sindicato dos trabalhadores rurais O sindicato recomenda que n o se compre seus produtos at que a disputa esteja resolvida Al m dessas outras pr ticas bem diferentes s o utilizadas Como se sabe muitos produtores usam embalagens de tamanho diferente para confundir o consumidor que se bobear compra por menos uma embalagem que cont m muito menos a Co op informa em cada prateleira o custo por grama ou por litro ou por unidade de cada produto para que o consumidor n o tenha que fazer as contas Sem d vida a id ia muito interessante mas ser que funciona Os estacionamentos e as filas nos caixas s o normalmente mais cheios que nos demais mercados demonstrando que muita gente deve estar satisfeita Os pre os n o s o mais baratos muitas vezes s o at mais caros a Co op argumenta tamb m que n o negocia com produtores que fornecem barato custa de explora o e o ser
15. rdo foi feito Os micros como prometido foram comprados e entregues em tempo recorde Mas algu m achou que o assunto ainda devia ser melhor discutido que a id ia era boa mas a forma n o era adequada Os micros perderam a garantia permanecendo encaixotados por seis meses at que se k Ne a k 48 chegou a uma nova forma de se fazer a mesma coisa j na gest o do atual reitor O Conv nio da IBM Eu j havia desistido de recorrer a IBM para nos socorrer Era sabido que desde 1970 at mesmo no exterior o relacionamento da IBM com as universidades tinha esfriado muito Em mar o de 84 chegou s minhas m os um convite para visitar juntamente com outras figuras importantes da inform tica nas universidades brasileiras os centros de pesquisa e de desenvolvimento da IBM nos Estados Unidos Explicaram me que a pol tica de aproxima o com as universidades estava voltando e a IBM queria mostrar para n s o que j estava sendo feito neste sentido A IBM do Brasil reporta se IBM America amp Far East como voc s sabem a IBM divide o mundo em partes e justamente ap s uma das visitas est vamos almo ando com o Vice presidente da IBM A amp FE quando o Lucena perguntou ao Waldecyr g Escuta Waldecyr essa hist ria de cooperar com as universidades vale para o Brasil tamb m ou s aqui entre eles Porqu voc s n o perguntam para o homem a O Ivan Campos f z a pergunta e ouvimos a resposta de que
16. rea de desenvolvimento come aria logo a dar retorno e cedo passaria a ser a vaca leiteira para sustentar as promo es das demais reas 18 Casaram se e viveram felizes para sempre No exterior j se come ava a falar em microprocessadores e o 8006 era a vedete do momento lembrem se no entanto que a id ia de se fazer microcomputadores com estas CPU s s apareceu muito mais tarde por volta de 1978 Mas de qualquer forma o grupo percebeu que tinha que desenvolver alguma coisa usando esta tecnologia e brevemente apareceria a id ia do terminal inteligente o POTI que deu origem a v rias teses de mestrado e permitiu o desenvolvimento de alguns descendentes at chegar a um microcomputador de fato Ali s o POTI s diferia de um microcomputador em duas coisas o fato de usar fitas cassete ao inv s de disquetes cuja tecnologia ainda n o estava bem desenvolvida e o fato de que n s o cham vamos de terminal e n o de computador Mais tarde ainda antes de que surgisse o conceito de microcomputador o POTI j estava executando sistemas aplicativos no hospital universit rio e na subreitoria de finan as A proposta de trabalho do grupo calcada fortemente na orienta o do Ivan era de que a Universidade fosse um baluarte da tecnologia nacional que desenvolveria todo o trabalho que a ind stria ainda n o tivesse condi o tecnol gica para desenvolver os projetos iriam desde a concep o e incluiriam o desenho industrial mont
17. ria e a viol ncia que foram resultar no que temos hoje Eu j disse que o Rio de Janeiro e uma cidade muito ciumenta mas desta vez as suas pirra as n o me atingiram porque eu estava muito envolvido com Berkeley Quando eu entrava num nibus lotado quando eu ouvia desaforos no transito quando eu n o conseguia ser atendido numa reparti o publica eu achava gra a eu morria de rir j que eu s estava aqui a passeio e podia levar tudo na goza o Para os americanos eu vivia falando de uma cidade onde o povo era muito alegre e que vivia cantando e sorrindo pelas ruas mas n o foi essa a cidade que eu encontrei Fiz a besteira de viajar perto do fim de semana o que resultou em dois dias de ansiedade at ter not cias do NCE Neste per odo conforme eu havia combinado com o pessoal da Coppe lecionei um curso de Sistemas Operacionais para uma turma bem cheia que inclu a entre outros Marcos Borges Pedro Manoel Arato Myiashiro Jano Milton Bezerra e o Aguiar Dentre outras 67 coisas isto foi muito til para a equipe do Pretexto que continuava em desenvolvimento at os operadores P e V as grandes novidades do momento seriam incorporadas ao mecanismo de sincroniza o de processos do Pretexto pelo menos foi o que o Paulo VII disse Foi nessa poca que fiquei conhecendo aquele que viria a se tornar um dos s mbolos mais simples apesar de representativo da efici ncia do NCE Se eu disser que o nome dele Nelc
18. tempor ria e de efeito individual Sua mente se f z em um branco e assim permaneceu por um par de horas Claro que havia uma solu o e caberia a John Doe aquele que Berkeley julgou in til exorcisar o extenuante sofrimento do cora o daquelas pobres almas John se sentiu iluminado Levantou se vagarosa e elegantemente pegou uma maleta que n o era aberta a anos e caminhou para a porta Percorreu aproximadamente o mesmo caminho e embora ainda n o conseguisse perceber integralmente tudo o que se passava a seu redor dessa vez reparou cada pessoa na rua e enxergou atrav s de cada par de olhos a ang stia de cada cora o Logo isto ir acabar pensou consigo mesmo eu os livrarei da ang stia e da dor Chegou base da torre quando j deviam ser uma e meia Dirigiu se ao elevador e entrou sem dizer palavra Ao saltar j no topo constatou que as outras duas pessoas que l estavam haviam justamente tomado o elevador deixando o a s s John n o perdeu tempo For ando a porta da casa de m quinas alcan ou a caixa de disjuntores e os desarmou fazendo cessar subitamente o ru do do motor e suspendendo a viagem do elevador Dirigiu se em seguida porta da escada e armou uma barricada com as pe as de reposi o que foram deixadas acumular durante anos Voltou varanda da torre e abriu sua maleta Seu rifle de precis o parecia t o novo quanto no dia do seu anivers rio de quinze anos R pidas lembran as das ca adas com
19. ximo coordenador Em agosto de 1985 Arato foi nomeado como o coordenador EP LOGO Talvez eu tenha estendido a hist ria um pouco mais do que devesse Mas como foi depois de 1985 que quase 40 dos funcion rios foram admitidos n o seria justo priv los da hist ria recente Em abril de 1987 anunciou se a comemora o dos vinte anos do NCE Percebi ent o que eu era o nico que tinha ficado aqui para contar a hist ria Uma hist ria que n o foi feita por decretos portarias boletins ou instru es normativas Mas uma hist ria que foi feita por pessoas por id ias persist ncia e principalmente por muito trabalho Nossa hist ria n o foi fria Foi feita por gente como eu e voce que vibram e sofrem com a institui o Isso n o pode ser explicado em um relat rio porisso resolvi escrever esta hist ria Primeiro um fasc culo depois outro at que agora um ano e meio ap s ter come ado alguns colegas deram o apoio que eu precisava para edit la como um livrinho Foram pessoas como eu e como voce que criaram o NCE e o fizeram crescer Foram pessoas que abriram um espa o dentro da universidade e dentro do cen rio nacional N o houve em nenhum momento decis o alguma de qualquer rg o do governo designando o NCE como Centro de Excel ncia de desenvolvimento de inform tica Houve institui es criadas por decretos mas sem os grupos de pessoas n o puderam florescer Se chegamos a uma posi o devemo la ao nosso t
20. CNPq e outros descobriram uma maneira muito educada de recusar OS GRANDES PLANOS Para que voce acha que serve um plano Para evitar desperd cios Para trabalhar mais eficientemente Para ocupar quem n o tem mais o que fazer Para dividir um espa o n o vale se voce respondeu isso voce matem tico Cada uma das respostas at teria um pouquinho de raz o mas eu acabei descobrindo a grande vantagem de um planejamento que voce evita de gastar dinheiro at que o plano esteja pronto E se o fregu s realmente f r obstinado e acabar fazendo o plano se depois de todas as suas reclama es e recomenda es o cara acabar reapresentando um plano bem feito e se voce n o conseguir que os outros fregueses bombardeiem suficientemente o plano do tal cara a ponto de faz lo desistir voce ainda tem a alternativa de dizer que n o tem dinheiro Genial n o E assim todos os pedidos foram sendo recebidos muito educadamente Sem d vida important ssimo ajudar a UFRJ a se modernizar Para isto estamos fazendo um planejamento global das necessidades computacionais de todo o ensino 40 Gerente de vendas da Unisys antiga Burroughs 41 Fiszel Solewicz Gerente de vendas da DEC superior no pais n o esquecendo claro de adotar um enfoque sist mico Quando o plano ficar pronto consideraremos seu pedido Absurdo N o podemos decidir se vamos comprar um novo microcomputador para voc s somente depois que a univer
21. Estou convicto de que esta cidade ciumenta do jeito que aprontou de tudo para me castigar Mas o NCE que eu havia deixado tamb m j n o seria mais o mesmo Fiquei impressionado com o ambiente de Superpot ncia que estava instalado Antigamente s t nhamos um telefone agora t nhamos um KS com 3 troncos Antigamente era a maior 29 Lembre se disto Um beijo s um beijo um suspiro s um suspiro Com o passar do tempo s vale o que fundamental dificuldade para se comparecer a uma confer ncia agora corriam listas para quem quisesse ir ao congresso em Porto Alegre o ritmo de produ o era muito intenso Continu vamos tendo cerca de metade de nossa folha de pagamento bancada peta UFRJ o restante era coberto mediante contratos de desenvolvimento ou presta o de servi os Havia uma grande movimenta o em torno dos projetos do Hospital Universit rio na verdade o CPD do hospital correspondia a uma divis o da atual Area de Sistemas de Informa o L al m do desenvolvimento de sistemas para o hospital era feita toda a digita o dos sistemas da universidade A equipe contava dentre outros com a Angela F tima o Fernando Manso e o Miguel Borges que era o coordenador substituto do NCE Pouco depois ocorreria o acidente fatal que me deixaria com menos um amigo e o NCE com menos um de seus fundadores Outro sistema de grande import ncia conduzido pela ASI era o sistema de marcas e patentes para o INPI
22. a coopera o seria feita com qualquer universidade que demonstrasse compet ncia Recolhi um charuto ap s a sobremesa e comentei com o Waldecyr 47 Professor Jorge de Abreu Coutinho 48 Prof Hor cio Macedo 49 Carlos Jos Pereira de Lucena hoje chefe do depto de Inform tica da PUC 50 ent o vice presidente de tecnologia da IBM do Brasil 51 UFMG Waldecyr n o estou acreditando nessa hist ria vou guardar este charuto para quando a IBM puser uma boa m quina na UFRJ como incentivo pesquisa Passado algum tempo voltei IBM para cobrar a tal coopera o Muito bem Bianchi que tipo de apoio voce gostaria de ter A UFRJ precisa de um equipamento muito potente mas concordo que o conv nio devia incluir uma m quina fabricada no Brasil Ent o acho que o 4381 que o maior que voc s t m aqui seria razo vel E que mais terminais Se necess rio poder amos at abrir m o de terminais j que nossos usu rios at poderiam conseguir dinheiro para isso O que n o se pode descuidar do restante da configura o muito disco controladores de transmiss o software etc E quem usaria esta m quina Todos os nossos usu rios de todas as reas Bem a temos dois problemas primeiro a IBM se prop e a dar um apoio n o a resolver um problema pois isto da al ada do gov rno O apoio deve ser dado para ajudar os chamados centros de excel ncia isto os grupos mais fortes do pais em de
23. administra o n o somente mudou a minha vis o do mundo mas como tamb m f z com que eu me interessasse ainda mais pelo assunto No in cio de 77 quando eu j havia completado os cursos necess rios em administra o reencontrei um velho amigo que apareceu em Berkeley como professor visitante e iria lecionar um curso sobre economias em desenvolvimento Notamos que alem da amizade t nhamos em comum um grande interesse pelo assunto as minhas novas descobertas ao estudar economia internacional seriam muito teis ao trabalho que le pretendia fazer e assim le acabou me convencendo de participar do curso Quando o trimestre estava por terminar tivemos uma conversa important ssima no Caf dos Tr s Mares Bianchi Como voce v a melhor coisa do mundo ser multinacional veja s Em geral voc estabelece uma regi o onde voce o nico comprador da mat ria prima isso se chama Monopsonia voce sempre leva vantagem porque quem vende n o tem alternativa Toda a teoria econ mica se baseia na exist ncia da competi o de alternativas para voce comprar e vender o que n o verdade nesse caso Raul Por outro lado na hora de vender devido ao seu tamanho e a superioridade tecnol gica a situa o pr tica quase sempre se configura como monop lio quer dizer voce n o tem alternativa de onde comprar Ou seja a multinacional ganha dos dois lados Bianchi E o pior que quando as vendas internacionais s o f
24. ainda incidiria neste mesmo rro PARTE XVIII A ERA DE AQU RIO Sem d vida o maior benef cio da mudan a e que surtiu efeito imediato que em pouco tempo acabaram as diverg ncias e antipatias entre grupos e todos passaram a se concentrar em seu trabalho Nada mais oportuno a uni o seria mais do que nunca necess ria Os recursos estavam come ando a minguar A Universidade que era a ponta de lan a da tecnologia nacional ainda dispunha das pessoas mas estava em inferioridade em mat ria de equipamentos e recursos com rela o a ind stria O interc mbio com a ind stria sempre desejado nunca alcan ado ficou ainda pior nessa poca Com a delapida o dos sal rios e defici ncia de equipamentos na Universidade este interc mbio teria sido uma salva o Mas ao inv s disso grande parte das empr sas optou por oferecer sal rios atraentes aos pesquisadores esvaziando ainda mais a universidade Nosso grupo n o sofreu tantas perdas porque era muito unido mas foi um tempo dif cil Iniciei na minha rea uma campanha pelo bom atendimento ao usu rio Os resultados em pouco tempo talvez tenham fugido ao meu controle pois os operadores assumiram a paternidade pelos pobres usu rios e chegavam at mesmo a expulsar o pessoal da produ o da sala do computador Foi at necess ria uma nova campanha para lembrar a eles que o servi o da universidade tamb m era nossa obriga o Come ou o achatamento de sal rios o
25. as aulas pr ticas e estaria dispon vel aos demais usu rios no restante do tempo Se tudo desse certo a nossa sobreviv ncia estaria assegurada Mas n o foi bem assim Para minha estupefa o come ou a aparecer uma discuss o acusando nos de estar implantando o ensino pago em uma universidade p blica A princ pio n o entendi O ensino gratuito dentro dos poucos recursos que nos s o alocados se destinam a atender os alunos que fazem o vestibular ou aos alunos de p s gradua o Os chamados cursos de extens o e de aperfei oamento sempre haviam sido e continuam sendo oferecidos mediante a cobran a de taxas sem que nunca houvessem sido considerados uma agress o ao ensino gratuito Mas no nosso caso foi A GREVE O NCE sempre se colocou numa situa o muito particular durantes as greves da Universidade Sempre foi fato sabido e not rio que o n vel salarial dos funcion rios do NCE era superior m fia da Universidade Por esta raz o seria talvez at descr dito para o movimento uma participa o muito ativa de quem estava em uma situa o privilegiada Por outro lado como faltar com o apoio aos mais necessitados Sou franco ao afirmar que n o gosto de greve As greves talvez tenham servido mais para mostrar as nossas falhas do que o que realmente temos feito pela comunidade ao longo de nossa exist ncia Havia uma greve na Universidade Trabalh vamos a portas fechadas porque n o t nhamos o menor interesse em deixar
26. as de s rie ou seja o governo garantia a compra de um certo n mero de unidades para que a fabrica o n o resultasse em preju zo subscri o de a es pelo BNDE para levantar capital quer dizer se voc precisa de dinheiro para aumentar a sua f brica o BNDE entrava de s cio ao inv s de emprestar com juros nada parecia funcionar A necessidade da Marinha de equipar a esquadra levou a cria o de uma empresa mista na qual a Ferran inglesa fornecia a tecnologia Mais tarde como mecanismo preliminar reserva de mercado governo decidiu que apenas empresas nacionais poderiam vender minicomputadores ainda n o existiam micros no pa s Permitia s s empresas que seriam licenciadas i importar tecnologia o que irritou a universidades pois afinal n s j hav amos demonstrado que t nhamos gente capaz de desenvolver tamb m para qu ent o mandar dinheiro para fora As empresas argumentaram que s assim poderiam come ar a vender ainda hoje ao inv s de esperar alguns anos enquanto os fabricantes estrangeiros iam ocupar o mercado id ia era simples les faziam um contrato com uma firma estrangeira que j fabricava o equipamento durante algum tempo les podiam comprar o equipamento diretamente do exterior colocar uma etiqueta tipo made in Brazil e vender para os clientes brasileiros Enquanto isso estariam instalando a f brica para logo ap s come ar a vender algo realmente feito aqui Esta argumenta o venceu part
27. at Berketey achar algum conferencista interessante para trazer Eu j sabia que o projeto de circuitos integrados era poss vel sem grandes equipamentos Havia em v rias escolas uma sequ ncia de tr s cursos quase que esgotando o assunto Procurei o prof Carlo Sequin que lecionava esse assunto em Berketey e se voc s se lembram esteve na minha banca Ele imediatamente ficou entusiasmado em comparecer ao SEMICRO e a dar as primeiras dicas sobre como projetar circuitos integrados Consegui trazer tamb m o prof Alvin Despain um grande especialista em projetos com microprocessadores Neste primeiro SEMICRO apareceu a id ia de associar o microprocessador com a formiguinha que mal ou bem vem se mantendo at hoje em nosso cartaz Nossa preocupa o era muito grande pois era este o primeiro semin rio desse tipo que ir amos realizar Chegando s v speras do semin rio eu ficava atordoado com a preocupa o de quantas pessoas apareceriam Mario quantas pessoas ser que v o comparecer Talvez umas duzentas porqu J imaginou se aparecerem somente vinte O sucesso foi retumbante Seiscentos inscritos no semin rio Conseguimos atender tanto aos novatos microprocessadores eram uma grande novidade quanto aos pesquisadores Gra as cobertura da imprensa especializada houve um tremendo rebu devido nossa proposta de projetar circuitos VLSL At 1974 fazer hardware era tabu desfeito esse mito permaneceu o tabu do ci
28. aulas j imaginaram Aos poucos fui conseguindo definir um problema que tinha a ver com computa o otimiza o e economia isto todas as reas que eu tinha estudado dessa forma todos os professores presentes ao exame teriam oportunidade de discutir alguma coisa que les entendessem A primeira dificuldade conseguir marcar o exame encontrar um hor rio em que todos estejam dispon veis Isto n o foi t o grande problema Depois que os cinco professores aceitaram o meu convite fui secretaria do departamento para marcar o exame e registrar a banca Uma nova surpresa me aguardava O Suplicio da uma Maldade A secret ria me informou que seria necess rio obter a assinatura do prof Parlett para aprova o da banca Estranhei porque nunca tinha ouvido falar que fosse necess ria uma aprova o e estranhei mais ainda saber que existia uma comiss o de comiss es isto uma comiss o que aprovava a forma o de outras comiss es Mas n o h de ser nada pensei O prof Parlett come ou a querer criar obje es banca Ah essa n o Ramammoorthy e Zadeh n o podem ficar juntos numa banca Vamos mudar isso Que tal botar o prof Smith De jeito nenhum respondi O que h de errado com esses dois Eles n o d o trabalho aos alunos fazem exames muito f ceis porisso que eu estou aqui Para homogeneizar o grau de dificuldade das bancas Mas prof Parlett veja s Ramammoorthy meu orientador logo t
29. comprar um computador Tem raz o porisso que o meu plano incluir o aluguel de um B6800 novo entre as despesas do projeto podemos deixar esta maquina para uso s da p s gradua o Os usu rios provavelmente v o gostar da id ia e v o ficar muito contentes em trazer o dinheiro para c foi a que eu errei Como Alugar um B6800 Claro J temos as propostas o S lvio Rocha garantiu que pode instalar alguma coisa em tr s meses Assim romper amos o c rculo vicioso de n o ter dinheiro porque n o se tem computador e n o se tem computador porque n o se tem dinheiro Ent o m os obra Mas Irene tem mais uma coisa O qu N o vamos fazer um simples pedido de financiamento vamos fazer um estudo muito bem feito de como se custeia um centro de computa o de universidade Isto um problema que os agentes n o sabem como resolver e n s vamos aproveitar para dar a solu o Quero que eles possam adotar a nossa metodologia para analisar todos os projetos de centros de computa o Voce diz vamos fazer disto um projeto de pesquisa Quem sabe n o fica sendo a sua tese O projeto da Irene que se transformou em tese ficou muito bem feito De fato a dire o da Finep n o teve como fugir a pedido t o bem justificado Infelizmente alguns de nossos amigos acharam que isso seria muito dinheiro para n s e estariam mais contentes se pudessem continuar usando a mesma droga de m quina q
30. dispor de um aluno para corrigir os trabalhos da turma o contrato de reader feito por trimestre com base no numero de horas necess rias para se corrigir os trabalhos Com isso o professor pode passar um trabalho a cada semana sem ter o trabalho de corrigir obviamente isto refor a muito o aprendizado e os readers realmente levam o trabalho a s rio pois apesar de que a remunera o n o seja l grande coisa cerca de 3 d lares a hora nenhum desses empregos para ajudar quem precisa para dar trabalho mesmo Voc s gostariam de saber como a vida do professor Est bem mas s um pouquinho Vou deixar para completar isso quando eu puder falar da minha experi ncia de professor Em primeiro lugar existem os professores que s o de carreira isto pretendem viver o resto da vida na Universidade e os que n o s o de carreira normalmente denominados lecturers O universo dos lecturers muito variado e pode ir desde um professor inexperiente at um figur o que contratado temporariamente Os professores de carreira se dividem em tr s n veis o in cio da carreira sempre como professor assistente vejam bem a carreira aberta voc pode come ar como assistente em uma universidade e vir a ser contratado como adjunto em outra A posi o de professor assistente sempre oferecida por um per odo determinado normalmente dois anos com possibilidade de renova o A grande briga justamente passar de as
31. e em particular a CAPRE J que o objetivo da CAPRE era economizar o dinheiro que o governo aplicava em computadores logo apareceu a id ia de se criar um organismo que fosse o dono desses computadores para que ficasse mais f cil remanej los de um lugar para outro Dessa forma equipamentos seriam comprados e colocados nas universidades maiores os equipamentos que a estivessem seriam remanejados para outras universidades e assim por diante Assim foi criado o PNCI Programa Nacional de Centros de Inform tica que j na sua cria o se propunha a reequipar as universidades maiores e atrav s de remanejamentos atender s menores Sabendo que todos esses tipos de programa s o demorados e nossa situa o j n o permitia mais atrasos o Ysmar resolveu dar partida ao processo de compra antes de dispor do dinheiro Os fabricantes estavam em uma briga de foice e como sa mos na frente o motivo da briga deixava de ser somente o dinheiro da venda quem vendesse para a UFRJ levava uma grande chance de fechar as outras vendas tamb m A IBM claro n o queria perder o cliente que era um bom cart o de visita e que j tinha ajudado a vender muitas outras m quinas A Burroughs o nico competidor s rio sabia que a venda tinha que ser dela caso contr rio seria dif cil a sua posi o no mercado durante a pr xima d cada As maravilhas arquitet nicas da Burroughs j come avam a nos seduzir Exig amos uma m quina co
32. esses detalhes Nas salas segredos n o se discute muito o assunto de estudo porque o seu colega passando representa menos uma vaga para voc A press o ia aumentando e se tomando dif cil Qualquer discuss o virando briga qualquer contratempo um caos A TRAG DIA DE JOHN DOE E agora talvez seja oportuno contar uma pequena hist ria fict cia que poder ajudar voc s a entender melhor um fen meno que eu n o entendia John Doe era filho de comerciantes nascido e criado em Bakersfield Calif rnia O pequeno John era o orgulho de seus pais sua escola e por que n o admitir de sua cidade Sempre o primeiro aluno da classe desde o Jardim de Inf ncia manteve seu hist rico escolar monotonamente preenchido com A s todo este tempo frequentando a escola mais prestigiada das redondezas A consagra o e a recompensa pelos seus esfor os veio com uma carta aceitando o para estudar em Berkeley N o havia como esconder tanta alegria O grande sonho de sua vida estava prestes a se realizar finalmente todos aqueles anos de sacrif cio todos aqueles programas deixados por realizar todas as garotas com quem le havia deixado de se encontrar nada disso importava mais le tinha o que ningu m mais tinha na cidade Berkeley era dele s dele Mas esta ida para Berkeley ainda iria impor alguns sacrif cios sua fam lia aut nticos representantes da classe m dia americana cuja poupan a era bastante limitada le teria de mudar se
33. exame de ingl s A se vira para mim e diz de acordo com o resultado do teste voc sabe ingles suficiente para ter entendido que estava na poca de fazer o exame Bianchi Que boboca ah erro de datilografia Miguel A eu resolvi falar com o Blum Perguntei a le se eu n o poderia deixar de fazer o exame mesmo depois de ter sido convocado Bianchi E Miguel le disse que sim mas que nesse caso era quase certo que eu n o conseguiria passar no pr ximo Bianchi Mas escuta na verdade voc s n o est o inscritos no doutorado voc s s o alunos de mestrado ent o como podem obrig los a fazer um exame que s exigido dos candidatos a doutor Fabio Ah Essa tamb m foi boa os caras dizem que apesar disso se n s temos alguma pretens o a fazer o doutorado em Berkeley o exame tem que ser feito agora Bianchi Eu n o acredito que isto esteja acontecendo Mas o pior que estava acontecendo Um grande contingente de alunos foi obrigado a se inscrever de ltima hora para o exame suicida Acho que eu me sentiria melhor na pele de um kamikaze pois estes pelo menos tem a promessa da vida eterna ap s a morte Agora vamos tamb m interpretar os fatos exatamente nesta poca a ind stria passava por um novo ciclo de expans o e estava recrutando bachar is e mestres a peso de ouro Em consequ ncia caiu a demanda pelos cursos de doutorado pois os alunos poderiam obter um excelente sal rio ime
34. governo reajustava os sal rios abaixo da realidade As fontes de recursos externos iam pouco a pouco secando Quando havia recurso dispon vel sab amos ser imperativo us los para melhorar o sal rio do pessoal mais humilde Essa pol tica incontestavelmente correta na situa o seria suicida a longo prazo Os servidores de menores sal rios tinham melhores reajustes o que era justo caso contr rio n o conseguiriam viver mas os t cnicos e pesquisadores tinham estritamente o reajuste oficial a duras penas pois mesmo assim era necess rio usar dinheiro de projetos Acontece que nossa volta o mercado de inform tica continuava bom Como fazer para evitar que nossos t cnicos e pesquisadores n o fossem embora N o havia muito a n o ser feito Era esperar e rezar Algumas vezes foi poss vel conceder um abono isto uma gratifica o paga uma nica vez 50 do sal rio para cada um Em equipamentos nem pensar A nica alternativa seria conseguir alguma coisa de gra a Foi tentado mas nenhum fabricante estava disposto a isso As universidades s podiam almejar quem sabe a um equipamento remanejado um computador que o Banco do Brasil n o precisasse mais por exemplo L pelas tantas um pequeno milagre Dentre os decretos estapaf rdios surge um autorizando a Universidade a contratar como professores todos os instrutores que haviam colaborado no ensino sem receber remunera o Este era o caso de muitos de nos
35. j vamos estar atrasados Engenheiro da Light Pode n o ser t o critico quanto parece A Light deve ter algum conversor manual que possa ser emprestado de qualquer forma precisamos trazer a tens o para um valor mais pr ximo do necess rio se conseguirmos regular 10 Jos Luzia um das Supei her is do NCE hoje o repons vel pelas instala es el tricas do NCE al m de ser o respons vel pelas instala es em quase todas as exposi es promovidas pela SBC a tens o o suficiente ent o voces estar o dentro do prazo Podemos ver o transformador de entrada Jos Luzia Claro fica l na entrada da ilha e n o vejo impedimento de fazer isso Engenheiro da Light Ent o para n o perdermos tempo vou requisitar logo um conversor enquanto iremos l na frente Assim foi feito Fomos todos a subesta o pr xima ao ETU onde o Jos Luzia identificou o transformador que nos interessava e mediante uma simples regra de tr s se concluiu o valor adequado para a tens o Voltando para o bloco B observamos que a tens o estava em 209 Volts o que era toler vel Algumas horas mais tarde chegou o conversor manual que foi instalado dentro da pr pria sala do 360 o 1130 ficou desligado e foi assim que mais uma vez a nossa honra foi salva Mais Expans o A quantidade dos usu rios que dependiam do n cleo j estava saturando os dois equipamentos dispon veis tornando necess ria a discuss o de um novo computador tam
36. nos banheiros todo o trabalho era levado muito a serio principalmente pelos alunos Professores estrangeiros e brasileiros trabalhavam juntos e com o mesmo pique As notas como na maioria das universidades estrangeiras era competitiva quer dizer era muito dif cil tirar A porque a quantidade de A s dependia do numero de alunos na turma naquela poca fazer quatro cursos por per odo era s pra CDF em tempo integral e mesmo assim se arriscando a pelo menos um B As dificuldades da vida de estudante da Coppe naquele tempo justificavam plenamente a inscri o colocada sobre o portal por um aluno dedicado Lasciate ogni speranza voi ch entrater O contraste com a Escola de Engenharia onde eu estudava era gritante e olhem que hoje isso j melhorou muito devido a influencia da Coppe Para quem n o conhece essa historia acho que vale a pena gastar mais alguns par grafos A Coppe foi obra da obstina o e talento do Professor Alberto Luiz COIMBRA que conseguiu apoio financeiro no BNDE hoje BNDES para come ar o programa de Mestrado em Engenharia Qu mica Gra as a uma estrat gia bem clara de NUNCA COMPROMETER A QUALIDADE essas atividades foram pouco a pouco crescendo claro que ficou logo constatado que a contrata o de professores interessados e competentes com sal rios dignos o apoio do BNDE permitia sal rios muito superiores aos 6 Deixai aqui toda a esperan a o v s que entrais ee Inscri o porta do In
37. o era a sua miss o les n o traziam em seus cora es a mesma ang stia o mesmo sofrimento que os seus colegas Estes sim precisavam dele Mas agora quase n o apareciam mais Aqui a pol cia Largue sua arma e saia da voc est cercado John ouviu o som do megafone sem dar muita import ncia Com cuidado e surpresa observou a mo a que estava para atravessar em frente biblioteca Observou a pela luneta cerca de duzentos metros teria a chance de fazer mais um favor uma colega pensou Observou os cabelos louro escuro que alcan avam pouco al m dos ombros o rosto arredondado a boca delicadamente agressiva e a pele morena t o incomum naquela vizinhan a exceto nas mo as de origem hindu Assim identificou Chris dona do nico sorriso am vel que encontrou desde a sua chegada ela seria a pr xima Dedo no gatilho iniciando o movimento irrevers vel de contra o uma nica gota de suor come ando a escorrer um estranho sentimento de peso no est mago come ando a pulsar Eu n o posso eu n o posso n o com ela Era o estranho pensamento que come ava a cristalizar em sua mente Desviou a pontaria e disparou para o alto pousou o rifle no parapeito e levantou se bruscamente colocando se de p sobre a amurada pronto para atirar se N o precisou dar se ao trabalho a pontaria menos certeira de um recruta f z com que uma bala lhe atravessasse o pesco o Imediatamente v rios disparos se fizeram ouvi
38. o nosso pr prio trabalho ir se acumulando Ai pela primeira vez o governo resolveu cortar o sal rio dos funcion rios em greve como se faz em qualquer lugar do mundo E a Est vamos em greve ou n o Claro que sim no meu entender O nosso trabalho n o se havia interrompido mas quer amos protestar contra as condi es de trabalho que eram oferecidas na universidade e contra a deteriora o do ensino Est vamos CONSTRUTIVAMENTE em greve E assim com a consci ncia muito limpa ap s o exame da atua o financeira propus ao Conselho Diretor usar todo o dinheiro em caixa para adiantar a cada funcion rio metade do seu sal rio Eu sabia que mesmo que fosse dada a autoriza o de pagamento as mudan as a serem efetuadas na folha causariam um atraso da ordem de vinte dias o que de fato ocorreu Mas com o adiantamento foi evitado um colapso na vida de cada um ELEI ES O regime militar estava acabado Mas a Universidade mais do que qualquer outra institui o n o podia ficar esperando pelo lento retomo do regime democr tico Come aram aparecer as propostas de elei es para reitor e diretor de unidade As pessoas parecem esquecer que as elei es diretas s o apenas uma das manifesta es democr ticas com import ncia mais simb lica do que pr tica Esquecendo se de implantar os mecanismos de participa o e principalmente descentraliza o do poder o povo acaba ficando extremamente feliz em poder eleger
39. o trabalho de pesquisa Eu nunca havia pedido uma bolsa ao meu orientador mas agora isto seria necess rio Fui visitar o meu grande mestre o prof RAM e lhe expus a situa o E assim prof RAM vou precisar de uma b lsa para me manter durante este ltimo ano j que n o poderei contar com o meu sal rio Pensei ent o em lhe pedir uma b lsa de assistente N o n o n o n o Voc est qualificado para coisa muito melhor A b lsa de assistente tem valor baixo e voce n o vai aprender nada de novo Que tal voce ser professor de ci ncia da computa o Aqui Na Universidade de Santa Clara fica a cinquenta milhas daqui e uma escola muito prestigiada que est crescendo muito Sei que les precisariam de voce l Bem prof RAM n o sei Pense bem Sr Franca tenho certeza de que a experi ncia de ensino em uma boa Universidade americana ser muito valorizada no seu pais Isso resolveria o seu problema financeiro dar lhe ia oportunidade de enriquecer o seu curriculo e tenho certeza seria uma experi ncia muito interessante Insisto porque acho que o Sr tem plenas condi es para o trabalho isso que o Sr acha Indaguei Ligue hoje mesmo para l e procure o prof Chan Shu Park Chan Ele o chefe do departamento e excelente pessoa N o tenho nada a perder pensei Marquei uma entrevista para da a tr s dias Nesta entrevista eu daria uma palestra para todos eu disse todos os profe
40. por muito tempo algu m tinha que fazer alguma coisa E algu m f z Para qu perder tempo com os entraves burocr ticos Para qu pedir faturas encaminhar processos aguardar tanto tempo Para qu pagar antecipadamente e s receber a mercadoria depois Em pouco tempo come aram a aparecer os esquemas para se trazer componentes sem burocracia claro que eram componentes de segunda linha e sa am um pouco mais caro mas o resultado era compensador Este foi o nico erro ter esquecido que estava lidando com o Brasil PARTE XV A SAGA DO DOUTORADO A COMEDIA O exame de qualifica o um exame oral a portas fechadas com uma banca de pelo menos cinco membros sendo dois de fora do seu departamento Neste exame os professores tentam avaliar se o candidato tem condi es de produzir uma tese de doutorado isto se entende do assunto se sabe explicar seu racioc nio se capaz de pegar um problema indefinido e organiz lo para estudo Em outras palavras os professores avaliam se voce pode ser um membro da classe A presen a de professores de outro departamento objetiva testar os conhecimentos do candidato fora de sua rea principal Uma boa pol tica consiste em preparar uma proposta de tese isto um problema no qual voce gostaria de trabalhar explicar o que precisa ser feito quais os m todos que voce pensa utilizar e etc Se voce n o faz isso prov vel que algu m comece a fazer perguntas sobre mat ria de
41. que sempre demos aulas na Inform tica ou na Coppe sem nunca termos pertencido ao quadro de docentes N o vou contar a confus o que deu S vou contar que os dezenove analistas que foram contratados como docentes deixaram de receber do NCE o valor que passaram a receber do novo contrato para continuarem com o mesmo total Isto permitiu mais uma vez melhorar a situa o do pessoal de menor sal rio CONVERSA DE GURU Bianchi o que voc acha que vai estar fazendo daqui a dez anos Voce acha que vai continuar aqui na Universidade Ta uma coisa em que eu ainda n o pensei Gosto daqui gosto do tipo do trabalho e das pessoas com quem convivo verdade que algumas vezes tenho uma decep o mais ainda n o senti necessidade de sair Pois a que pode estar a dificuldade Quando voc tiver necessidade pode ser tarde demais Porqu voce diz isso Como tarde demais Eu estou muito decepcionado com o servi o p blico Voce passa uma grande parte de sua vida dando o seu sangue por alguma coisa fica satisfeito de ver que est construindo alguma coisa se envolve n o pensa que um dia pode precisar se afastar n o investe mais em voce mesmo s na institui o E ai um dia Um dia algu m desperta para o seu trabalho n o para reconhecer seu m rito mas sim para ocupar o seu lugar De repente voce n o mais necess rio quanto melhor tiver sido o seu trabalho maior o risco que voce corre
42. ram e me cumprimentaram Depois vim a saber que a demora foi porque les continuaram o papo e quase se esqueceram de mim O Ch o de Estrelas Estava escuro muito escuro e eu estava sozinho A minha volta e sob os meus p s cintilavam as estrelas e o som forte da sinfonia seguia firme no mesmo ritmo que as batidas do meu cora o O ritmo irresist vel me impeliu a dan ar eu andava e corria em c rculos no compasso envolvente seguindo aquelas pequenas luzinhas que giravam e giravam na escurid o do vazio Eu pisava nas estrelas e corria atr s delas enquanto fugiam de mim alonguei o passo sem sair do ritmo porque alguma coisa me dizia que isso seria fatal e consegui assim me mover junto com a multid o de pequenas estrelas que orbitavam t o perto de mim que at me pareceu que seria poss vel colh las E porque n o seria Curvei meu corpo em dire o ao ch o e com todo o cuidado para n o amedrontar as lindas estrelinhas coloquei a m o direita rente ao piso Tudo o que tive a fazer foi estender o bra o e uma delas veio suavemente se aconchegar na palma da minha m o e l permaneceu brilhando para mim radiante e contente gentil e apaixonada Eu n o me admirei j que nada mais me surpreendia s aproveitei para curtir intensamente aquela alegria sorrindo e dan ando enquanto acompanhava o movimento dos astros Mas a melodia foi se esvaindo e com elas foram se desvanecendo as estrelinhas Contemplei minha m o est
43. rumo tomar avistou a torre de onde havia pouco os sinos anunciavam dez horas Era inicio do outono algumas rvores se haviam bruscamente tingido de amarelo ouro que reluzia contra o c u azul e sem nuvens exagerando em sua exuber ncia que se esva a era quase um protesto contra a iminente nudez a que estariam expostas durante o inverno Outras menos afortunadas j haviam perdido as folhas que formavam um tapete vermelho alaranjado para suavizar a passagem do miser vel John Sentada sobre as folhas a mo a sardenta de cabelos de fogo argumentava com um rapaz de cabelos lisos e louros que formavam um lind ssimo rabo de cavalo a respeito das caracter sticas fascistas de Pareto adiante um rapaz de jaqueta e cal a Jeans esbo ava com l pis de carv o o perfil das rvores desfolhadas sem esquecer o privil gio supremo do artista de registrar s a beleza ou s o grotesco de acordo com a sua disposi o mas nunca indiscutivelmente a realidade Recostado a um tronco um rapaz de tra os orientais parecia meditar enquanto curtia o barato da sua viagem a poucos passos o rapaz de camisa xadrez e botas c r de tijolo ouvia os planos da menina sorridente que mal disfar ava a emo o qualquer um com um m nimo de sensibilidade poderia claramente perceber que a paix o estava para explodir a qualquer momento s les dois que ainda n o se haviam dado conta Adiante j quase chegando ao fim do quarteir o a explos o acabara de o
44. seu pai nos fins de semana lhe vieram a mente quatro anos j se haviam passado Lentamente John foi montando o rifle prendeu a luneta de longo alcance e por ltimo carregou o Aproximou se da sacada e avistou o pr dio de dez andares sua frente e identificou a janela do professor Smith no quinto andar N o reparou que abaixo na esplanada dois carros da policia do campus j estavam estacionados Pobre professor Smith logo a sua amargura de viver estar acabada voc ir para um mundo melhor sem preocupa es e s ter a sua volta as pessoas mais inteligentes e trabalhadoras pensou Smith n o sofreu A potente muni o de ca a atravessou com facilidade o vidro da janela e a pontaria insuper vel de John Doe garantiu lhe um itiner rio direto ao cora o E assim se iniciava aquela tarde Somente quinze minutos e cinco v timas mais tarde a pol cia conseguiu perceber o que estava acontecendo e isolar a rea Para John o trabalho ia ficando mais dif cil pois agora haviam desaparecido as almas que se candidatavam liberta o restava agora a mon tona espera a que todo bom ca ador se acostuma Em outros dez minutos chegaram dois carros da SWAT por mais experimentados que fossem esses policiais teriam sido alvos f ceis para o brilhante John Doe que poderia ter abatido dois ao desembarcarem de suas viaturas e colocar um furo bem redondo em pelo menos tr s bon s azuis que conseguiu avistar nos telhados Mas esta n
45. tive alguma dificuldade em conseguir instrutor o pagamento um pouco maior que o comum N o o mais importante agora Se realmente se trata do mesmo curso que j tenho preparado pode contar comigo acho que vai ser interessante Excelente De qualquer forma s o setenta e cinco dolares a hora Todo mundo j ouviu falar de S o Francisco e deve ter visto pelo menos uma foto da famosa Golden Gate a ponte que se situa na entrada da ba a Existem v rios fatos pitorescos a respeito desta cidade de oitocentos mil habitantes parcialmente destru da pelo grande terremoto de 1906 Mas eu n o tenho nenhuma d vida que todos voc s j ouviram algu m dizer que deixou o cora o em S o Francisco pois que l esta can o equivale a Cidade Maravilhosa com a diferen a que hoje como ontem e amanh muita gente continuar deixando o cora o como ped gio em sua passagem pela cidade Se eu deixei o meu Bom isto voc s ter o que ir l para descobrir O pr dio da PG amp E fica bem no inicio da Market St no distrito financeiro da cidade Chegando antes da hora eu estacionava o carro e caminhava algumas quadras at o Caf Caravansary em cuja sobre loja podia ser saboreado um excelente expresso com vista para o movimento de fim de tarde na cal ada Em uma dessas vezes n o pude deixar de reparar uma senhora de idade avan ada que estava sentada de frente para mim acompanhada de um senhor Trajava um conjunto preto co
46. transmitir conhecimento mas principalmente de estimular o esp rito cr tico de seus estudantes e lhes fornecer todos os est mulos para formar suas pr prias opini es porque tamb m muito f cil ensinar todos a contestar sob lideran a isso n o novidade nenhuma Berkeley sediou in meros movimentos de vanguarda em favor das minorias do direito de livre express o e pelo fim da guerra do vietn Pouco antes de eu chegar havia conflitos 20 Filha do professor C V Ramammorthy com a pol cia bombas de g s pauladas e tudo mais Tanto incomodou Berkeley que deram um jeito de reduzir drasticamente o or amento problemas da universidade p blica Sendo mantida pelo governo do estado a Universidade da Calif rnia obedece ao princ pio do ensino gratuito que n o seguido pela maior parte dos outros estados isto um dos orgulhos dos californianos no entanto pasmem Ensino gratuito n o quer dizer que a escola seja de gra a o seguinte todo o or amento operacional da Universidade coberto pelo estado Os sal rios dos professores funcion rios material etc nada disso coberto com o dinheiro das anuidades escolares As anuidades que existem e que estavam em cerca de 250 d lares por trimestre s podem ser aplicadas em outras destina es tais como competi es esportivas apoio a concertos etc Obviamente que os californianos ainda assim n o est o a fim de pagar escola para os outros e por isso quem n
47. trico que come ava a suspender o painel Notei ent o o quanto foi importante a literatura das mil e uma noites que me permitiram sair daquele impasse em meio a estrondosos aplausos da plat ia Santa Clara me cativou cada vez mais Porisso voltei l todas as vezes em que estive na Calif rnia para rever os colegas e a minha querida santa porisso tamb m em 88 resolvi ver de perto em Assis este fant stico casal da idade m dia em cuja homenagem essas duas cidades do outro lado do mundo foram batizadas Clara e Francisco de Assis Novamente n o me decepcionei Ao encerrar se o ano letivo em Santa Clara em abril de 1979 Dr Chan indagou quais os meus planos para o futuro Quero ver se termino minha tese nos pr ximos meses e em setembro volto ao Brasil Tem certeza que n o gostaria de explorar mais algumas possibilidades aqui nos EEUU Dr Chan gosto muito daqui e gostei especialmente de ter trabalhado aqui em Santa Clara mas o Sr sabe estou afastado a cinco anos tenho um grupo de amigos muito grande e temos muito trabalho pela frente Provavelmente eles est o precisando de mim agora Entendo de qualquer forma gostaria de dizer lhe que consultei o departamento e o Decano e ambos me autorizaram a oferecer lhe uma posi o conosco Ficar amos muito contentes se aceitasse mas n o vou insistir Dr Chan esta foi a maior recompensa que eu poderia ter pelo meu trabalho aqui n o posso aceitar mas fico sensibilizado T
48. 0 colunas Pois continua assim Sei mas quando aparece uma vig sima quinta linha o que acontece Simplesmente essa linha vai ocupar o lugar da primeira a seguinte a da segunda e assim por diante Ah mas ai que est disse eu triunfante no Teleray n o assim Quando chega uma vig sima quinta linha le joga fora a primeira chega todas as outras uma linha para cima e escreve a linha nova em seguida antiga linha 24 que passa a sera 23 agora T bem mas e dai U da que os dois n o s o compat veis Mas claro que s o compat veis Os interfaces s o com loop de corrente de 20 mA e usam o mesmo conector onde estava um voc desliga e pode ligar o outro o resto voc resolve mudando o software Mas Edu agora eu j estava me sentindo no mato sem cachorro a gente n o pode sair mudando o software a toda hora isso tamb m d muito trabalho al m do mais se agente quiser usar alguns terminais de cada tipo vamos ter que usar dois programas diferentes N o d para voc s mudarem o projeto claro que d se isto for uma coisa importante claro que podemos fazer igual ao Teleray Mas compat veis les sempre foram Em casa embaixo do chuveiro fui sobressaltado por um pensamento aterrorizante Ser que quando eu mandar escrever uma letra A no terminal burro vai realmente aparecer um A na tela ou ser preciso usar um c digo diferente tamb m Felizment
49. BNDE com o contrato assinado transbordando de contentamento le acenava agitando o pr prio contrato atrav s da janela do taxi que o trazia Este apoio permitiu que fossem feitas promo es peri dicas mantendo a coer ncia entre a capacidade do funcion rio e a sua remunera o pois como sabemos um fato de import ncia primordial em inform tica que o indiv duo aprende muito com a experi ncia por m o planejamento de carreira do funcion rio p blico est fortemente assumindo que a pessoa continuar fazendo exatamente a mesma coisa a vida inteira Reorganiza o A pr pria organiza o do N cleo tamb m j estava mudada Em 1972 eu e Couceiro fomos passar duas semanas na Universidade de Stanford que tamb m se utilizava de equipamento IBM e era o centro de computa o mais poupado de reclama es pelos professores que retornavam da p s gradua o bom lembrar que um centro de computa o nunca elogiado pelo usu rio o melhor que se consegue ter pouca reclama o Nesta visita fomos assistidos pelo Bruce Lemm que era o gerente de servi os aos usu rios manager of user services Lembro me que fiquei muito surpreendido de saber que a universidade tinha um Vice reitor de computa o A minha surpresa n o foi tanto pela valoriza o da inform tica mas pelo fato de que l j existia gente da rea de computa o na reitoria pois no Brasil s por volta de 1983 tive noticia dos primeiros reitores que eram esp
50. E assim se passaram quem diria vinte anos E assim se passaram quem diria vinte anos Paulo Bianchi USA a p Ja R aa r OD vi Copyright 1988 Paulo Mario Bianchi Fran a Todos os direitos reservados PREF CIO A vontade de escrever sobre o come o da computa o na UFRJ j veio h muito tempo S agora que se est preparando a comemora o dos vinte anos do NCE e que sou eu o nico analista daquela poca que ainda est em servi o comemorando os mesmos vinte anos que n o consegui arranjar mais desculpas para protelar Assim escrevi essa hist ria para que os colegas mais antigos sintam reviver os bons tempos para que os mais novos satisfa am sua curiosidade e para que tamb m pelo conhecimento do passado possam economizar alguns erros no futuro Escolhi deliberadamente contar a hist ria como eu a vivi e n o atrav s de uma narrativa impessoal na esperan a de que o texto n o fique t o ma ante claro que outras pessoas viveram uma hist ria um pouco diferente e fica aqui o meu convite para que cada um complemente a minha iniciativa com sua contribui o quem sabe poderemos editar uma colet nea de contos sob o Mem rias de N cleo Quero pedir desculpas por alguns erros que posso estar cometendo devido a que grande parte dos fatos est registrada apenas na minha mem ria que como se sabe n o tem paridade nem CRC Mas como sabemos s h uma maneira segura de n o errar e est
51. Moura e lhe disse Arnaldo Se voc n o passar n o se preocupe n o quer dizer que voc seja ruim que com 6 candidatos s 2 poder o passar e por azar pode ser que voc n o seja um d les Eu falei de pura goza o pois eu n o acreditava que com este n mero de candidatos o departamento seguiria a mesma rotina alguns dias depois encontrei o Arnaldo Bianchi estou muito chateado n o passei estudei o mais que eu podia achei que eu sabia de tudo Fui at falar com o Harrison o orientador dele que estava pensando em desistir E a le disse que eu n o devo me preocupar que como tinham seis candidatos s dois poderiam passar n o quer dizer que eu n o tenha compet ncia T brincando Fiquei pensando o que aconteceria no pr ximo exame se s aparecessem dois candidatos j que ent o nenhum poderia passar mas acho que mesmo assim les incentivariam os alunos a estudar bastante para serem reprovados com honra Felizmente para os novos alunos algu m percebeu o rumo rid culo que a situa o ia tomando o pessoal de computa o s vezes consegue pensar como gente e a mudaram as regras e acabaram com esta palha ada Conversa vai conversa vem e o tempo vai passando cada vez chegando mais perto o dia dos exames Pelos corredores gente de olhos vermelhos e fundos sem banho h dias barba e cabelo nem se fala j que mesmo em poca de tranquilidade muita gente n o se preocupa com
52. TO se baseavam em problemas que n s t nhamos na Universidade o processamento cient fico no 1130 e a entrada de dados e de programas da mesma forma os terminais de v deo o microcomputador POTI a pr pria CPU e as redes locais projetos que surgiram mais tarde tamb m se propunham a resolver problemas de computa o que t nhamos dentro da Universidade mas que poderiam ser generalizados E foi assim que o NCE abriu a sua terceira frente oficial de atua o a frente de desenvolvimento tecnol gico Digo frente oficial h muito j havia uma frente de ensino onde o NCE atuou extra oficialmente talvez pelo fato de que j existisse um organismo com tal atribui o Os colegas do grupo de desenvolvimento que me perdoem mas a observa o que agora fa o na verdade em sua defesa para explicar mais tarde a raz o de ocorr ncia de alguns problemas O grupo se desenvolveu com um carinho excessivo e ningu m percebeu que este o fator t pico na educa o de crian as mimadas Assumo minha parcela de responsabilidade pois eu n o s fazia parte do grupo mas tamb m da pr pria dire o do n cleo O beneficio resultante foi um grupo muito motivado a trabalhar e que muito contribuiu para o desenvolvimento tecnol gico brasileiro bem como para arrecadar uma grande quantidade de recursos para o NCE al m claro de estabelecer sua reputa o como rg o de vanguarda na pesquisa e no desenvolvimento tecnol gico Sobre o inconveniente
53. VAX Explica isso melhor Seguinte Existem alguns clientes de 11 70 que gostariam de comprar mais uma m quina mas como voce sabe o processo muito demorado Achei ent o que eles poderiam comprar a m quina que voc s t m Com o dinheiro voc s conseguem comprar um VAX 780 j que voc s est o isentos de impostos Pareceu um neg cio da China mas infelizmente o PDP 11 70 n o era propriedade da UFRJ porisso n o poder amos vender Tentei fazer neg cio sob a forma de conv nio mas n o deu certo Recorri ao Reitor propondo rachar o pagamento da parte em d lares ele 3 mas com a demora da burocracia o c mbio aumentou e o dinheiro n o foi topou suficiente Ficamos com a carta de cr dito pendente at que houvesse mais recursos isto n o ocorreria mais na minha coordena o Mas isso n o importa o que importa que esse VAX est aqui hoje A mudan a de reitor se aproximava e eu achei que a reitoria gastaria um dinheiro de bom grado se tivesse a certeza de ver bastante gente contente Mas como fazer isso com pouco dinheiro S comprando micros Mas para quem d los Cada um querendo levar o seu n o se conformara em se sacrificar para ver os outros sendo favorecidos Bras lia Hotel das Na es por volta das onze horas tentando dormir me veio o estalo E se n s instal ssemos laborat rios para uso geral espalhados pelo Campus Um na Praia Vermelha um na Engenharia um por Centro a com umas tr
54. a n o fazer Pensei tamb m em fazer uma dedicat ria apesar de ser este um trabalho muito humilde e modesto Lembrei me ent o de um texto que j tive vontade de colocar em algum lugar que s agora encontrei Dedico este trabalho ao esp rito de amizade e coleguismo que uma vez surgiu entre a equipe do NCE e que nos permitiu sobreviver a tortos os momentos dif ceis bem como comemorarmos unidos os momentos felizes que le se fortale a entre n s n o s nos momentos de tristeza mas principalmente nos de gl ria pois que assim como o fracasso causa pena o sucesso provoca a inveja Agrade o aos colegas que me incentivaram e refrescaram minha mem ria e pe o perd o se eu n o soube dar um desfecho brilhante para uma hist ria que t o interessante Mas afinal na fantasia assim como na vida existe muita hist ria bonita com final decepcionante Rio de Janeiro 29 de novembro de 1988 Paulo Bianchi PARTE I Para quem acredita em Deus nenhuma explica o necess ria Para quem n o acredita em Deus nenhuma explica o suficiente 6699 A CHEGADA Abril de 1967 tinha eu vinte anos e estava cursando o segundo ano da escola de engenharia da UFRJ Ah Como eu gostaria de ser um programador Naquela poca os computadores n o eram t o populares quanto hoje mas em todo caso o meu interesse j havia come ado quando no ano anterior fiz o meu primeiro curso de programa o Assembler para B 200 log
55. a o e somente com o m rito da equipe com a seriedade que j era nossa tradi o e com uma estrat gia apropriada que conseguimos mostrar que na UFRJ ou pelo menos no NCE tamb m se fazia trabalho s rio e de boa qualidade Noel Rosa que certamente teria sido nosso estagi rio se tivesse nascido mais tarde possivelmente teria dito que O N cleo n o quer abafar ningu m s quer mostrar que faz computador tamb m Vale a pena contar para voc s uma grande diferen a estrat gica entre a nossa pol tica de pesquisa e a da maioria dos outros grupos Muito cedo percebemos que a pr pria universidade era potencialmente um grande campo de provas para o nosso trabalho Mas para isso seria necess rio que abr ssemos m o do desejo de ficar pesquisando assuntos demasiadamente avan ados para o pa s e nos concentr ssemos em coisas que pudessem ser teis comunidade Assim chegamos a fabricar terminais de computador n o se fabricava no Brasil que foram colocados disposi o dos usu rios desenvolvemos o PRETEXTO que veio a facilitar a vida dos estudantes durante algum tempo desenvolvemos adaptadores de comunica o que foram instalados no Burroughs desenvolvemos a CPU que poderia ter sido replicada e ter resolvido o problema de computa o da UFRJ na sua poca desenvolvemos os primeiros micros brasileiros que foram colocados em uso na universidade etc Na verdade isso dificilmente poderia ser feito se n s estiv ssemos
56. a o eram bem remunerados por m reduzidos a trabalhos de aplica o suporte e vendas Tudo o que se estudava em um curso de p s gradua o tinha pouca aplica o pr tica porque tudo j vinha pronto do exterior Algumas experi ncias notadamente o Coppefor desenvolvido pelo Pedro Salenbauch o compilador Snobol desenvolvido pelo Guilherme Rodrigues e o Macro Assembler desenvolvido pelo Favilla nos demonstraram a viabilidade de produzir software complexo mas hardware nem pensar Isto nos parecia completamente fora do alcance n o s do NCE mas tamb m da ind stria nacional Por outro lado j come ava a haver uma preocupa o do governo em desenvolver uma ind stria nacional de computadores A motiva o como todos sabem partiu da Marinha do Brasil que estava adquirindo as fragatas automatizadas e logo percebeu que a depend ncia da assist ncia t cnica estrangeira colocaria em cheque as vantagens da automa o Come aram a ser patrocinados os primeiros projetos visando o desenvolvimento de um computador nacional e ainda extra oficialmente j se discutia o primeiro modelo de importa o de tecnologia visando fechar o mercado de minicomputadores para os fabricantes estrangeiros As discuss es que t nhamos nessa poca eram mais ou menos assim Mas Ivan voc acha mesmo que a gente consegue fazer hardware claro agora existem circuitinhos pr fabricados que j cont m unidades aritm ticas registros e o cara
57. a s duas horas da manh vi um garotinho de quatro anos de pijama andando sozinho pela rua chamei os guardas para ajud lo se eu fosse atr s podiam pensar que eu era algum tarado De uma outra vez Ricardo acordou passando mal com febre alta e tremedeira n o pensei duas vezes chamei o corpo de bombeiros de Albany e pedi a ambul ncia Em menos de dois minutos eu tinha uma ambul ncia e tr s carros de patrulha na minha porta e dois param dicos e tr s guardas dentro de casa Passado o susto para o Ricardo este foi um dia de gl ria Outra coisa que achei muito interessante foi a exist ncia dos guardas de tr nsito volunt rios Durante o hor rio normal de deslocamento de crian as para as escolas os principais cruzamentos da cidade eram ocupados por algumas senhoras moradoras da redondeza que controlavam o tr nsito e ajudavam as crian as a atravessarem as ruas Dessa forma qualquer crian a de cinco anos podia ir e voltar das aulas sozinha e com bastante seguran a N o sei se esses pequenos detalhes j s o suficientes para que voc s entendam a import ncia da organiza o do pa s em comunidades pequenas eu sempre pensei que o governo centralizado fosse melhor at ent o Mas vejam quanto mais se centraliza menos sens vel ao problema local a autoridade se toma n o adianta o papo de consulta comunidade pois acaba que a comunidade que opina pode n o ser a da vizinhan a Em contrapartida se a comunidade relativame
58. a Ent o vamos l Quando especificamos os requisitos do pr dio exigimos a coloca o de detetores de fuma a e um alarme de inc ndio que acionaria uma potente sirene este sistema foi entregue com o pr dio sendo que o contr le do mesmo se localizaria na atual sala da secretaria da AST Creio que os detetores de fuma a ainda podem ser vistos na sala do computador Era o dia primeiro de abril de 1974 e eu estava seco para passar um trote em algu m faltava escolher a vitima mas um trote comum n o teria gra a o interessante seria dar um susto em muita gente Isso mesmo voc s adivinharam Afinal para que serve um alarme de inc ndio que nunca foi testado para partilhar dessa aventura escolhi o Guilherme Claro quem mais apropriado do que o Guilherme para querer desmontar a caixa de contr le do sistema Foi assim que depois de remexer em tudo descobrimos que a sirene n o tocava e nem iria tocar nunca at hoje porque nunca foi instalada PARTE VI A TERCEIRA FRENTE O Ivan que estava quase terminando o seu doutoramento em Berkeley veio passar as f rias no Brasil e como era de se esperar ficou trabalhando conosco neste per odo Para manter a tradi o essa visita tamb m provocou mudan as O Ivan veio dar partida ao desenvolvimento de hardware no NCE Qual era o contexto brasileiro nesta poca N o havia nenhum fabricante de equipamentos de computa o brasileiro Os empregos existentes em comput
59. a beleza n o existe fora quando n o est presente dentro de cada um Seguiu pela avenida Telegraph sem reparar as centenas de pessoas que com le cruzavam sem reparar os vendedores ambulantes expondo suas maravilhosas sand lias artesanais ind genas as pir mides decorativas de cristal as fivelas de bronze para cintos camisetas pintadas m o Na esquina da rua Durant tamb m n o notou o pedinte que o abordou solicitando um donativo para a cl nica gratuita de Berkeley nem muito menos os Hare Krishna que ocupavam toda a cal ada alguns passos adiante John n o via John n o ouvia Sem saber que ficou devendo sua vida s leis e costumes de tr nsito californianos foi atravessando cada rua sem preocupa o Chegando ao cruzamento da rua Dwight o aroma dos Swish Kebobs 1 e da carne de carneiro assada dos restaurantes gregos que eram uma armadilha infal vel para qualquer transeunte tamb m n o lhe chamaram a aten o Em mais alguns minutos estava em casa no apartamento que dividia Foi direto para o seu quarto onde nem reparou a cama ainda por fazer a quantos meses n o era arrumada os t nis jogados pelo ch o os livros empilhados e algumas malas ainda fechadas Sentou se no ch o com as pernas cruzadas e apoiando suas costas na parede respirou fundo fechou os olhos N o seria poss vel livrar o mundo desse tipo de preocupa o claro que havia sempre a sa da da droga mas esta era uma solu o passiva covarde
60. a atrasado com altera es de ltima hora e se as pautas os hist ricos n o fossem entregues a tempo era porque o NCE n o tinha segurado a peteca Para piorar a Coppe tinha seu pr prio sistema de registro que o Amauri tamb m tinha de cuidar Com a Cope era at pior porque os professores tinham alguma no o de computa o na verdade alguns achavam que sabiam tanto ou mais do que n s Como voc s sabem o usu rio sempre quer mudar tudo a toda hora e numa dessas argumenta es sobre a dificuldade de se fazer algumas mudan as a curto prazo o Amauri acabou recebendo uma sugest o Bota um Skip Como o 360 era para a administra o e uso acad mico foi nessa poca que come ou o problema de partilhar o uso e da surgiu o percentual de 50 para cada um que foi relativamente f cil de se implementar O 360 s dispunha de 256 Kbytes de mem ria tirando a mem ria do sistema operacional e dos programas de Spool restavam 170K para os programas de aplica o que foram divididos Salomonicamente em 90K para uso administrativo o compilador Cobol precisava de 90K e 80K para uso acad mico sendo que era dada a mesma prioridade de execu o para as duas parti es claro que logo apareceram programas que n o cabiam nessas parti es e que deveriam ser executados noite mas eu tive muitas discuss es com o Jayme porque os programadores n o se esfor avam muito para caber nos 90K V rios dos nossos ases foram contrat
61. a me considerei melhor do que ningu m muito menos pelo motivo de ser chefe esta honra apenas significou para mim que meus colegas depositavam alguma confian a em que eu me ocupasse de coordenar os trabalhos do grupo Afinal coordenar o trabalho de gente qualificada muito diferente do que ser patr o o importante n o ficar dizendo aos outros o que fazer nem muito menos ficar tornando conta do trabalho de cada um O importante coordenar a a o entre os diversos grupos e fornecer os meios e as condi es adequadas de trabalho Tamb m devido ao tamanho do grupo ao excesso de talento e n o menos importante ao tamanho dos nossos problemas de arranjar dinheiro achei me no dever de convocar todos os analistas s nior para contribuir de algum modo com a gera o de recursos para manter a institui o Porisso iniciei a minha gest o com a medida bastante temer ria de usar o pouco dinheiro dispon vel para melhorar o n vel do pessoal mais s nior Em troca eu esperava uma intensa participa o de todos na produ o de projetos e busca de recursos claro que nem todos conseguiram mas foram muito poucos os que deixaram de tentar Aos poucos o investimento foi se pagando um projetinho aqui outro ali e uma r pida satisfa o dessas pessoas por se sentirem participantes da solu o de nossos problemas N o tenho a menor d vida que na situa o em que est vamos eu sozinho n o teria trazido recur
62. a mudan a de coordenador O Ysmar j estava de volta e era a pessoa mais experiente do nosso grupo a solu o era portanto muito clara No entanto como sabemos a coordena o do NCE um cargo de confian a do reitor e ficamos muito preocupados com a indica o do pr ximo coordenador O chefe insistiu em que pelo menos elabor ssemos uma lista tr plice como sugest o ao reitor pois isto seria mais elegante do que uma nica indica o Obviamente n o havia mais ningu m qualificado para ocupar o cargo mas o chefe era muito persistente e como todo chefe sempre tem raz o Eu e Couceiro acabamos concordando em figurar na lista com a promessa solene do chefe de que deixaria uma indica o clara de que est vamos todos de acordo com a indica o do Ysmar PARTE V VANGUARDA Apesar de que em muitas iniciativas o NCE n o fosse pioneiro durante toda a sua exist ncia ocupou uma posi o de vanguarda J no DCC t nhamos o 1130 mais bem configurado e mais sobrecarregado de servi o Muitos dos centros de computa o criados naquela poca ficaram sendo dirigidos por ex alunos da Coppe que vinham recorrer nossa assist ncia para organizar sua instala o Nossos cursos de Fortran j haviam formado milhares de alunos Muitas empresas come aram a aplicar o computador em assuntos t cnicos nessa m quina com o nosso apoio para voc s terem uma id ia figuem sabendo que foi o nosso 1130 quem efetuou grande parte dos c lcul
63. ados nessa poca Laerte F bio que voltava Paulo IV a Florinda que veio ser a primeira recepcionista do 360 a Irene que era assistente do Couceiro a Jocelene que veio a ser secret ria do Jayme e mais tarde o Gentil8 que era o respons vel pelo servi o de administra o complementar e a Jacira que veio a ser minha secret ria Ah sim voc s sabem porque os Paulos foram numerados Porque t nhamos dois operadores com o nome de Paulo Roberto Pereira n o havia outra distin o poss vel a n o ser cham los de Paulo I e Paulo II Quando apareceu o pr ximo Paulo que n o era Roberto Pereira a turma foi no embalo e saiu numerando Este h bito foi at o Paulo VII ap s o que o h bito desapareceu misteriosamente sabe se l onde estar amos hoje Come amos tamb m a discuss o de como deveriam ser as instala es definitivas do NCE um primeiro projeto elaborado sem nossa colabora o previa que o NCE seria instalado no oitavo andar do pr dio do CCMN Os idealizadores do projeto pensavam que o NCE n o seria um local muito visitado por alunos Em nova discuss o chegamos mais ou menos ao pr dio que temos hoje com a j famosa sala de computador com 500 metros quadrados que tanta discuss o causou Eram previstas duas poss veis expans es sobre o estacionamento mantendo os carros embaixo ou ent o fazendo se um segundo andar nos blocos traseiros Pouca gente acreditava que este pr dio viesse realmente a ser constru do m
64. agem de prot tipos treinamento especializado e at mesmo a forma o de uma equipe t cnica que seria transferida para a ind stria juntamente com o produto A id ia era perfeitamente vi vel naquele tempo Devido ao continuo investimento que vinha sendo feito nas Universidades verdade sim houve um tempo em que o governo chegou a achar isso importante estas detinham uma quantidade razo vel de pesquisadores muito bem qualificados equipamentos tecnologicamente superiores aos do mercado e principalmente muita disposi o para trabalhar Na verdade uma pequena parte desses planos chegou a ser executada e que acabou resultando na consagra o da UFRJ e especificamente do NCE como centro pioneiro e de elite no desenvolvimento tecnol gico nacional e o que foi mais importante na cria o das condi es para o posterior estabelecimento das ind strias nacionais de inform tica A euforia tecnol gica era um fato quem n o queria sair para o doutoramento pelo menos ia fazer um est gio no exterior como o fizeram o Guilherme e o Mauro Freitas passando quase um ano na Alemanha O Jayme tinha h pouco embarcado para Newcastle visando inaugurar o time de doutores formados na Inglaterra ao passo que eu Miguel e F bio v amos chegar cada vez mais perto o dia de partirmos para Berkeley Visando minorar o sofrimento do pessoal que se afastava passei a editar o BINCE Boletim Internacional do NCE onde eu os mantinha informados sobre o qu
65. al que nesta poca j n o tinham v nculo nenhum com a Coppe Assim foi criada a p s gradua o em computa o e assim foi possivelmente criada a tradi o de assumirmos encargos de ensino sem termos v nculos ou como outros poderiam preferir dizer a tradi o de nos envolvermos naquilo que n o nossa obriga o Com rela o compra de equipamento o Ysmar foi muito mais entusi stico escreveu muito discutiu muito agitou muito O grupo se comprometeu firmemente a trabalhar neste sentido com o apoio do BNDE e do CNPq Logo depois foi convocada uma reuni o de todo o DCC para discutir qual deveria ser a m quina estavam no p reo um IBM 360 modelo 40 e um Burroughs B 5500 A reuni o foi realizada na subida da serra de Teres polis no Soberbo Campestre Clube em um domingo toda a equipe foi almo ar junta cada um pagando a sua conta e ap s uma boa discuss o resolvemos ficar com a IBM A nova m quina implicaria em vida nova para o DCQ vida nova n o bem o termo seria melhor dizer que acabou provocando sua morte e ressurei o Para dar suporte a essa m quina era preciso mais gente mais espa o e consequentemente mais dinheiro Essa quantidade de dinheiro come ou a assustar o prof Coimbra que logo imaginou uma maneira de como a Coppe pudesse usufruir do equipamento sem ter que arcar com o respectivo nus A UFRJ estava tentando se modernizar outras escolas al m da Coppe j come avam a precisar do computador
66. alvez eu possa voltar um dia mas mesmo que isso n o aconte a guardarei este tempo com muito carinho 27 Abre te S samo Em 1987 revi o prof Chan que era neto de um senhor da guerra a China feudal Nesta poca ele j havia trabalhado dois anos a convite da Rep blica Popular da China na tentativa de fundar uma universidade de elite com dinheiro americano mas n o deu certo Sabendo que ele era pintor nas horas vagas perguntei lhe por suas atividades art sticas Sabe Dr Franca em mais dois anos devo me aposentar e a pretendo me tomar um artista em tempo integral Puxa vida que barato E o senhor Dr Franca o que gostaria de fazer quando se aposentasse Quem sabe Acho que eu gostaria de escrever 28 Um senhor da guerra Warlord tinha tipicamente sua disposi o um ex rcito de cento e cinquenta mil soldados nr FE ATIIMTEPASTAREM QUEMDIRIA VMBANO PARTE XVII You must remember this A kiss is justa kiss A sigh is just a sigh The fundamental things apply As time goes by As time goes by Do filme Casablanca A GRANDE POT NCIA Era o m s de setembro de 1979 quando eu estava de volta Apesar de manter um contato constante com os acontecimentos e at mesmo de receber frequentes visitas dos colegas n o podia deixar de estranhar o que vi claro que os quatro anos seguidos que passei na Calif rnia me deixaram dois anos sentindo me um estranho no Rio de Janeiro
67. ambiente muito diferente do que eu podia esperar Sabendo que o professor Huskey que j havia visitado o Brasil v rias vezes estava l fui procur lo A cidade de Santa Cruz fica a cerca de duas horas e meia de Berkeley uma cidade bem pequena servida por uma praia pequena mas muito bonita O campus est a alguns minutos do centro e foi constru do nas colinas no meio dos pinheiros na verdade voc quase n o v os pr dios a n o ser de bem perto O departamento contava na poca com apenas oito professores todos les muito famosos na velha guarda l estavam por exemplo o Backus e o Huffman Havia muito poucos alunos de doutorado e por isso cada um d les era tratado com muito carinho tinha direito a uma sala e se lhes implorava que aceitassem uma posi o de professor auxiliar enquanto estudavam Al m disso Santa Cruz um campus experimental onde as notas n o s o dadas competitivamente e ficou bem claro para mim que os requisitos para o doutorado seriam bem diferentes dos de Berkeley n o exatamente mais f ceis mas sim sujeitos a menos incertezas Gostei do lugar dos professores do tipo de pesquisa que l se fazia tamb m fui informado que ficariam muito contentes se eu me mudasse para l Ent o nem tudo est perdido se eu me mudar para c talvez fique at mais satisfeito pensei comigo mesmo Aos poucos ia se aproximando a data fat dica do exame Miguel e F bio planejavam fazer o pr ximo exame isto e
68. an Nada disso o melhor e mais barato dar a miss o para um estagi rio obstinado Um belo dia o Comandante Roberto Rodrigues que n o parente do analista de mesmo nome entrou na sala e perguntou Qual de voc s que vive dizendo por a que entende de computador Eu Respondi prontamente quase juntando os cascos pensando nos meus tempos de Col gio Militar 5 Beremis Samir o calculista persa o Homem que Calculava personagem das historias de Malba Tahan Ah Ent o temos um trabalhinho para voc N s queremos fazer os c lculos das mar s por computador Tem aqui um artigo publicado no Boletim do Bureau Hidrographique Internationel j sacaram que o artigo era em Franc s que d umas boas explica es Leia e fa a o programa Consegui ficar sabendo que a altura do nivel do mar em um dado instante dada pela soma de v rias fun es peri dicas relacionadas com os movimentos da terra lua sol dentre outros se n o me falha a mem ria a formula h ho SOMA An Hn Sen Dn t onde ho exprime um nivel de referencia os An s o constantes astron micas que s o calculadas para cada ano os Hn s o constantes Harm nicas que s o diferentes para cada porto mas n o mudam com os anos e os Dn s o constantes de fase angular Todas essas constantes eram conhecidas o problema consistia em calcular os m ximos e m nimos da fun o o que poderia ser obtido achando se os zeros da fun o derivada e organizar os resulta
69. ando conta do play ground fazendo o lanche das crian as etc Uma vez por ano sobra tamb m um trabalho mais pesado pintar o muro as paredes consertar encanamentos instala es etc Quando chegou a hora escolhi passar um s bado pintando o muro A escola n o gratuita j que n o recebe nenhum subs dio e necess rio pagar o sal rio 2 das professoras e as despesas da escola mas como o esquema comunit rio n s estabelecemos o or amento e a nossa contribui o ali s isto que para mim o verdadeiro esquema comunit rio n s decidimos o que vamos fazer com o nosso dinheiro e n o o que vai ser feito com o dinheiro dos outros Quanto nossa participa o tanto o pai quanto a m e pode participar ficamos acertados que em geral a urea iria participar No entanto nas duas primeiras semanas e esporadicamente durante o ano eu mesmo tamb m fui trabalhar com muito gosto e acabei me realizando como contador de hist rias isso para n o falar no fato de que assim a minha experi ncia de ensino cobriu do maternal p s gradua o Lembro me que eu gostava especialmente do lanche que frequentemente era de torrada de p o de passas com mel YUMMY V rios colegas brasileiros que moravam na vila tinham seus filhos tamb m nessa escola isso permitiu tamb m que funcionasse um esquema de condu o para as crian as Um dos dias que eu estava trabalhando na escola observei um fen meno muito interessante Eu est
70. ar os computadores nunca foi poss vel contar com or amento os coordenadores tinham que batalhar pela grana diretamente no BNDE na FINEP e at mesmo no MEC O mesmo acontecia com o dinheiro para manter ou ampliar a equipe Periodicamente o NCE acusado de n o pertencer Universidade porque o seu pessoal age de uma maneira diferente Acho que no fundo este pessoal tem uma certa raz o O N cleo superou tantas fases e conseguiu se firmar t o bem confiando nica e exclusivamente no talento e dedica o de seu pessoal que s vezes fica dif cil renunciar a este orgulho pr prio Durante cerca de dez anos os projetos da rea de desenvolvimento e alguns servi os da atual rea de sistemas de informa o que iriam sustentar o grosso das despesas extra or ament rias do N cleo Que despesas s o essas Eu digo Para come ar conforme j foi dito cerca de 50 do valor do pagamento de pessoal era coberto com essas fontes Todas as despesas de viagens da equipe eram custeadas pelos conv nios rar ssimos casos se conseguia passagem da reitoria O papel de computador para falar a verdade acho que o higi nico tamb m fitas e cart es para uso pelos alunos e pesquisadores compra de telefones e central PABX aparelhos de ar condicionado para as salas as kombis com exce o da TP 07 que nos foi adquirida pela reitoria o conserto das kombis que nem sempre era poss vel fazer na garagem da Universidade os livros e revistas da n
71. as contando com um grande apoio do Prof Amaral Os rio Sub Reitor de desenvolvimento com quem trabalhava o H lio Gama a obra acabou indo em frente e acabamos nos mudando em 1974 Mas a luta para adaptar a Universidade inform tica teve seu pre o e o chefe j estava muito desgastado acabando por achar que com um novo coordenador o NCE voltaria a gozar de mais apoio In teis foram as tentativas que fizemos para dissuadi lo le acabou nos convencendo que a nossa verdadeira carreira era com a inform tica e o que le poderia fazer na Universidade j estava feito Al m do mais a Universidade um lugar de professores nenhum de n s era docente ent o e le n o se considerava mais disposto a fazer um doutoramento para conseguir manter a titula o necess ria era prefer vel mudar de ambiente 8 Mais tarde tomar se ia um de nossos Super her is PARTE IV Nada do que foi ser de novo do jeito que foi um dia Lulu Santos METAMORFOSE Apesar de que a Coppe j existisse ent o havia sete anos continuava em quase tudo sendo uma ilha dentro da universidade A UFRJ era quase que um senhorio que n o cobrava aluguel Com meia d zia de exce es todos os funcion rios eram pagos com recursos do BNDE e n o tinham v nculo com a Universidade todo o material de consumo material permanente e equipamentos eram tamb m custeados na ntegra pelo BNDE O NCE tinha o mesmo caminho como op o isto se isolar da Univers
72. as pessoas brilhantes que conseguiram conviver em harmonia o brilho de uma estrela n o ofuscando o das demais A chegada de novos grupos muitas vezes desequilibra a harmonia temporariamente e foi isso o que aconteceu Gente triste andando pelos corredores era o que mais havia a toda hora vinha algu m se queixar conosco de que n o tinha condi es para trabalhar a equipe era pequena os equipamentos escassos etc Como ent o explicar que os garotos mimados do grupo de hardware tinham tudo o que precisavam A discuss o desse problema consumiu todo o tempo livre que eu dispunha aqui sem que at a v spera do meu embarque eu conseguisse entender completamente o problema e chegar a uma solu o satisfat ria Pelo menos esse extenso di logo serviu para manter o grupo interessado em uma solu o e com um pouco mais de tempo as diferen as acabaram sendo acertadas Quanto a mim acabei embarcando de volta com mais uma incerteza Ser que at mesmo a amizade do grupo iria se esfacelar Foi nessa poca ent o que pensei na dedicat ria que consta deste pref cio porque eu cheguei a acreditar mesmo que este esp rito de coleguismo estaria perdido para sempre Eu estava errado Que bom que eu estava errado PARTE XIII OS SENHORES DA MAGIA O regresso para Berkeley foi meio desanimador Incerto era o que eu encontraria em Berkeley incerto tamb m era o que eu iria encontrar no Rio de Janeiro quando voltasse Eu teria agora mais dois meses
73. ativa respons vel pelo apoio administrativo Primeiro diretor H lio Salles Quem atendia aos usu rios Boa pergunta Esta tarefa ficou indefinida e em geral acabava na minha m o Esta defici ncia em nosso regimento s foi sanada bem mais tarde conforme veremos O coordenador segundo o regimento da UFRJ indicado pelo Reitor para todos os rg os suplementares o coordenador indicava os diretores de divis o e juntamente com les formava o Conselho Diretor rg o m ximo do NCE Apesar das falhas de nosso primeiro regimento ali s n o temos nenhum regimento aprovado at hoje a discuss o do mesmo formou uma equipe muito coesa e com perfeito conhecimento da institui o Um dos benef cios que tivemos da UFRJ foi nossa primeira kombi com seu motorista Murilo Durante algum tempo foi poss vel usar a kombi para nos pegar e levar em casa Mordomia Pode at ser mas o interessante que se ganhava mais duas horas de trabalho em cada dia j que a kombi era uma sala de reuni es m vel e ao chegarmos no NCE j t nhamos o plano de trabalho do dia As lutas que o chefe teve que enfrentar foram v rias e bem pesadas acho que a mais importante para n s foi a tabela de vencimentos Diversas foram as tentativas de acomoda o propostas pela reitoria que n o conseguia ver como implantar uma tabela diferente e muito menos como se poderia ter um funcion rio ganhando mais do que um professor Mais uma vez me convenci de que est
74. ava supervisionando a brincadeira no play ground quando vejo um carro da pol cia se aproximando e estacionando quase ao lado da escola O guarda abriu a porta e saiu caminhando em dire o casa vizinha Eu achei isso muito estranho Ser que houve algum problema nessa casa Um assalto Algu m em perigo Foram os primeiros pensamentos que me ocorreram Assim fiquei atento para ver o que acontecia O guarda tocou a campainha uma senhora abriu a porta deu um beijinho carinhoso no guarda que pouco depois voltou para o carro e continuou fazendo sua ronda A chave do mist rio raz o da minha dificuldade de entender o que se passava residia no fato de que l em Albany o guarda uma pessoa como a gente e que portanto mora na mesma vizinhan a que voc A profiss o de pol cia como outra qualquer voc escolhe ser professor o seu vizinho prefere ser guarda qual o problema Eu s sei dizer que eu fiquei muito mais tranquilo em saber que o policiamento de Albany era feito pelos meus pr prios vizinhos De um modo geral mesmo nas cidades maiores a pol cia um servi o p blico para ser usado e n o para ser evitado Qualquer crian a sozinha se tem algum problema recorre polida se o seu vizinho est dando uma festa que faz muito barulho voc chama a pol cia ou melhor o seu vizinho chama a pol cia para dizer que voc est incomodando se voc engui a com seu carro a pol cia chama o socorro pelo r dio Um di
75. b m a mudan a de instala es era urgente O projeto do pr dio novo estava conclu do apesar de nossos pedidos insistentes n o conseguimos dotar as instala es de um refeit rio pois o ETU argumentava que isto era proibido pela Universidade A obra j estava em andamento e mais dia menos dia estaria conclu da Com rela o expans o dos equipamentos o assunto nos preocupava mas ainda n o era o momento oportuno para uma discuss o mais s ria Apareceram no entanto algumas iniciativas de fabricantes de colocarem suas m quinas uma foi da CDC Control Data que estava se instalando no Brasil A iniciativa nos foi simp tica porque j conhec amos as caracter sticas dos Supercomputadores da CDC atrav s das aulas do Ysmar mas as negocia es n o prosseguiram Uma outra iniciativa que recordo foi a da CII que passo a contar A CII fabricante francesa de computadores estava se instalando no Brasil e fazendo uma investida muito firme de colocar suas m quinas Um dia vimo nos surpreendidos pela c lebre pergunta Voc s n o querem uma m quina de gra a Ao ouvir a nossa resposta de que estar amos dispostos a pensar no assunto o representante ficou at indignado Mas como A m quina de gra a e voc s ainda v o pensar Bem depois de uma s rie de reuni es e de ouvir o paneg rico da CII e do IRIS 50 a m quina proposta acabamos recebendo um manual t cnico e uma minuta de contrato explicando que a m quina seria in
76. beneficiado E assim armou se uma grande discuss o questionando se at mesmo se a IBM n o estaria ferindo a autonomia universit ria Schiffini acabou tendo que intervir muito sem jeito Pelo amor de Deus Quem somos n s para interferir com a autonomia universit ria Nossa inten o apenas de colaborar dentro do que a pol tica da companhia nos permite Se estamos agindo erradamente perd o estou pronto a retirar imediatamente a proposta se isto est causando algum preju zo universidade Mas isto n o foi necess rio Com algumas altera es o conv nio foi assinado com o atraso de alguns m ses Alguns milhares de alunos n o chegariam a usar este computador algumas pesquisas deixariam de ser feitas mas n o faria mal j que tudo seria feito da maneira certa Dizia a IBM que a m quina estaria aqui dois m ses depois da libera o pela SEI Essa m quina j est no papo pensei Depois de tanto tempo que estamos mendigando equipamento e a SEI n o consegue nos ajudar o m nimo que eles podem fazer aprovar imediatamente esse processo Mas infelizmente nossos amigos resolveram questionar a validade deste conv nio e o processo ainda teve de ficar v rios m ses parado Alguns milhares de alunos teriam forma o deficiente algumas pesquisas deixariam de ser feitas mas n o faz mal o mundo fica esperando pelo Brasil pelo menos o que f r feito se e quando f r feito s lo da maneira certa N o conseg
77. bricantes nacionais Bem mas que fabricantes nacionais eram esses Eles n o existiam Durante muito tempo todas as cambalhotas poss veis foram feitas tentando convencer grandes empresas a se transformarem em fabricantes de computador Voc s sabem aqui no Brasil existe a cren a de que voce s pode ser empres rio se descender de uma fam lia de empres rios Nada adianta o exemplo de nossos irm os lusitanos S foi poss vel dar partida no processo permitindo que cada fabricante comprasse a tecnologia do exterior para montar sua f brica al m do mais enquanto a f brica n o estivesse em condi es de produzir seria poss vel importar diretamente do fabricante original os minicomputadores e vend los no Brasil Sim claro esqueci de dizer que somente cinco empresas teriam autoriza o para funcionar neste esquema Assim alguns grupos de empresas resolveram se interessar Vejam voc s que o grande objetivo da reserva de mercado era assegurar a nossa auto sufici ncia em tecnologia sem gastar muito dinheiro Havia um compromisso de que as empresas se preparassem para que futuramente n o mais dependessem de importar tecnologia E justamente a que entrava o projeto da CPU sabendo que as empresas n o iriam investir neste desenvolvimento ter amos um projeto na manga do colete para oferecer quando o desespero surgisse Mas isso n o foi necess rio como as empresas esperavam o governo autorizou tamb m a importa o de tecno
78. canos n o nos permitem trabalhar aqui Raul Eles n o querem que voce tire a vez de um americano mas voce n o vai ter um emprego vai abrir uma firma Al m do mais voce n o precisa do dinheiro para sobreviver Porque voce n o consulta a minha advogada Bianchi Pode ser Qual a id ia Raul Esta Ao inv s de escrevermos um trabalho sobre as opera es internacionais vamos fazer essas opera es em nossa firma Vamos ajudar o nosso pa s e quem sabe ainda ganhamos alguma coisa Se n o der certo pelo menos vamos aprender muito com isso Que tal E assim foi criada a OEM Tudo come ou com uma visita Dra Dagmar Searle advogada especialista em imigra o A consulta me custou vinte d lares e foi a maior despesa que eu tive na instala o da companhia Expliquei a minha situa o e qual era a minha id ia frisei que o meu objetivo n o era conseguir dinheiro para me sustentar mas sim investir na forma o desta companhia que deveria continuar funcionando at mesmo depois que eu voltasse ao Brasil Veja a senhora que eu estou achando a id ia muito interessante e com grande chance de dar certo mas eu n o quero ter problemas com a imigra o N o vejo porque voce teria problemas Esse pessoal da imigra o deveria estar se ocupando com os milhares de casos flagrantes que andam por ai Voce na verdade vem a ser um exemplo daquilo que se ensina nas escolas como sendo a encarna o da iniciativa privada o
79. ceberam um pedido de aux lio financeiro para uma pesquisa pioneira no valor de cento e vinte mil d lares destinados a constru o de quatro prot tipos de aer statos bal es dirig veis Ser que este financiamento teria sido concedido E se tivesse sido ser que o pesquisador disporia de gente e de material para levar o projeto adiante Bem na verdade n o havia rg os financiadores nesta poca mas e se fosse alguma coisa equivalente hoje seria aprovada Ser que o t tulo de Engenheiro pela ent o Universidade do Brasil hoje UFRJ teria ajudado e uma p s gradua o na Europa Eu particularmente acho que o pedido ficaria rolando at os dias de hoje Felizmente o pai de Santos Dumont era muito rico e pode bancar os projetos do filho l na Europa j que le nunca teria conseguido levantar v o no Brasil Mas os dias foram passando e setembro foi chegando e com le o dia da separa o Vendi meus m veis meu carro e fiz minhas malas N o cheguei a ver o B6700 funcionando Em 1 de setembro de 1974 embarcamos eu com 28 anos urea com 26 Andrea com 5 e Ricardo com 3 via Varig rumo maior aventura de nossas vidas Ah sim algu m gostaria de me acompanhar Vem comigo PARTE VII O OUTRO MUNDO Quando cheguei Calif rnia e desembarquei no aeroporto de S o Francisco o sol brilhava num c u azul sem nuvens iluminando uma paisagem lind ssima Pensei comigo isso deve ser um sinal de sorte mas
80. cidiu suspender o projeto a esta altura j completo mas que seria obsoleto quando industrializado que a Finep viria a conceder um financiamento para document lo 30 Angek Haberfeld era a chefe do CPD 31 F tima e atualmente uma das secret rias da ASI Ali s como voc s j sabem quem gerencia o financiamento pesquisa e mesmo educa o pelo jeito acha que o resto do mundo vai muito certamente esperar por n s Tudo o que os alunos deixam de aprender tudo o que os dentistas deixam de pesquisar menos importante do que as grandes discuss es O projeto da CPU consistia em se desenvolver um computador de porte m dio compat vel com o PDP 11 70 da Digital Na proposta CPU era um Controlador de Perif ricos Universal e n o uma unidade central de processamento isto porque por causa do sistema de cart rios j se sabia que n o seria concedido financiamento para desenvolver uma CPU j que outro projeto destes j estava em andamento Alguns de voc s n o sabem mas a industria brasileira come ou mais ou menos assim Praticamente ningu m vendia minicomputador no Brasil j que estes eram uma novidade nos anos 70 Ai a CAPRE rg o do governo que coordenava a pol tica de computa o conseguiu proibir a importa o desses minicomputadores que somente poderiam ser vendidos por empresas brasileiras Foi assim criada a reserva de mercado isto a venda de minicomputadores no mercado interno ficava reservada aos fa
81. com todo o entusiasmo ficamos naquela roda viva perfura l pega listagem conserta erro perfura etc As 3 30 da manh tivemos nossa grande decep o o computador era desligado diariamente das 3 30 as 7 00 Assim seguimos o resto do per odo e a explico porque mais dif cil fazer cursos de gradua o na verdade n o a dificuldade mas sim carga de trabalho que muito mais pesada O pior que n o basta voc fazer seu trabalho bem feito porque um outro cara pode ter caprichado um pouquinho mais que voc e a le fica com A e voc com B sacou A competi o mesmo para valer Por isso ningu m besta de dar cola apesar de que muitas provas possam ser feitas em casa Para qu voc vai ajudar o outro a ficar com um A que poderia ser seu Para falar a verdade a li o deste primeiro per odo n o nos foi suficiente e acabamos nos inscrevendo em mais um curso de gradua o no per odo seguinte mas eu estava a fim de aprender l gica digital e ainda n o sabia como aprender sem fazer for a claro que poderia fazer o curso como ouvinte mas a eu n o poderia frequentar o laborat rio S muito mais tarde fiquei sabendo que se voc n o faz quest o de contar esse cr dito no seu m nimo ent o pode pedir para cursar sem nota o resultado somente aprovado ou reprovado Como eram as aulas em Berkeley O giz e o quadro negro s o do mesmo tipo que costumamos encontrar por aqui Alguns professores s o realme
82. correr e diante desta descoberta n o havia um minuto a perder Mas John tamb m n o viu isso Desceu alguns degraus porta da biblioteca de economia e administra o atravessou a pequena ponte de apar ncia artesanal sob a qual o c rrego de aguas transparentes e com fundo de pedrinhas parecia sussurar margem um violeiro ensaiava para seu exame uma melodia renascentista John passou sem ouvir Descendo em dire o Sproul Plaza atravessou o min sculo bosque de carvalhos centen rios que projetavam uma sombra m stica e permanente duas mo as de m os dadas se encaravam com afeto ou mais do que isso Seguindo ao lado do Barrows Hall onde fica a escola de administra o desembocou finalmente na Sproul Plaza onde a multid o era maior embora j come asse a rarefazer eram dez e dez e um novo tempo de aulas estava no in cio John virou esquerda e tomou a dire o da Telegraph Avenue Antes de atravessar a Bancroft John passou por diversas barracas onde se recolhiam donativos para ajudar as crian as abandonadas onde se colhiam assinaturas para protestar contra o aborto onde se recebiam alistamento para o CPOR e tudo o mais A cada canto um indiv duo se ocupava com o que na sua concep o e naquele momento era o problema mais importante do mundo John n o percebia nada disso nenhum problema era t o importante quanto o dele E assim John passou por tudo isso e n o viu n o p de ver nenhuma beleza pois que
83. curar um dos professores para orienta o j que n o tinha amigos a quem recorrer Professor Smith n o sei o que fa o Dei tudo de mim neste per odo e s obtive notas med ocres E o que voce esperava Nada pode ser mais apropriado para um aluno med ocre Nada disso Sempre fui o primeiro da minha turma nunca fui considerado menos do que excelente por nenhum professor fora daqui acho que alguma coisa n o esta indo bem E n o esta indo mesmo Voce n o se esfor ou o bastante pensa que a vida aqui moleza De onde voc veio afinal De Bakersfield Hum Bakersfield hum e encarou o pobre John quase da mesma forma que o faria com um cucaracha qualquer da America do Sul Minha escola l era muito boa e eu era o melhor O melhor n o o bastante para n s Voc sabe s os melhores alunos de cada escola da Calif rnia e que podem vir para c Agora trate de estudar mais ou voc acabar sendo jubilado para dar lugar a outro mais competente A conversa estava encerrada sem muito resultado O que fazer John segurava as l grimas enquanto trincava os dentes Um homem n o chora pensou Dirigiu se para os elevadores com o olhar focado no infinito Eram dez horas hora de final de aula e os corredores come avam rapidamente a fervilhar Abre se a porta o pobre John acompanha a multid o sem pensar quando deu por si j estava na porta do pr dio que dava para o Mining Circle Ainda sem saber que
84. de a m o de obra barata Interessante Os circuitos s o concebidos e projetados aqui nos EEUU porque ningu m sabe como se faz isso a mat ria prima o sil cio importada do Brasil e outros lugares purificada aqui e ent o usada para fabricar os chips que s o mandados encapsular no Brasil Mal sia etc Raul Mas ent o devia ser poss vel encontrar isso por l n o mesmo Bianchi Tem raz o Talvez o governo at pro ba a venda disso por l s para for ar a exporta o total mas de qualquer forma isso justamente o que interessa ao fabricante Raul N o entendi porque Bianchi Porque assim a f brica s vende para a matriz ao menor custo poss vel Vender ao menor custo significa pagar menos impostos ter lucro baixo etc Se houvesse comprador no pais le poderia chiar e dizer p ra a por esse pre o eu tamb m quero mas em geral o pr prio governo acaba ajudando a perder o jogo claro que quem vivo nem ao menos executa a parte final da fabrica o Por exemplo faz um carro mas n o faz as portas quem vai querer o carro sem portas S mesmo outra subsidi ria da mesma empresa Raul Isso est ficando interessante fale me mais sobre a ind stria de computa o Bianchi Voce sabe depois de muita conversa fiada acabou aparecendo alguma ind stria no Brasil Os meus amigos da universidade acabaram se cansando de tentar vender os projetos para a ind stria e resol
85. de dinheiro Pensaram em uma entidade sem fins lucrativos mas logo se viu que esta entidade n o teria lugar para concorrer com as outras empresas At mesmo a fabrica o dentro da universidade foi tentada e relativamente bem sucedida terminais feitos nessa poca foram usados por mais de dez anos pelos nossos usu rios e os microcomputadores POTI seguraram o processamento administrativo na subreitoria de finan as no hospital universit rio e no Minist rio da Ind stria e Com rcio Estava claro que o nosso grupo tinha a compet ncia para conceber projetar e at mesmo fabricar equipamentos que s estavam dispon veis atrav s de importa o mas como fazer para que estes equipamentos pudessem estar dispon veis ao p blico Acabou que j depois do nosso regresso a primeira alternativa acabou sendo aceita e foi fundada uma empresa a Embracomp mais tarde EBC contando com setenta acionistas Amauri foi o primeiro presidente e quem implantou de fato a empresa quanto ao problema do dinheiro para falar a verdade n o existiu j que em toda a sua hist ria a EBC s distribuiu dividendos aos acionistas uma nica vez O NCE de um simples CPD de universidade estava se transformando em um grande centro de desenvolvimento Era uma nova estrela que nascia At um pouco antes quando se falava em computa o s se consideravam a USP e a PUC RJ como capazes de fazer alguma coisa O nosso esfor o foi muito grande para mudar essa situ
86. diatamente E a ent o para que ficar mais quatro ou cinco anos na universidade se matando de estudar e gastando uma nota preta Assim o n mero de candidatos ao doutorado caiu bruscamente claro que assim tamb m caiu o n mero de candidatos ao exame preliminar Vejam agora a situa o do departamento Como j mencionei antes os exames s o competitivos isto apenas um ter o dos alunos aprovado de cada vez Com a redu o do n mero de candidatos para cerca de 20 apenas 6 passariam mantendo se a regra mas a les teriam que dispensar v rios candidatos muito bons que tinham justamente decidido continuar no doutorado ao inv s de irem para a ind stria E claro que a solu o l gica era esquecer a regra que les mesmos inventaram e que s faz sentido para lidar com grandes quantidades mas ao inv s disso a comiss o de exames resolveu obrigar todos os alunos dispon veis a prestarem o exame porque assim aumentando o n mero de candidatos aumentar se ia o n mero de aprovados logicamente os convocados entrariam pelo cano para que aqueles que j estavam preparados conseguissem passar simples n o guardem essa li o de pol tica universit ria pois ela lhes poder ser til um dia Esta tend ncia continuou e a obstina o em seguir esta regra sem sentido tamb m esteve presente no per odo seguinte onde havia apenas seis candidatos para o exame foi quando s v speras do exame encontrei o Arnaldo
87. didato e o pior que o imbecil do examinador escreveu isso no relat rio O resultado dos exames s o divulgados em menos de uma semana Os mestres que fazem parte de uma comiss o especial se re nem possivelmente volta de um caldeir o borbulhante contendo asas de morcego importadas da Transilv nia e decidem quem passa e quem n o passa Pelo que eu soube as notas do exame s o normalizadas e colocadas em ordem decrescente a ter a parte melhor colocada aprovada sem discuss o e a ter a parte pior colocada sumariamente reprovada Finalmente um n mero bem reduzido daqueles que ficaram na ter a parte do meio podem vir a ser aprovados caso j seja a segunda vez que estejam tentando o exame e caso as suas notas e recomenda es sejam muito boas E foi dessa forma com a bola totalmente murcha que fui chegando ao fim do meu primeiro ano em Berkeley Ser que eu passaria no pr ximo exame Ser que eu teria que 23 Glenda Borges tentar outra universidade Ser que eu deveria voltar ao Brasil e assumir minha incompet ncia Nessa poca Pacitti havia retomado universidade e era o coordenador do NCE Para matar as saudades e ver de perto o que acontecia no NCE as queixas que nos chegavam eram muitas pedimos para voltar nas f rias para trabalhar no Rio j sab amos que o coordenador era muito conservador com este tipo de despesas e ficamos aguardando ansiosamente entre marchas e contramarchas o dif cil andame
88. diretamente o seu ditador Assim acabamos tendo no gov rno n o quem elegemos mas quem certamente ter amos eleito se as elei es diretas houvessem sido realizadas Eu estava para completar o meu per odo de dois anos e era hora de cuidar da sucess o Elei es Talvez f sse o caminho mas eu temia a desagrega o decorrente do processo eleitoral Era necess rio manter a uni o Em uma comunidade relativamente pequena como a nossa o partid rio de A fala mal de B o partid rio de B acusa A e a mesmo que A e B sempre tivessem sido bons amigos acabam tendo atrito porcausa de palavras que nenhum dos dois pronunciou Mais grave que durante ou depois das elei es pode haver persegui o Tanto pode um bom funcion rio ficar exposto a excessiva vigil ncia e permanente desconfian a como um funcion rio relapso usar da diverg ncia pol tica para acusar o chefe de persegui o Porisso reuni todo o pessoal convocando para da a poucos dias uma elei o sem candidatos Isto cada um preenchia a c dula com o nome de tr s pessoas que ele indicaria para coordenador N o havia candidatos cada um escolhia as tr s pessoas que mais lhe interessassem Dessa forma pode at ter havido campanha para valorizar algu m apesar do prazo t o curto mas n o foi poss vel haver campanha para prejudicar ningu m j que n o havia advers rios O resultado desta apura o foi encaminhado ao Conselho Diretor para a indica o do pr
89. dos em uma tabela Parece f cil n o Depois de estudar o artigo e de conversar algumas vezes com o Comandante Emmanuel Gama de Almeida da Diretoria de Hidrografia e Navega o ainda arrumei o computador para os testes mediante um acordo entre o IPgM e a Coppe Viram Isso que era estagi rio S faltava agora fazer o programa funcionar Eu me lembro da primeira vez que fui rodar o programa Miguel me disse Est pronto Ent o vamos ligar a m quina e passar o programa para voc ver os erros Fiquei pau da vida que erros Ora essa ent o o Miguel acha que eu fa o programa errado Ent o eu n o aprendi Ainda bem que como ainda meu costume pensei mas n o disse Isso me poupou o vexame que as aproximadamente vinte e cinco mensagens de erro resultantes confirmariam o primeiro programa foi como um primeiro amor porque naquele tempo quando se aprendia a programar n o se tinha oportunidade de fazer o programa funcionar assim nunca fiz programas de exerc cio para aprender a primeira experi ncia foi mesmo pra valer durante pouco mais de um m s eu s pensava nesse programa nas mares e nas sen ides como tirar um erro como fazer o programa rodar mais depressa como simplificar N o sei se quem consegue aprender aos poucos com mais exerc cios e uso farto de computador tem sido capaz de viver essa mesma paix o j que ao se envolver de fato com uma programa o j conhece melhor as verdades da vida
90. e agora tamb m a administra o da Universidade precisava dele Porque ent o n o transferir o equipamento pessoal e toda a infraestrutura que j estava funcionando para o rg o de computa o que a universidade queria e precisava criar Assim estava escrito no estatuto da UFRJ e assim foi feito Em setembro de 1970 foi liberado um suprimento para ser gerido pelo prof Denis Fran a Leite coordenador do N cleo de Computa o Eletr nica PARTE HI GENESIS No in cio era o caos Durante o ano de 1970 nenhum assunto era t o preocupante quanto a nossa passagem para a Universidade O medo da burocracia e do envolvimento com a UFRJ era de arrepiar os cabelos Como esperar papel nas impressoras quando n o havia nos banheiros Como esperar um sal rio justo se os professores ganhavam menos do que n s Estas eram algumas das quest es que se punham nossa frente O pr prio chefe desconfiava de uma miss o imposs vel e considerou seriamente mudar de emprego pois afinal le assim como n s era um profissional de computa o e n o um funcion rio p blico Cedo se percebeu que a mudan a era irrevers vel e enquanto a burocracia seguia sua marcha implac vel o grupo ia se estruturando para a mudan a J est vamos instalados no Bloco B do Centro de Tecnologia j disp nhamos do 360 40 al m do 1130 foi contratada uma secret ria para o chefe Lie D a e a Dona Lygia para atendimento ao p blico Foi tamb m contratado u
91. e como me explicaram depois est vamos usando o mesmo c digo Mas tamb m me explicaram que os terminais poderiam ser compat veis apesar de usarem c digos diferentes 16 Nome do fabricante do referido terminal PARTE VII SEPARA O A empolga o com o desenvolvimento tecnol gico estava cada vez maior e acabou por ati ar a vontade j antiga de seguir para o doutoramento no exterior ou mais especificamente na Calif rnia Porqu a Calif rnia Bem este foi um caso escandaloso de amor a primeira vista e que me custou dois anos de sofrimento at conseguir o perd o do Rio de Janeiro quando voltei Minha vida j come ava a ficar estabelecida Eu vivia contente com o meu trabalho e com minha fam lia mor vamos em um bom apartamento e n o t nhamos grandes raz es para querer mudar Por isso n o foi muito f cil justificar esta viagem Afinal para que enfrentar o desconhecido viver pelo menos quatro anos fora e correr toda a esp cie de riscos quando tudo ia t o bem A justificativa mais racionalmente aceita era relacionada ao fato de que isso seria importante para a minha carreira Afinal eu trabalhava em uma universidade onde o preparo t cnico e cient fico era sumamente importante a corrida para o desenvolvimento requeria mais e mais pessoas qualificadas a desenvolver pesquisas e projetos Eu tinha a forma o necess ria e poderia ter os recursos de que precisasse ent o porqu n o ir Para a urea os ar
92. e computadores com 500 metros quadrados um subsolo para m quinas paredes ocas para passagem de cabos muitas salas para pessoal salas para usu rios e rea de expans o O pr dio que ocupamos hoje Pol tica de Pessoal A quantidade de pessoas que trabalhavam no N cleo tamb m cresceu rapidamente e a nossa preocupa o de manter o ambiente de trabalho o entusiasmo e a dedica o institui o foi ficando maior Continuamos a fazer um grande esfor o para oferecer uma carreira atraente para os estudantes que poderiam come ar como operadores ou programadores e progredir de acordo com sua capacidade facilitando inclusive seu acesso p s gradua o O mesmo tipo de preocupa o havia com os funcion rios administrativos cujo n mero j era significativo Eu e Couceiro fizemos uma primeira tentativa de organizar uma carreira circulante para o pessoal t cnico Nosso objetivo era fazer com que o funcion rio pudesse passar por diversas fun es diferentes antes de se especializar A id ia simples de explicar mas dif cil de p r em pr tica consistia em se admitir somente na opera o e for ar um caminho do tipo consultoria programa o operador s nior suporte etc Nesse tempo como o grupo ainda n o era t o grande e como o recrutamento de pessoal era mais ou menos uniforme chegamos a conseguir alguns resultados Os funcion rios tinham uma forma o mais variada e t nhamos uma boa flexibilidade de remanejamento Ma
93. e a id ia de que talvez n o houvesse vaga nas escolas p blicas a documenta o n o estivesse em ordem etc Recebi ambas as respostas Berkeley me mandou uma xerox esclarecendo que estaria tudo bem e que eu deveria procur los assim que eu tivesse um endere o em Berkeley pois s ent o poderiam designar uma escola Albany no entanto foi muito mais sutil recebi uma carta pessoal do superintendente de ensino p blico de Albany n o s esclarecendo todos os procedimentos que seriam necess rios mas principalmente manifestando a grande satisfa o de ter recebido minha carta que demonstrava uma grande preocupa o com a educa o de meus filhos No NCE come vamos a desenvolver o PRETEXTO com todo o g s A equipe de alt ssimo n vel contava com o Laerte Paulo VII e o jovem Pedro Manoel mais tarde eu e Miguelzinho achamos por bem alocar a Eliana Barros localizando a na mesma sala do Paulo VII N o sei se les ficaram sabendo que esta decis o foi bem pensada Nesta poca at se podia acreditar que houvesse um esfor o sincero por parte do governo de desenvolver a tecnologia nacional Os rg os financiadores estavam realmente atr s de projetos que pudessem ser industrializados e faziam o poss vel para liberar r pida e integralmente os financiamentos solicitados O nosso grupo que contava com uma forte motiva o de elaborar projetos industrializ veis come ou a despontar e a obter prestigio O investimento feito na
94. e de se criar uma p s gradua o em computa o na Coppe A seu ver n o havia gente suficiente com qualifica o e le mesmo n o se sentia qualificado O Denis que teve que p r lenha na fogueira para que a id ia fosse levada ao prof Coimbra infelizmente muito pouca gente levava computa o a s rio naquele tempo Achavam que havia pouca coisa a ser estudada ou ent o que muito pouca gente estaria interessada no assunto vejam s Por isso os poucos cursos de computa o na p s gradua o Organiza o de Computadores Linguagens de Programa o e Compiladores continuaram a ser oferecidos dentro do Programa de Engenharia El trica pelo nosso pessoal Como resultado do esfor o de todo o grupo em geral e do chefe em particular acabou sendo criado mais tarde o programa de Sistemas e Computa o Qual n o foi o nosso desapontamento ao descobrir que na proposta em vigor a computa o continuaria dentro do programa de Sistemas do mesmo modo que estava dentro do programa de El trica isto um mero ap ndice da rea principal que mudava de eletricidade para sistemas N o seria poss vel criar outro programa em menos de tr s anos e seria muito dif cil mudar esta proposta Restou ao grupo a obstina o de trabalhar dentro das regras para expandir a nossa rea de interesse Mas mal ou bem a semente estava lan ada e nos encarregamos de cultiv la dia ap s dia Todos os cursos de computa o eram dados pelo nosso pesso
95. e desta estrat gia continua sendo adotada at hoje e um n na garganta dos pesquisadores com rela o reserva de mercado E porqu est vamos n s t o interessados na ind stria nacional Talvez seja f cil de perceber que uma das motiva es estava relacionada com a possibilidade de termos muitos projetos que poderiam ent o custear a opera o do NCE Por m para cada um de n s era relativamente frustrante a situa o antes do aparecimento da ind stria porque todo o trabalho sofisticado e desafiante era feito no exterior Todos n s gostar amos de mudar essa situa o este trabalho foi feito Hoje como voc s sabem n o s trabalha apenas em vendas ou em aplicativos resta saber por quanto tempo 71 E assim sa passaram quam diria vinis anos A GUERRA DAS ESTRELAS O grupo de desenvolvimento estava com a bola toda de praticamente inexistente um ano antes contava agora com uma grande equipe meia d zia de projetos e frequentes coberturas da imprensa especializada O modo de trabalhar com seriedade aten o aos prazos e qualidade foi muito bem absorvido do restante do grupo Mas a doutrina o constante de que o trabalho de desenvolvimento quem ia tirar o Brasil do buraco acabou por originar algum atrito com as demais equipes Ali s esta uma observa o muito f cil de ser feita mas dif cil de ser corrigida Cada um pensa que o seu pr prio trabalho o mais importante O NCE sempre contou com muit
96. e ia acontecendo no nosso querido N cleo Neste instante tendo em minhas m os o exemplar de dezembro de 1973 tenho a emo o de passar para voc s algumas das noticias quentes NCE CONTRATA SEU PRIMEIRO PROJETISTA DE HARDWARE que foi o ber Schmitt MICROLAB INDUSTRIALIZAR O PONTO FLUTUANTE NOVO QUADRO DO NCE APROVADO NO MEC neste novo quadro as vagas haviam sido expandidas e a tabela acrescida de mais alguns n veis Imaginem a nossa satisfa o Como voc s sabem n o pudemos parar por a e periodicamente era necess rio pleitear um novo quadro TITULO DE PROFESSORES AOS ANALISTAS DO NCE devido intensa colabora o prestada pelo NCE ao Instituto de Matem tica a congrega o do mesmo aprovou que os analistas do NCE fossem considerados professores do departamento de Ci ncia da Computa o Em abril de 1974 o BINCE anunciava NCE ADQUIRE COMPUTADOR FRANCES DA CII este foi o meu trote de primeiro de abril para os leitores PDP 11 10 NO GALE O Chegava assim a m quina que seria usada para desenvolver o PRETEXTO PONTO FLUTUANTE O BNDE estava acabando de confeccionar o contrato de financiamento que resultaria em Cr 600 000 00 para o NCE e outro tanto para a Microlab referente a compra de 5 unidades AUX LIO DO MEC o departamento solicitou um aux lio ao MEC para implantar o curso de inform tica com rapidez incr vel foi concedido um aux lio durante 3 anos O quadro de pessoal do NCE m
97. e me eram impingidos eu podia agora me dedicar a aprender aquilo que realmente me interessasse isto porque agora eu deixava de ser um aluno qualquer e passava a ser um que no entender do departamento tinha condi o de ser doutor Eu achava que a minha miss o no mundo era contribuir para a ind stria brasileira de Inform tica eu entendia que s conseguiria algum sucesso se eu tamb m me dedicasse a aprender assuntos como economia produ o administra o e coisas do g nero Eu sabia tamb m que deveria ter duas reas de interesse secund rias al m da computa o e porisso escolhi uma rea em Economia e Administra o e outra em Engenharia Industrial e Otimiza o A pr xima etapa seria o Exame de Qualifica o que felizmente n o tinha data marcada planejei para um ano adiante e apesar de ser esperado um exame dif cil n o se objetiva reprovar o candidato E assim a vida voltou com o mesmo entusiasmo que no dia em que eu havia chegado a Berkeley Voltei a perceber que o mundo tinha cores at nos dias de chuva do inverno Berkeliano e que nele habitavam esquilos passarinhos e at mesmo pasmem pessoas As incertezas amea as e fossas foram prontamente esquecidas mas a li o de humildade se que alguma vez tivesse sido necess ria teve efeito permanente Na vila de Albany onde mor vamos conseguimos reorganizar o Volleyball aos s bados tarde e por isso resolvi me inscrever no Volleyball iniciante
98. e meio para me preparar para o exame e agora seria a ltima vez A me ocorreu o pensamento que h muito me rondava a consci ncia mas s agora vinha deliberadamente tona E se eu n o passasse Essa quest o que nunca na vida considerei com import ncia fazia agora muito sentido porque agora eu sabia que ser bom n o era o suficiente era preciso ser melhor do que os outros para passar Preocupa o um tanto rid cula nessa idade n o mesmo Muito bem e se eu n o passasse Uma primeira alternativa seria arrumar as malas e voltar Alternativa n o muito atraente pois al m de desprezar o consider vel investimento que eu j havia feito eu teria de voltar ao ambiente tamb m incerto em que vivia o NCE Fora as preocupa es que o departamento me dava eu estava muito satisfeito com a vida em Berkeley e a minha fam lia tamb m estava curtindo essa vida Uma segunda alternativa seria mudar para uma outra universidade e recome ar o trabalho a princ pio achei que uma vez rejeitado em um lugar seria muito dif cil ser aceito em outro mas depois vi que n o era bem assim Descobri ainda que se eu me transferisse para algum outro campus da mesma universidade ent o todos os cr ditos e o tempo de resid ncia continuariam sendo v lidos apenas o exame teria de ser refeito Por isso escrevi para Los Angeles e por isso tamb m resolvi visitar Santa Cruz A visita ao campus de Santa Cruz foi surpreendente porque l encontrei um
99. e uma conven o geral adotada em toda a universidade de que o hor rio de in cio da aula sempre dez minutos depois da hora marcada isto uma aula marcada para as 9 horas come a s 9 10 isto realmente necess rio porque voc pode ter uma boa dist ncia a percorrer existem ladeiras escadas e filas de elevadores tamb m entre uma aula e outra Voc tamb m n o precisa ali s nem pode se inscrever antes de assistir a aula Durante as duas primeiras semanas de aula voc vai a aula que quiser v se gosta do assunto se simpatiza com o professor e tudo o mais a ent o voc se inscreve onde quiser A Universidade por sua vez est pouco ligando para quantos alunos v o aparecer As mat rias que t m muito p blico s o normalmente oferecidas em v rios hor rios em locais distintos e com professores diferentes esperando se que os alunos escolham sua vontade As vezes uma turma fica cheia demais se for poss vel arruma se uma sala maior sen o azar quem quizer que mude de turma Voc principalmente sendo aluno de p s gradua o goza de uma relativa liberdade de se inscrever nos mais variados cursos oferecidos pela universidade Com exce o de algumas mat rias restritas a cada curso profissional pr tica da escultura pr tica de instrumentos musicais desenho de modelos vivos etc para as quais necess rio pertencer ao pr prio departamento voc pode se inscrever em qualquer disciplina oferecida em qualqu
100. ecialistas em inform tica Uma das primeiras indaga es que tivemos foi Como que voc s fazem para pagar um sal rio razo vel ao pessoal de computa o O Bruce do ITA e o professor H lio Guerra Vieira n o entendeu muito bem a raz o da pergunta mas acabou nos explicando que o problema de pagar gente competente era o mesmo tanto na computa o como na medicina na engenharia ou qualquer outra rea de conhecimento Por isso se a Universidade realmente quisesse ter gente boa tinha que pagar alguma coisa pr xima do que o indiv duo valia no mercado Assim a Universidade de Stanford consultava periodicamente as listas de sal rios nas v rias carreiras e procurava ajustar os sal rios dos funcion rios e dos professores dentro do que a sua especialidade estava valendo externamente A Universidade nunca pagava o m ximo do mercado mas sempre pagava acima do m nimo Mas ent o s rio mesmo que a universidade se esfor a para manter o melhor pessoal Mas claro Como voc acha que Stanford conseguiu essa reputa o Al m do mais a grande fonte de renda da universidade que particular vem de contratos e 9 O Brigadeiro professor Tercio Pacitti reitor do ITA e o professor H lio Guerra Vieira reitor da USP doa es para pesquisa e desenvolvimento A universidade n o teria condi es de produzir resultados se n o estivesse com as melhores pessoas e boas instala es Se n o tiv ssemos condi es de produ
101. eira vez que consegu amos o apoio da pr pria Universidade que nesta poca j n o era rica para desenvolver pesquisa em inform tica Tamb m nos rg os oficiais a recep o foi boa Nesta poca ainda n o estavam formadas as empresas de inform tica e o pr prio BNDE e a rec m criada DIGIBRAS ainda viviam catando no tapa os empres rios que quisessem se aventurar na computa o O sinal verde para financiamento foi dado quase que imediatamente ficou faltando mesmo era a empresa que industrializaria o produto S depois de muito esfor o foi estabelecido o contato com a Microlab que finalmente se tornou nossa parceira neste projeto Foi mais ou menos ent o que o Ivan deu uma forma final s diretrizes para desenvolvimento de projetos que permaneceram em uso at h bem pouco tempo no NCE mas que a bem dizer ainda n o foram formalmente modificadas Explico com minhas palavras uma boa parte dessas diretrizes que voc s poder o consultar formalmente no original se assim o desejarem Defini o de Pesquisa Em primeiro lugar estabelecia se que tudo aquilo que a ind stria nacional n o estivesse capacitada a fazer constitu a mat ria de pesquisa Isto se contrapunha ao conceito usual de que o objetivo do pesquisador era o de avan ar o n vel de conhecimento humano no 15 A j extinta empresa Eletr nica Digital Brasileira Digibr s foi criada para incentivar o aparecimento de empresas de inform tica podendo atuar
102. eitas somente entre subsidi rias da mesma empresa Raul A matriz estabelece o pre o que for conveniente Bianchi Porisso a filial de uma multinacional contraria uma das premissas mais importantes da economia Ela n o obt m o lucro m ximo Raul E Bianchi E a a teoria econ mica diz que se os consumidores procuram obter o m ximo de satisfa o e as empresas procuram o m ximo de lucro ent o a m o invis vel nos leva a uma situa o onde todos ficamos da melhor maneira poss vel mas se n o verdade que a empresa procure o lucro m ximo acho que at mesmo quem leva essa conversa a s rio deveria ficar desconfiado Raul Voce tem raz o agora voltando a id ia inicial voce estava querendo escrever um trabalho Bianchi Pois acho que n s poder amos escrever um trabalho explorando essas falhas do sistema para que o papel das multinacionais fosse melhor entendido Raul Mas voce n o acha que muita gente j falou sobre isso Para que fazer mais um artigo Bianchi Mas ai que est Tudo que eu j li at hoje apela para sentimentos suspeitas nada cientificamente comprovado Alguns taxam as multinacionais agentes nocivos do imperialismo outros as louvam como mensageiros divinos que levam empregos e tecnologia avan ada aos mais distantes confins Na verdade o que precisamos fazer com que as pessoas entendam o que uma multinacional e qual o comportamento que razo vel
103. el Lewis hardware e o Ronald Danielson Software os demais eram de engenharia el trica Pelas raz es j expostas a universidade decidira desenvolver a rea de computa o expandir o n mero de professores e de laborat rios Foi mais um caso de amor primeira vista Os professores eram muito simp ticos o lugar muito agrad vel e o trabalho prometia muita coisa No dia da entrevista dei minha palestra conversei com todos e fomos almo ar S no fim do dia revendo o prof Chan que me lembrei de perguntar qual seria o trabalho e o pagamento Infelizmente o que eles estavam procurando era algu m para lecionar o equivalente a Computa o I e o pagamento n o era l essas coisas mas o prof Chan fez quest o de dizer que este emprego era para uma pessoa menos qualificada do que eu e que eles estariam interessados em me fazer uma proposta Al m do mais Sr Franca s teremos este empr go por um ano Eu sei Na verdade o quanto basta pois preciso voltar ao Brasil no ano que vem quando terminar minha tese Isso timo porque coincide com o nosso interesse Por outro lado gostaria de saber que tipo de trabalho o Sr estaria mais interessado em fazer Bem eu gostaria muito de aproveitar este meu ultimo ano para trabalhar mais com microprocessadores que uma tecnologia recente Eu gosto de arquitetura de sistemas operacionais mas posso ajudar em outras coisas tamb m Certo Sr Franca quero em nome do de
104. elecemos para os americanos como uma empresa americana o que de fato n s ramos mesmo que fabricava partes de equipamentos de computa o Esta postura n o poderia ter sido melhor Os fabricantes e distribuidores americanos n o nos teriam tratado da mesma forma se soubessem que ramos exportadores n o nos dariam cr dito n o garantiriam prazos de entrega n o nos dariam descontos nem literatura t cnica Quando foi lan ado o primeiro micro de 16 bits o 8086 recebemos um convite especial para a palestra de lan amento com direito a todos os manuais rec m impressos A informa o n o teria chegado universidade t o depressa Em poucos meses t nhamos uma linha de cr dito de pelo menos mil d lares em cada um dos principais distribuidores t nhamos o desconto de quantidade mesmo para comprar duas ou tr s pe as o frete passava a ser pago pelo fornecedor e as faturas eram emitidas para vencer em trinta dias T nhamos condi o de localizar qualquer pe a que existisse em estoque e entregar em vinte e quatro horas em qualquer ponto dos EEUU gra as ao Federal Express Al m do mais pod amos nos dar ao luxo de somente fornecer componentes de primeira linha isto devidamente testados e garantidos pelo fabricante Como voc s podem ver o estabelecimento da infraestrutura nos EEUU foi simples Estabeleci correspond ncia com quase todas as empresas de inform tica que estavam se criando no Brasil colocando a OEM devices d
105. em que estar presente Zadeh o nico professor do departamento que tem algum conhecimento da teoria econ mica que pretendo utilizar porque usar um outro professor N o interessam suas raz es esta banca eu n o assino Chame o Prof Smith le jovem e ser uma excelente escolha Fa a isso e encerramos o assunto Sinto muito mas isso n o ser poss vel depois do trabalho que me deu para juntar essa banca terei pelo menos de me desculpar com o prof Zadeh Ao sair dali percebi que eu podia estar agora metido em um bruto problema Eu sabia da exist ncia de muitas fofocas e brigas no departamento mas como tamb m acontece em outros lugares os grandes mestres n o se confrontam diretamente ao inv s disso cada um procura derrubar os alunos dos outros para deix lo sem produ o Eu j havia tido not cia de v rios casos de alunos imprensados no exame de qualifica o devido a brigas entre figur es E o mais importante que em geral os pr prios figur es n o se metem arranjam um professor mais jovem para fazer o trabalho sujo Eu n o estava disposto a servir de marisco nessa briga e sem saber o que fazer fui falar com o meu grande mestre o prof RAM 25 N o pensem que s em Berkeley nem s nos EEUU e nem somente com alunos que se faz isso Disse lhe textualmente que o objetivo do Parlett era barrar le e o Zadeh que eram tidos como professores muito f ceis que eu achava isso um absurdo pois afi
106. encionado em BINCE anterior estava aprovado tamb m PRETEXTO A CAMINHO DA OEA Pela primeira vez foi identificada a OEA como fonte de financiamento e um pedido de US 180 000 00 foi solicitado para dar andamento em alguns projetos onde se inclu a o PRETEXTO Este mesmo projeto inclu a algumas bolsas de estudos que permitiram n o sem dificuldades a ida do Fabio e do Miguel para Berkeley Finalmente em junho de 1974 eu anunciava que o B6700 estava no Gale o que o Newton Faller estava sendo contratado para o NCE que o Ysmar viajava Alemanha para discutir o incremento de intercambio t cnico que eu tinha defendido a minha tese de mestrado etc Esta era a grosso modo a situa o em 1974 a comunidade cient fica cheia de esperan as e de incentivos e mais do que tudo sentindo se extremamente necess ria ao pa s e n o medindo esfor os para dar conta do recado estes seriam os nossos anos dourados Infelizmente como todos sabemos o ritmo de investimentos foi decrescendo at que a Universidade veio a perder uma grande parte de seu pessoal qualificado deixou de renovar seus equipamentos e passou a ter muito pouco em que ajudar a ind stria muito pelo contr rio Antes por m de encerrar esta parte da hist ria quero deixar para voc s um exerc cio de imagina o que espero poder ajud los a entender melhor o pa s em que vivemos Imaginem se no ano de 1898 isto quase noventa anos atr s e suponham que voc s re
107. enderia n o somente do seu desempenho no exame mas tamb m das suas notas recomenda es e etc E ainda tinha mais se voc n o passar ainda pode tentar uma segunda vez Parece f cil n o Pois eu tamb m pensei Eu falhei em compreender que o objetivo do exame era reprovar gente e selecionar apenas quem se sa sse melhor independente da qualidade daqueles que seriam rejeitados S percebi este erro quando j era tarde demais isto depois de ver os resultados Eu pensava que o exame era mais uma esp cie de confirma o das caracter sticas do candidato como eu havia obtido boas notas em todas aquelas mat rias n o me preocupei Alguns dias antes do exame eu estava reunido com alguns colegas em minha casa curtindo o simp tico vinho da Calif rnia Eu estava totalmente descontra do arrumando v rias distra es para os dias que antecediam o exame sempre foi meu costume fazer exame de cuca fresca ao passo que meu colega dizia uma pena que eu n o vou poder acompanhar voc s porque esta semana vou ter o exame e vou ficar todos os dias estudando at tarde 22 Always look at the biight side of lile 64 E assim se passaram quem diria vinte anos P ra ai disse a Glenda do mesmo exame que voc s dois est o falando Como pode um estar t o preocupado e o outro n o estar nem a f cil de entender Glenda eu respondi A diferen a que le vai passar e eu n o Quase que eu acertei
108. ensando bem n o haveria uma terceira alternativa Ser que n o havia ningu m na Col mbia de acordo com a constru o do canal Ser que n o seria poss vel localizar essas pessoas e estabelecer uma coopera o m tua N o deve ter sido muito dif cil e n o foi muito caro Cem mil d lares parecem ter sido suficientes para financiar uma revolu o dividindo a Col mbia e fazendo surgir um novo pa s o Panam inteiramente de acordo com a constru o do Canal O investimento que n o era nada comparado com os trezentos e oitenta milh es de d lares necess rios constru o foi rapidamente recuperado A partir da fica mais f cil entender porque a CIA como tamb m a KGB se envolvem em assassinatos pol ticos Simplesmente porque o meio mais econ mico de contornar algum problema pode ser este Ali s o pessoal da HA n o gosta de ser chamado de assassino eu assisti na televis o americana uma entrevista com diretores da CIA que preferiam usar o termo elimina es necess rias j que afinal de contas o agente estava trabalhando pelo bem do pais como foi o caso nas diversas tentativas fracassadas contra o Fidel bem como em outras mais bem sucedidas ao redor do mundo Essas foram as palavras do entrevistado n o s o minhas Voc s podem imaginar que minha primeira indaga o foi qual o pre o da reserva de mercado de inform tica Seria certamente f cil de calcular x k k A nova luz trazida pela escola de
109. er escola e at mesmo em outro campus bastando que o orientador rubrique sua inscri o o que n o nenhum problema Por essa e por outras raz es n o existem turmas especiais de acordo com a carreira quando eu quis aprender economia fui assistir aulas junto com o pessoal da administra o o que me permitiu n o s saber o que les sabem mas tamb m saber como les pensam N o existe separa o entre gradua o e p s gradua o Voc pode fazer cursos de gradua o se f r o seu interesse o curso de gradua o muito mais dif cil c entre n s a nica restri o que existe um n mero m nimo de cr ditos que devem ser obtidos em cursos de p s gradua o A grosso modo as regras para o doutoramento no meu tempo eram as seguintes No m nimo 2 anos de resid ncia No m nimo 50 cr ditos No m nimo cerca de 30 cr ditos referentes a p s gradua o Duas reas de interesse secund rias fora da sua rea de interesse principal com no m nimo 12 cr ditos em cada uma Aprova o no exame preliminar Aprova o no exame de qualifica o Aprova o da tese No primeiro per odo me inscrevi num curso de Arquitetura de Computadores pos gradua o e num de Sistemas Operacionais Gradua o No curso de arquitetura fiquei sabendo que o meu vizinho de porta Ken Carlock sobre quem voltaremos a falar mais tarde estava no mesmo departamento Fizemos este e outros cursos juntos o q
110. ferno de Dante em A divina com dia que a Universidade estava acostumada trouxe como consequ ncia a forma o de t cnicos em n veis t o elevados como nas escolas estrangeiras uma lei universal que em tudo h uma tend ncia ao equil brio e a grande expectativa era de que aos poucos a nova mentalidade ou veneno segundo alguns trazida pela Coppe se espalhasse pela Universidade Havia logicamente tamb m o temor de o ambiente do restante da Universidade acabasse predominando a longo prazo O apoio do BNDE era dado diretamente ao pesquisador o prof Coimbra e n o dependia em nada da UFRJ Nenhum dos professores nem dos funcion rios tinha contrato de trabalho com a Universidade para n s do DCC esta situa o se manteve at 1972 quando foi criado o quadro do NCE e olha que a Coppe ainda continuava na mesma situa o A vida neste ambiente quase que de fantasia era muito excitante para quem estava come ando como eu e acho que este impacto t o cedo na carreira fez com que todos n s continu ssemos tentando manter um ambiente ideal de trabalho pelo resto da vida No DCC ningu m se tratava de senhor e o grupo todo era muito unido Foi nessa poca que estava sendo lan ada a la edi o do FORTRAN do Pacitti eu e Miguel passamos um bom tempo elaborando os anexos para que a edi o sa sse mais depressa Chegando o fim de 1967 o DCC passou a contar com mais um estagi rio Luiz Antonio Couceiro e em seguida com
111. gente que se aborrece com isso Este portanto o prop sito do jogo da vida Cada um procura maximizar a sua utilidade mas frequentemente impedido por um outro que est cuidando de aumentar a sua pr pria utilidade dai deve se chegar a um ponto de equil brio onde cada um est no m ximo que conseguiu Tamb m foi nessa poca que entendi melhor como se estudam os grandes problemas econ micos e passei a entender melhor a teoria dos americanos de que cada coisa tem seu pre o Vamos supor que voce transporta passageiros entre Juazeiro e Quixeramobim a voce calcula que o m ximo que voce consegue faturar por m s s o quinhentos dinheiros j que existem leis limitando a velocidade nas estradas e proibindo levar mais de quatro passageiros Se voce pudesse apertar seis passageiros e correr mais na estrada a seria poss vel faturar setecentos e cinquenta Voce n o precisa ser doutor para concluir que essas leis est o custando duzentos e cinquenta dinheiros por m s para voce Voce tem dois caminhos para aumentar a sua renda primeiro voce pode ver se tem algum jeito de mudar essas leis t o inconvenientes quem sabe voce n o pode ajudar na campanha de um pol tico compreensivo que se encarregue disso Quanto voc pode contribuir para a campanha dele Voce pode calcular exatamente o quanto voce vai ganhar com a mudan a e fazer a sua aposta Apesar de que este caminho seja limpo e legal e venha resolver o problema definit
112. gumentos eram razo veis mas n o convincentes por m parecia uma meta ainda t o distante dependendo de ser aceito na Universidade dependendo de conseguir bolsa e tudo o mais que eu acabei sendo autorizado a dar partida 17 Minha esposa no processo Mas se voc s querem saber o argumento que f z a minha cabe a n o foi a relev ncia que o titulo teria para a minha carreira mas sim a pr pria experi ncia de uma vida diferente a oportunidade de aprender coisas novas de viver em outro ambiente em suma meu objetivo era o meio e n o o fim claro que este argumento era totalmente subjetivo e n o dava para convencer ningu m exceto eu mesmo N o quis discutir mas eu estava convicto de que toda a fam lia acabaria se envolvendo e se beneficiando da mesma forma E assim pouco a pouco essa viagem foi chegando mais perto Berkeley me aceitou o CNPq me deu a bolsa e eu estava acabando o meu mestrado Fabio e Miguel Borges seguiram o mesmo cronograma viajar amos juntos Preparei tudo o que era poss vel Escrevi para a Universidade reservando um apartamento a partir de setembro isso existe mesmo n o brincadeira n o De fato algumas semanas antes de embarcar recebi a confirma o de que o apartamento estaria dispon vel Tamb m escrevi para a secretaria de educa o tanto de Berkeley como de Albany cidade onde ficava o apartamento que eu havia reservado pedindo informa es sobre a escola para as crian as pois preocupava m
113. idade e depender do BNDE Mas o chefe n o achava justo que a Universidade n o se envolvesse com o seu centro de computa o O chefe exigiu a inclus o de verbas suficientes para material de consumo e manuten o foi dif cil mas a Universidade acabou entendendo Mas ai veio o pior Pessoal e Sal rios Prof Denis como que a Universidade vai pagar para o seu pessoal mais que o sal rio de um professor Titular E onde o Sr acha que vamos conseguir uma equipe de t cnicos com os sal rios que a Universidade pensa oferecer Mas o Sr entende que n o se pode pagar mais do que o estabelecido pelas normas do DASP Ent o vamos pedir ao DASP para mudar as regras afinal trata se de uma especialidade nova e que certamente n o foi considerada pelo pessoal do DASP Mas isso muito dif cil professor O nosso trabalho tamb m muito dif cil a Universidade tem que resolver se quer ter um Centro de Computa o ou se n o quer E a Universidade acabou resolvendo que queria Muita gua rolou por baixo dessa ponte pensou se at em transformar o NCE em uma se o do Serpro j que o quadro do Serpro era adequado nossa especialidade a Universidade pagaria muito mais como servi os prestados para que esta se o lhe oferecesse menos servi os mas essa solu o cujo absurdo f cil de entender seria vi vel e cada vez mais comum no servi o p blico Nesta poca algumas outras universidades estavam
114. imagina o mas enquanto trabalh vamos na organiza o deste curso a rea de atua o do departamento foi grandemente expandida As disciplinas de Computa o I e C lculo Num rico foram totalmente reorganizadas e o volume de alunos praticamente explodiu Todos os analistas do NCE que estavam em condi es se envolveram no ensino com o departamento Pouco mais tarde o Instituto reconhecia a colabora o desses analistas concedendo lhes honorificamente status de professor no cat logo do Instituto Na Coppe o grupo procurava orientar as teses de acordo com os projetos em andamento e j usando a nova defini o de pesquisa Complexidade crescente Por outro lado era tamb m importante observar que o nosso papel era de abrir caminhos e n o de prestar servi os a ind stria assim sendo dever amos procurar projetos cuja complexidade tosse aumentando de acordo com a capacita o da ind stria nacional Fica portanto claro que apesar de procurarmos nos envolver com a ind stria este envolvimento deveria servir para levar cada vez mais para a frente a capacidade da mesma Problemas locais solu es gerais Esta diretriz que n o tenho certeza de ter constado da formula o original consistia em dar prefer ncia a projetos que fossem capazes de resolver problemas que j existissem dentro da universidade mas cuja solu o pudesse ser aplicada em v rios outros lugares Assim voc s podem observar que tanto o PPF como o PRETEX
115. imento recostado no muro com meu casaco de Nylon marron e minha mochila de livros Pouco adiante estaciona um furg o e o motorista que estava sozinho salta e come a a descarregar v rias caixas colocando as na cal ada quase minha frente A le olhou para mim e disse Voce pode tomar conte dessas caixas para mim Claro tudo bem OK eu vou levar algumas caixas desses biscoitos Ah ent o era isso Cookies at a loja e volto para apanhar as restantes demoro dois minutos e lhe pago tr s d lares N o nada disso n o precisa pagar Eu vou ficar aqui mesmo Ora essa o dinheiro n o meu da companhia e para pagar quem tome conta mesmo por favor aceite Voc s podem imaginar que eu gastei muito mais do que tr s d lares nos anos subsequentes comendo biscoitos deste tipo PARTE X Volta as Aulas Uma das primeiras mudan as ocorridas foi o desaparecimento do Bianchi e a entrada em campo do Mr Paulo Franca Em todos os lugares o que aparece o ltimo sobrenome e como n o h cedilha o codinome Franca passou a valer Era fim de setembro e as aulas estavam para come ar Tomei uma decis o muito s bia inscrevendo me em somente duas mat rias no primeiro per odo de aulas pois assim n o foi t o dif cil inaugurar o meu 1 hist rico com dois A s mesmo em meio a todos os problemas de adapta o O pr prio sistema de aulas tinha v rios aspectos interessantes Para come ar exist
116. inta m quinas poder amos atender a muita gente sem reclama o Seria uma coisa p blica n o um micro para fulano e outro para ciclano Al m do mais o Reitor pode comprar essas m quinas e n s podemos chamar a comiss o de usu rios para sugerir o tamanho de cada laborat rio isto seria plenamente democr tico o que estava Super na moda N o perdi tempo logo de manh eu encontraria o Ac cio no sagu o do MEC e exporia o meu plano O dinheiro est dentro das possibilidades a maneira de implantar me parece perfeita Acho que o reitor vai ficar contente de poder inaugurar estes laborat rios Voc est voltando para o Rio hoje tente falar com ele no fim da tarde Pode dizer que eu confirmo os recursos 45 Pela primeira vez seria comprado um computador com dinheiro da pr pria universidade 46 Ac cio de Souza era o Sub reitor de patrim nio e finan as Alguma coisa ia sair finalmente O Reitor topou a id ia Fizemos uma convoca o de emerg ncia da comiss o de usu rios e convidamos o Vice Reitor para presidi la A id ia foi imediatamente aceita Como o n mero de m quinas n o era t o grande foi inevit vel a discuss o de que o CCMN devia for com doze m quinas e o CT com dez s que o CT achava que devia ficar com doze e o CCMN com dez Mesmo depois de argumentar que o importante era come ar e que nem dez nem doze seriam solu o definitiva para o problema foi dif cil chegar a um ac rdo Mas o ac
117. io e foi da que fiquei sabendo de todos os passos necess rios e que ali s s o muito poucos para se funcionar legalmente Na verdade voce pode at come ar a funcionar primeiro e fazer os registros em at vinte dias depois de realizar o primeiro neg cio N o precisa ali s nem existe despachante para isso Voce mesmo pode fazer a contabilidade o contador s necess rio para as sociedades an nimas Tudo pode ser realizado pelo correio ou pelo telefone e provavelmente gastamos menos de dez d lares em taxas e cerca de quinze para publicar no jornal o registro da firma Seria poss vel ter a firma em casa se n o mor ssemos em im vel alugado ao estado pensei em alugar uma sala em Berkeley o que custaria cerca de cinquenta d lares depois descobrimos outras alternativas e fomos finalmente nos estabelecer com o seguinte endere o OEM devices 2000 Center Street Suite 1242 Berkeley Calif rnia O que nos custou cinco d lares por m s Eu explico No elegant ssimo pr dio da Center St 2000 existia uma firma que alugava caixas de correspond ncia para empresas ou particulares Al m disso tamb m atendiam telefone tomavam recados despachavam encomendas e tudo o mais Era exatamente o que precis vamos o pre o era timo o endere o chic e o servi o perfeito Diariamente cham vamos para saber se havia correspond ncia ou recados dificilmente gast vamos mais de meia hora ocupando nos com a empresa E assim nos estab
118. isposi o para ajudar a escolher pe as e export las para o Brasil Eu gostaria de poder trabalhar com um planejamento isto tal f brica vai precisar de tantas pe as de tal tipo cada m s tantas daquelas etc Isso me ajudaria a obter descontos maiores com os fornecedores mas nossas empresas sempre relutaram em fazer isso mesmo sem ter de assumir compromissos O mais interessante de tudo foi a parte burocr tica Era muito complicado saber exatamente qual a documenta o necess ria para se importar componentes alguns clientes procuravam dar dicas mas n o se conseguia nada por escrito Pensei comigo J que estou na escola de administra o onde se formam os maiores interessados em exportar para todo o mundo ser que n o encontro alguma informa o aqui E encontrei n o s a descri o do processo de importa o brasileiro como tamb m modelo da fat dica fatura de exporta o que me pediam O processo pode ser descrito de uma maneira bem simples O cliente informa os itens que est interessado em importar e pede uma fatura pro forma isto de mentirinha s para servir de base documenta o O exportador depois de ver onde e por quanto consegue as pe as faz a fatura pro forma e envia para o cliente O cliente ent o vai Cacex com a fatura pro forma e com v rios outros documentos e pede para fechar o c mbio e emitir uma carta de cr dito A carta de cr dito enviada para um banco nos EEUU normalmente a ag
119. ito liguei diversas vezes e nada Finalmente algu m me explicou que o circuito n o estava sendo entregue pela motorola liguei para l Por favor estou tentando conseguir um tal de MC6565 que parece n o existir em lugar nenhum O senhor est certo este circuito n o est sendo vendido Mas como Preciso dele para um projeto muito importante o que houve A Motorola resolveu suspender a fabrica o desses circuitos les nunca chegaram a ser colocadas venda Eagora o que eu fa o Voc s tem alguma alternativa Vou lhe mandar um cat logo e as folhas de especifica o do que parecer mais pr ximo Agora vejam a situa o como era dif cil fazer desenvolvimento no Brasil ou melhor ainda j que pouca coisa mudou O projetista escolhia os circuitos e les simplesmente n o existiam ou eram retirados de fabrica o assim sem mais nem menos J n o bastava a miopia burocr tica obrigando o pesquisador a obter os componentes de modo ilegal Este tipo de requisi o que me era feito com frequ ncia pelos colegas do Brasil me ajudou a me sentir integrado com a equipe apesar da dist ncia e para quem est sozinho l fora d um certo conforto moral voc ainda algu m pertence a um grupo precisam de voc Em contraste a sensa o que o departamento onde eu estudava procurava me dar claro que muitos outros se sentiam da mesma forma que eu era um zero a esquerda um dentre
120. itou em muito o primeiro livro que escrevi mais tarde Minha sala era compartilhada com o prof Ikeda da universidade de Kobe no Jap o e um dia fui surpreendido quando ele se virou para mim e disse que eu era um very hard worker isto muito trabalhador Fiquei confuso pois se dentro de uma sala existe um brasileiro e um japon s a tradi o nos conta que a frase deveria ser dita pelo brasileiro Este ano em Santa Clara foi importante para mim por v rias raz es uma delas que s assim pude ter contato ntimo com outra universidade e desfazer um pouco a impress o de que todas as universidades americanas n o passam de campos de concentra o cient ficos Em Santa Clara a atitude para com os alunos era completamente outra As aulas da p s gradua o seguiam a um formato sui generis cada mat ria tinha uma aula por semana das sete s nove da manh Isso porque a esmagadora maioria dos alunos s o empregados das ind strias vizinhas e com este hor rio nem precisam pedir permiss o para irem s aulas Foi uma experi ncia super interessante ter alunos da Xerox da Intel da Nasa da Fairchild e outras companhias Causa uma sensa o diferente voce ver um projeto de fim de curso que leva uma grande chance de virar produto mesmo naquela poca isso n o era verdade no Brasil Lamentavelmente para chegar s sete eu tinha que acordar as cinco mas pelo menos chegando cedo ainda dava para puxar um ronco no banco reclin vel do
121. ivamente pode ser que para sua infelicidade os duzentos e cinquenta dinheiros que voce poderia destinar campanha pol tica n o sejam suficientes Resta ainda o outro caminho O segundo caminho n o legal nem definitivo mas pode ser muito eficaz Quem fiscaliza o cumprimento das leis Ser que o guarda n o pode entender o seu problema Bem agora que voc s j est o no caminho imaginem que est o em jogo n o mais duzentos e cinquenta mas sim milh es e milh es de dinheiros Com um estudo bem feito voce pode chegar a botar um pre o no resultado de uma elei o numa revolu o ou at mesmo em uma vida humana No in cio do s culo havia um plano de se construir um canal ligando os oceanos Atl ntico e Pacifico de tal forma que o tr fego mar timo n o tivesse que dar a volta na Am rica do Sul gastando muito mais tempo e dinheiro Claro que o ped gio do Canal seria portanto muito lucrativo j que a economia para os usu rios seria enorme O melhor ponto para constru o aquele onde o comprimento do canal seria o menor resultando no menor custo seria justamente na regi o da cidade do Panam pertencente ent o Col mbia Mas o governo da Col mbia n o gostou da id ia pois dentre outras coisas haveria tropas e jurisdi o americana na zona do canal Bem havia outra alternativa seria poss vel construir um canal na Nicar gua embora custando quase o triplo j que o comprimento seria muito maior Mas p
122. lguma institui o objetivando somente o m ximo de qualidade o que s pode ser alcan ado com os melhores alunos Em caso negativo vamos voluntariamente impor uma educa o de segunda classe aos nossos melhores jovens E em caso afirmativo deve se deixar a excel ncia apenas por conta das institui es particulares O problema pode se tomar ainda mais complexo quando se considera que uma universidade de verdade n o se envolve apenas com o ensino A universidade tamb m se dedica pesquisa ao avan o dos limites do conhecimento humano a n veis regionais e mundiais E como produzir o conhecimento sem dispor dos melhores alunos Em muitos estados o envolvimento com a universidade reduzido e frequentemente as institui es de excel ncia s o particulares Apesar de que institui es particulares de excel ncia tamb m existam na Calif rnia e Stanford o melhor exemplo o estado da Calif rnia se prop s a manter com dinheiro p blico uma institui o que prime pela excel ncia a Universidade da Calif rnia da mesma forma outra extensa rede de universidades Calif rnia State Universities and Colleges tamb m s o mantidas pelo estado sem o mesmo objetivo A Universidade est dividida em v rios campus tais como Berkeley o mais antigo Los Angeles UCLA San Diego Santa Barbara Santa Cruz S o Francisco somente medicina e Davis Cada um desses campus tem personalidade pr pria mas obedecem a v rias regras comun
123. logia nesta nova fase A grande equipe da qual constavam o Salek o Ageu o Adriano Mario Martins Eliana Barros e v rios outros trabalhava sem parar Estavam tamb m sendo iniciadas nesta poca as atividades em redes de computadores O patroc nio da OEA iniciado com o PRETEXTO j nos havia permitido expandir o PDP 11 70 e foi a nica salva o para que consegu ssemos importar os componentes necess rios fabrica o da CPU Exatamente nesta poca o governo mudou o rg o respons vel pelas atividades de computa o que deixava de ser a CAPRE surgia ent o a Secretaria Especial de Inform tica SEI Foi mais ou menos ent o que recebemos a visita do Oscar Harasic da OEA que trazia uma proposta de realiza o de um semin rio de microprocessadores Sabendo que o assunto era da minha rea F bio me p s em contato com le Basicamente a OEA e estaria disposta a financiar um semin rio atrav s do pagamento das despesas de um ou mais conferencistas A proposta que havia era de um semin rio muito simples apenas explicando o que eram microprocessadores e para que serviam Bem para isto n o precisamos de conferencistas estrangeiros Indaguei ent o se seria poss vel escolhermos os conferencistas para realizarmos um semin rio mais abrangente A resposta foi afirmativa e ai surgiu a id ia do primeiro SEMICRO J que eu tinha uma viagem marcada Calif rnia passei por Washington para confirmar o dinheiro da OEA e fui
124. luzinhas do painel Desde esse tempo j gost vamos de sugar conhecimento de qualquer um que soubesse um pouco mais que n s e o chefe n o era exce o Na verdade o chefe ficou muito satisfeito com nossa disposi o e passou at a nos reunir regularmente para nos ensinar o grande assunto da moda Como funciona a tal de interrup o Pouco tempo depois acabamos descobrindo o que que le vinha fazer t o cedo todos os dias Foi quando nos passou um dever de casa para decifrar a partida fria um cart o perfurado em bin rio que precisava ser lido sempre que o computador devia ser inicializado Depois de muito apanhar descobri que aquele cart o era um programa que carregava o sistema operacional do disco e lhe transferia o controle Provavelmente a raz o que levou o chefe a esse passatempo deve ter sido o desejo de ter um conhecimento b sico completo sobre aquela m quina depois disso tudo era f cil Mas eu lhes digo que tamb m serviu para outra coisa n o foi s a m quina que le conquistou mas tamb m a n s pois com isso ficamos convencidos de que o chefe realmente sabia muito mais do que n s e que merecia a nossa confian a E o nosso primeiro vestibular Voc s sabem como foi Para come ar ainda n o existia Cesgranrio o Carlos Alberto Serpa coordenava o vestibular de engenharia na PUC e cada escola fazia o seu vestibular isoladamente De alguma maneira o pessoal da medicina da UFRJ se interessou em ver se n s est vamos e
125. m administrador que havia retomado havia algum tempo de seu mestrado na Fran a e que se chamava H lio Salles O Amauri Marques da Cunha meu colega da eletr nica e que tamb m estava se formando veio cuidar dos sistemas administrativos da UFRJ e o Jayme Luiz Szwarcfiter saiu da Burroughs para chefiar a equipe de desenvolvimento Neste ano eu Miguel e Couceiro est vamos nos formando e foi quando eu deixei crescer a minha barba pois afinal quem ia dar bola para um diretor com cara de estagi rio Uma de nossas tarefas internas mais importantes passou a ser a elabora o do nosso regimento H lio Salles foi incans vel na elabora o da proposta inicial que obrigava a que o controle de estoque fosse feito pelo m todo ABC A equipe fregiientemente se reunia ap s o expediente na casa do chefe para abreviar a conclus o do regimento que propunha a divis o do NCE assim DD Divis o de Desenvolvimento respons vel pelo desenvolvimento de sistemas para administra o da UFRJ Primeiro diretor Jayme DSO Divis o de Sistemas e Opera o respons vel pela opera o dos computadores suporte de sistemas e processamento administrativo Primeiro diretor Bianchi DID Divis o de Informa o e Documenta o respons vel pela biblioteca e por divulga o de material t cnico Primeiro diretor Luciano Pereira DE Divis o de Ensino respons vel pelos cursos de programa o Primeiro diretor Guilherme DA Divis o Administr
126. m condi es de fazer o trabalho Assim ficamos conhecendo o prof Bruno Lobo uma das figuras mais interessantes que conheci nesta universidade e o Michel Jourdan que era o secret rio da faculdade de medicina As provas tinham at 100 quest es sendo que cada cart o comportava somente 25 logo cada aluno tinha 4 cart es Voc s podem imaginar a m o de obra e os problemas decorrentes Neste primeiro concurso t nhamos 4556 candidatos Como eu j havia dito a leitora do 1130 era uma carro a e por isso eu resolvi fazer a leitura com as minhas pr prias rotinas de interrup o para ser mais r pido Vejam o que aconteceu Os 4 cart es de cada candidato deveriam estar juntos caso isso n o acontecesse meu programa provocaria uma parada da m quina para que fosse feita uma verifica o Quase na hora de come ar a corre o observamos em um ultimo teste que algumas faltas de cart o n o estavam sendo detetadas Isso porque a parada era feita antes do cart o acabar de ser lido quando a leitora acabava gerava uma interrup o e a minha parada ia pra cucuia E voc s acham que as leitoras HP s o ruins S pode ser porque voc s nunca usaram a Mark Sense Essa m quina lia os cart es com marcas de grafite e perfuravam no local correspondente a velocidade j era muito lenta cerca de 100 cart es por minuto Mas o pior mesmo que as vezes a m quina saia perfurando v rias colunas onde n o havia marca nenhuma Voc s sabia
127. m dois processadores independentes para reduzir as paradas do sistema isto estava de acordo com a proposta da Burroughs A IBM insistia que dev amos preferir uma s CPU mais r pida j que em caso de panes contar amos com sua gil e eficiente estrutura de manuten o A disputa seria entre um Burroughs 6700 com dois processadores e um IBM 370 158 que por nossa insist ncia se transformou em dois tamb m O dinheiro n o existia mas o Y smar conseguiu estabelecer um acordo tal que poder amos ficar com a m quina por um ano caso o pagamento n o fosse liberado e caso n o houvesse recurso de esp cie alguma a 11 S em 1985 o reitor Adolph o Polillo quebrou esta tradi o atacando recursos para a parcela POB do computador VAX 780 Ainda assim devido exiguidade de recursos para a parcela nacional esta m quina s foi instalada em 1986 12 Coordena o das Atividades de Processamento Eletr nico de dados mais tarde extinta e suas fun es absorvidas pela SEI m quina seria retirada e n o estar amos devendo nada Ficamos com a Burroughs A m quina seria instalada em 1974 j em nosso pr dio novo Felizmente o salto estava dado e cont vamos com uma configura o bem parruda pois esta m quina ficou conosco at 1986 No in cio de 1974 come amos a nossa mudan a para este pr dio e eu fui um dos primeiros a vir Minha sala era a E 1040 no corredor atualmente ocupado pela rea de desenvolvimento Querem saber de uma estrepoli
128. m gola branca de fin ssima confec o os cabelos totalmente brancos estavam elegantemente penteados e eu n o consegui distinguir nenhuma ruga sob a impec vel maquilagem As luvas brancas completavam a indument ria Sem perceber devo ter olhado para ela mais do que devia porque antes de sair lan ou me um olhar enternecido e um sorrisinho de c mplice N o precisei de espelho para saber que fiquei ruborizado mas n o faz mal foi minha boa a o do dia 26 Pacific Gas amp Electric Co Os alunos da PG amp E eram muito simp ticos e nos entrosamos muito bem Us vamos uma boa sala de confer ncias no andar t rreo onde tive a oportunidade de demonstrar meus poderes m sticos A tela para proje o ficava em uma parede e podia ser coberta por um painel quando n o estivesse em uso Quando eu chegava o painel sempre estava suspenso e a tela pronta para ser usada Um dia isso n o aconteceu cheguei l e o painel estava tampando a tela Perguntei se algum dos disc pulos sabia como suspender o painel ningu m sabia Comecei a mexer em todos os interruptores vista mas meus esfor os foram debalde gostaram dessa Alguns alunos se levantaram para ajudar um foi examinar a parede por tr s e outro descobriu uma min scula saleta lateral Reparei que o cara que estava no interior da saleta descobriu alguma coisa a eu virei me para a parede abri os bra os e gritei Open Sesame Imediatamente ouvi o ruido do motor el
129. m mar o Quando faltavam tr s semanas para o exame ocorreu a cat strofe Fabio Bianchi voc n o sabe da maior eu e Miguel recebemos uma carta do departamento convocando nos a prestar o exame tamb m Bianchi O qu mas assim de repente e voc s n o chiaram Miguel N s fomos l falar com o prof Mei que quem est organizando o exame e le disse que para agente fazer o exame e n o se preocupar porque tranquilo v se pode Bianchi Tranquilo le deve ser louco onde j se viu F bio les dizem que o regulamento bem claro indicando que o exame deve ser feito na segunda vez em que oferecido Argumentamos que tem alunos que est o aqui h tr s anos como o caso do Ken seu vizinho e que ainda n o prestaram exame Bianchi e ent o F bio le disse que o pessoal n o estava levando a regra a s rio mas que agora vai ser para valer Bianchi mas est em cima da hora como que voc s v o estudar dessa forma certo que voc s n o passem Acho que voc s v o ter que espernear um pouco mais Alguns dias se passaram enquanto os dois procuravam entender o que estava acontecendo e evitar a inscri o para o exame que a essas alturas j estava com as cartas marcadas Bianchi e ai Fabio Os caras n o est o para brincadeira acho que isso m f Miguel Fui falar com o Harrison sabe o que le fez Pegou a minha ficha e olhou o resultado do meu
130. m muito prestigiados mesmo quando vinham em visita de f rias quando o Ysmar veio toda a turma se dignou a ir at o aeroporto para o primeiro al por outro lado quem chegava n o aguentava mais de um dia para vir trabalhar Por isso aconselho aos doutorandos atuais a nunca chegarem aos s bados ou v speras de feriados porque a ang stia seria muito grande No entanto acho que a maior manifesta o de carinho foi observada quando eu voltei definitivamente pois havia uma enorme multid o carregando faixas e mais faixas benvindo etc isso me deixou muito emocionado at descobrir que o Miguel Arraes estava chegando no mesmo hor rio Uma tradi o inaugurada pelo Ysmar foi a de gerar um grande tumulto cada vez que um futuro Ph D vinha trabalhar aqui durante as f rias Cada minuto de papo era disputado no tapa e os minutos que voc perdia tinham que ser recuperados com os amigos que estavam presentes para n o ficar mal informado Ningu m queria ficar sendo o ltimo a saber como se escreve uma express o aritm tica em nota o polonesa como se utiliza um c digo hash para recuperar informa o como funcionava a linguagem de m quina virtual nos computadores da Xerox e outros assuntos semelhantes Esta visita em particular teve duas consequ ncias importantes as atividades de p s gradua o e a compra de uma nova m quina A P s Gradua o Lembro me que o Ysmar imaginem s estava pessimista quanto a possibilidad
131. m que os buraquinhos de cart o podem ser tapados Era isso que t nhamos que fazer na m o Para diminuir a m o de obra para o ano seguinte bolei o cart o de 100 respostas 50 de cada lado que foi o objeto da primeira patente requerida em nome do NCE UFRJ Nosso trabalho cresceu muito nessa fase e o 1130 tamb m foi bastante expandido passando a ter 32K palavras de mem ria mais duas unidades de disco uma impressora 1403 de 600 linhas por minuto que ainda se encontra em servi o no NCE hoje sabiam e uma leitora de 1000 cart es por minuto Tamb m nossa equipe foi crescendo O Guilherme Chagas Rodrigues que trabalhava no Instituto de Engenharia Nuclear veio usar o 1130 e acabou ficando aqui O Luciano Pereira rec m voltando da Fran a tamb m ficou conosco vieram alguns outros colegas como o Pedro Brando e o Leovegildo e mais tarde o Pedro Salenbauch que acabava de se formar Tamb m nessa poca o F bio Marinho de Ara jo veio trabalhar conosco por um tempo e voltou definitivamente um pouco mais tarde O Augusto foi transferido para outro departamento da Coppe e o Walter ficou no seu lugar para agilizar a datilografia j que n o existiam micros com redator o DCC comprou uma m quina Friden que trabalhava com fita perfurada sendo portanto capaz de funcionar limitadamente como um editor de texto Em seguida recebemos uma secret ria para trabalhar com a Friden a Vera Lembro me de uma conversa que ouvi no corredor de dois estuda
132. mais um rec m formado Ivan da Costa Marques Aos poucos o volume de trabalho ia aumentando cada vez mais alunos usavam o computador em suas teses e os problemas eram cada vez mais complicados J come vamos a sentir a necessidade de manter os usu rios fora da sala do computador o que n o era muito f cil eu e Miguel chegamos a implorar ao Major que desse uma ordem proibindo a entrada de usu rios durante o processamento le se negou a fazer isso e nos deu a seguinte resposta Use o bom senso Lembro me ainda de que por um problema de manuten o o 1130 precisou ficar alguns dias parado Para evitar o ac mulo de servi o e para que os usu rios n o ficassem sem atendimento fomos levar os programas para serem executados na Petrobr s e na PUC Infelizmente para nosso mart rio v rios usu rios souberam disso e foram nos fazer companhia de nada adiantou pedir uma proibi o novamente tivemos que usar o bom senso Mais ou menos por esta poca tivemos uma visita muito marcante o Dr Jean Paul Jacob o primeiro brasileiro com o titulo de Ph D em computa o Jean Paul havia sido aluno do ITA e j havia alguns anos estava trabalhando na IBM americana Contente com o sucesso que faz amos com o 1130 a IBM estava querendo propor um acordo irrecus vel para a instala o de uma m quina maior um 360 modelo 44 Eu n o conseguia entender a raz o da recusa do Major que preferia at pagar por um modelo 40 do que ficar com
133. mba O trabalho do projetista muito mais f cil Mas e aquela droga de Polariza ao dos transistores c lculo de resist ncias e o esquinhb u Isso j acabou Esses circuitinhos j est o com os transistores polarizadas o problema s pensar na melhor maneira de lig los esse conhecimento nos temos vamos ampliar um pouco a nossa equipe arrumar uma grana para comprar esses bichinhos e m os obra Mas e as impressoras unidades de fita e outros bichos Ai entra mec nica estamos totalmente por fora Pois voc tem raz o n o estamos em condi es de de desenvolver esses equipamentos ainda mas eu estive pensando em um projeto que seria bom para aprendermos e que n o precisa de perif ricos assim deixamos este problema para mais tarde Eu acho que n s dev amos desenvolver um processador de ponto flutuante para o 1130 Voc diz um equipamento que execute as opera es com n meros reais por hardware ao inv s de software como o 1130 faz hoje isso mesmo J existem mais de 100 computadores 1130 instalados no Brasil quase todos s o programados em Fortran e passam um bom tempo fazendo contas com n meros reais Voc j imaginou como les poderiam ser mais r pidos Humm Se n o me falha a mem ria as rotinas tipo FADD e FSUB consomem cerca de 890 microssegundos FMULT e FDIV devem ser da mesma ordem As instru es do 1130 por outro lado s consomem cerca de 7 2 microssegundos Voc quer dizer que vamos reduzi
134. mem ria para o come o isto a primeira vari vel do COMMON ficaria na posi o 32767 a segunda na 32766 e assim por diante Eu poderia portanto criar uma rea de COMMON bem grande de modo a que a posi o defeituosa ca sse nesta rea que obviamente n o seria utilizada Bem isso foi f cil fazer O problema agora era mudar o programa de SORT que mantinha todos os dados na mem ria e que agora n o iam mais caber nela j que eu estava jogando fora uns 12K Essa mudan a n o era simples porque al m de envolver a inclus o de uma rea de trabalho em disco far me ia mexer com o m todo SHELL que j era complicado o bastante para mim Realmente durante toda a madrugada constatei isso com assist ncia constante do chefe Por volta das oito da manh finalmente consegui tirar uma listagem classificat ria que constatei ser absolutamente id ntica obtida no dia anterior Muita coisa aconteceu em 69 Devido aos constantes cursos de programa o FORTRAN o n mero de usu rios n o parava de crescer j est vamos atendendo at o pessoal da escola de engenharia trabalh vamos at a meia noite prontos para rodar 24 horas sem parar e o 1130 j n o dava mais vaz o O time da opera o foi refor ado para dar cobertura a todos os turnos Chegaram o Arato e o Paulo I seguidos pouco depois pelo Mauro Freitas e Alberto Myiashiro Foi quando se criou a prefer ncia de recrutar operadores do alojamento universit rio Foi tamb
135. meu Toyota antes de entrar pontualmente s sete na sala de aula Agora era a minha vez de dizer Bom dia aos alunos mania que mantive at hoje Para completar o quadro um dia fui chamado pelo prof Peterson coordenador dos cursos de extens o Bom dia prof Franca soube que voce est dando aulas de microprocessadores na p sgradua o e que mora em BerKeley n o mesmo sim Tenho um problema que s voce pode resolver Temos um curso de p s gradua o que oferecemos para engenheiros da FG amp E a Light da Calif rnia bem no centro de S o Francisco Est sendo muito dif cil de conseguir instrutor porque a viagem um tanto longa mas a j que voce tem que fazer praticamente a mesma viagem quem sabe se voce n o faz uma triangular Aposto que n o perde mais do que quinze minutos Gostaria de ajudar mas n o sei se terei tempo para preparar outro curso sem ficar sobrecarregado Desculpe eu n o expliquei Este curso exatamente o mesmo que voc j lecionou aqui N o haver trabalho adicional nenhum se voce tiver preparado um roteiro Tenho n o s o roteiro como todas as transpar ncias exerc cios e notas de aula timo est vendo Eu disse que s voce poderia ajudar Veja s O curso dado uma vez na semana das cinco s sete da noite Nesse dia voce sai daqui mais cedo p ra em S o Francisco d a sua aula e vai para casa Ainda tem uma grande vantagem para voce como eu sempre
136. n o o Queiroz e equipe Louren o e Queiroz mais tarde se tornaram professores da El trica da Coppe a equipe era um nico sujeito que ficou com este apelido at que mais tarde ficou sendo nosso colega na Engenharia Eletr nica era o Leovegildo Ah Mas eu n o poderia deixar de falar com voc s sobre o meu primeiro programa n o mesmo Bem uma historia meio longa mas logo antes de eu vir trabalhar aqui eu era estagi rio no IPqM Instituto de Pesquisas da Marinha ali s estagi rio n o pois no meu registro constava calculista imaginem s se o Beremis Samir fica sabendo que foi meu colega de profiss o Al m do mais eu podia mesmo era me considerar cientista j que o meu chefe o ent o Comandante Paulo Moreira da Silva era o cientista chefe Bom mas acontece ent o que j havia alguns anos que a Marinha vinha tentando fazer uma T bua de Mar s isto um livrinho contendo o hor rio da preamar e da baixamar nos principais portos do Brasil a cada dia do ano Essas t buas j eram feitas por m usando uma engenhoca car ssima e imprecisa a m quina de Kelvin voc s podem imaginar pela poca do inventor J se fazia calculo de mar s por computador em outros lugares do mundo apesar de ser coisa recente mas as tentativas anteriores no Brasil n o deram resultado Qual a solu o para um problema dif cil Ler os classificados do JB Chamar os Fuzileiros Ligar para a IBM Chamar o Super Homem a Insetis
137. na verdade nenhum de n s passou O que nenhum folheto seria capaz de retratar que este exame era uma coisa terr vel Todas as oito provas orais das quatro mat rias s o feitas no mesmo dia Voc fica vinte minutos cara a cara com o examinador que vai decidir se voc leva ou n o jeito para ser um candidato a doutor de Berkeley O examinador pergunta o que quiser e soberano no seu crit rio Nesse dia o corredor do quinto andar do Evans Hall se transforma num templo de sado masoquismo beirando o sobrenatural Os pobres alunos candidatos a aprendizes entram e saem das salas dos grandes mestres esperando demonstrar em cada uma dessas breves visitas todos os truques e encantamentos que aprenderam a cada truque que falha a dana o a chibata o sangue e a amea a do fogo eterno A cada resposta bem sucedida uma esperan a ainda que t nue porque algu m pode impressionar melhor do que le Alguns mestres ainda se vestem como anjos sorrindo e aparentando satisfa o com todas as suas respostas deixando para concentrei desgra a no relat rio do exame Eu j havia falado de casos de alunos que n o tinham ido t o bem no exame mas tendo sido estudantes do examinador acabaram contando com a boa vontade deste para melhorar sua nota mas pela primeira vez eu ouvi falar de um aluno que respondeu bem a todas as quest es mas que o examinador disse que j conhecia o aluno e que ia dar uma nota baixa porque achava que le n o era um bom can
138. nal se tratava de dois dos mais brilhantes cientistas da computa o fui pol tico sim mas n o estava mentindo como que esse tal de Parlett de quem eu nunca tinha ouvido falar nem ouvi depois disso se atrevia a vetar um desses nomes na minha banca Sabe de uma coisa respondeu RAM voce tem raz o Mas voce tem que tomar muito cuidado para tratar disso uma sorte que isso v mexer justamente com o Zadeh que um cara importante e que traz muito dinheiro para o departamento Fa a o seguinte pe a desculpas ao prof Zadeh por t lo convidado mas que infelizmente n o aprovaram o nome dele Se le ficar zangado com isso o problema est resolvido Mas tome cuidado use a sua diplomacia E agora mais esta pensei Mas n o h de ser nada eu consigo Boa tarde prof Zadeh Sinto muito incomod lo novamente Na verdade n o sei como me desculpar pois eu gostaria tanto que o Sr estivesse na minha banca mas a comiss o das comiss es n o vai me permitir incluir o seu nome Ora mas eu pensei que isto j estivesse resolvido quando voce me convidou Um erro meu provavelmente mas achei que n o faria sentido usar seu nome sem ter antes a sua aprova o Tem raz o Mas est tudo bem n ofaz mal Eu n o estava conseguindo tive que tentar de novo Pois realmente uma pena que n o tenham concordado com o seu nome Bem sabe como les gostam de escolher gente que tenha conhecimento espec fic
139. ncia do Banco do Brasil em S o Francisco Quando o exportador coloca a encomenda no avi o pega o AirwayBill isto um comprovante de embarque e vai at o banco receber o valor da carta de cr dito A carta serve portanto para garantir que o dinheiro s entregue quando a mercadoria embarcada e tamb m para garantir ao exportador que o pagamento ser realmente efetuado Pela descri o voc s podem entender que o processo d algum trabalho mas n o tem maiores mist rios Mas s na pr tica aparecem os problemas Como voc s sabem existe sempre uma falta cr nica de d lares no Brasil porisso a mentalidade burocr tica de tentar evitar o tanto quanto poss vel que os poucos d lares que temos sejam remetidos ao exterior n o mesmo muito dif cil na pr tica para a burocracia distinguir entre remessas teis e f teis e portanto a ind stria de inform tica considerada de interesse nacional tinha seus processos de importa o se movendo da mesma forma que qualquer outro Consequentemente cada processo quando era liberado podia ter consumido tr s meses ou at um ano Neste meio tempo era necess rio fornecer nova fatura proforma que tinha perdido a validade j que os pre os podiam ter mudado Uma vez atendi um pedido urgente do INPE cuja fatura expirou tr s vezes quer dizer o projeto urgente d les teve que esperar nove meses pelas pe as Mas claro que esta situa o n o poderia continuar
140. nda n o tinha idade para a escola p blica teria que ser matriculado numa Pr escola Os ex alunos de Berkeley me haviam dito que dentro da pr pria vila existia uma dessas escolas e assim l fui eu me informar Esta pr escola era mantida pelo estado para fam lias de baixa renda o que o caso dos bolsistas e a a diretora me explicou que de acordo com uma nova orienta o do governo Reagan le era governador da Calif rnia nesse tempo e foi quem assinou o diploma do Ysmar os estudantes de p s gradua o n o eram mais considerados de baixa renda porque estavam sendo pobres por op o Achei interessante que neste caso n o houve discrimina o por ser estrangeiro Recorri ent o a Albany Pre school uma escolinha comunit ria mantida pelos pais de alunos cujo esquema de funcionamento t o interessante que n o resisto tenta o de contar para voc s N o consigo dizer exatamente qual a figura jur dica da escola quando voc matricula seu filho na escola passa a ser n o s um cond mino como tamb m um assistente da diretora Existiam duas diretoras uma para o turno da tarde crian as de 3 anos e uma para o turno da manh crian as de 4 anos essas diretoras na verdade s o as professoras que ficam na sala de aula A escola n o tem outros funcion rios Quando voc matricula seu filho assume o compromisso de trabalhar na escola uma vez na semana fazendo as mais variadas atividades lendo hist rias tom
141. ng total da mesma al m de ser necess rio gerar um sistema espec fico pois o sistema n o se adaptava a mudan as de configura o Voc s podem imaginar a sensa o de orfandade neste momento Quanto tempo levaria para botar a m quina em funcionamento Quanto tempo para consertar o conversor uma semana duas semanas E a nossa tradi o de entregar o resultado no dia seguinte onde ficava Ser que a light n o teria geradores de emerg ncia montados em caminh es E o ex rcito Claro como que fazem funcionar aqueles holofotes H lio Salles Ser que n o conseguimos um gerador no ex rcito N o deve ser dif cil mas n o ser que os geradoras deles s o de corrente continua Um banho de gua fria Mas n o faz mal o que n o pod amos era ficar parados Como a batata era muito quente acabamos chamando o reitor Atendendo ao apelo direto do prof Amaral Os rio sub reitor de desenvolvimento e um dos padrinhos do NCE a light mandou uma turma de emerg ncia com um engenheiro para nos dar assist ncia Quando chegaram j estavam tamb m conosco os eletricistas do ETU Secundino e Jos Luzia No subsolo parcamente iluminado fizemos um levantamento da situa o Engenheiro da Light Ent o o conversor de voc s pifou Que abacaxi Bianchi Pelo que vejo a solu o vai demorar A nossa previs o de entrega de resultados era para amanh ao meio dia na verdade se n o tivermos for a antes das 3 da manh
142. nhuma obriga o de modo a irmos nos ambientando O DCC contava com pouca gente nesta poca O Major Tercio Pacitti engenheiro pelo ITA e MJSc por Berkeley que era o chefe O Ysmar Vianna rec m formado em engenharia tamb m pelo ITA o Favilla engenheiro pela PUC o Augusto Barbosa que era o secret rio e o Antonio servente que mais tarde foi rebatizado de Antonio 1 para diferenciar do Antonio II Assim que logo apos a nossa efetiva o em julho de 1967 o DCC contava no total com sete pessoas O IBM 1130 era uma gra a tinha 8K palavras de 16 bits de mem ria um disco do tipo cartucho cartridge com capacidade para 512K palavras uma impressora de 110 linhas por minuto mas que voce s conseguia ver funcionar a 80 e uma leitora perfuradora de 400 cart es por minuto que igualmente usando FORTRAN voce s podia conseguir ler 200 cart es por minuto Apesar de que esta configura o seja modesta em termos atuais naquela poca era bastante razo vel para processamento cientifico e tecnologicamente muito avan ada porque ramos uma das primeiras instala es no Brasil a usar sistema operacional em Disco Praticamente todos os trabalhos eram feitos em FORTRAN nesta poca Nosso servi o consistia em manter a m quina funcionando e processar os programas de professores e alunos em tese da Coppe claro que ainda n o est vamos em condi o de dar consultoria o que s aconteceu alguns meses mais tarde Era comum que os us
143. nte excepcionais mas a grande diferen a mesmo est nos alunos les n o est o l para brincar mesmo para aqueles que usam o ensino gratuito o investimento em livros estadia e tempo muito grande Cada minuto muito precioso para ser desperdi ado e os caras trabalham que nem loucos Voc n o tem outro jeito a n o ser entrar no mesmo esquema e a press o que o ambiente exerce sobre voc produz resultados inacredit veis como voc querer comparar uma corrida que voc faz sozinho de manh na beira da praia com uma maratona nos jogos ol mpicos A presen a dos outros faz uma grande diferen a e quanto melhor les forem melhor voc acaba se revelando claro que eu tinha dificuldades que come avam com a minha timidez voc s sabiam que eu sou t mido passavam pela dificuldade da l ngua e terminavam com a firme convic o de que os americanos j sabiam mais do que eu Nas aulas sempre tem aqueles colegas que gostam de se mostrar fazendo perguntas inteligentes e criticando o professor eu n o gostava de perguntar para n o ficar gaguejando e mostrar o meu sotaque Chegando perto dos dias de provas eu n o sabia o que fazer eu achava que todo mundo na turma sabia muito mais do que eu que ia me ferrar direto Aos poucos mudei de opini o O que eu n o sabia muita gente tamb m n o sabia o que eu sabia tamb m n o eram muitos os que sabiam Achei muito interessante o fato de que em geral os professores podem
144. nte pequena al m de voc ter melhor acesso ao prefeito secret rios e vereadores que necessariamente t m de residir no munic pio s o essas pessoas que v o resolver onde pode e onde n o pode estacionar qual o tipo de com rcio que pode se estabelecer em cada parte da cidade se a pol cia est se comportando de acordo com a espectativa a policia municipal e qualquer um pode ser despedido a pol cia estadual a rodovi ria os CHIPS Vale lembrar tamb m que os impostos tamb m s o organizados de modo a que a prefeitura n o precise ficar implorando favores pol ticos do estado nem da uni o As escolas como j deu para perceber s o mantidas pela prefeitura as prefeituras que t m mais dinheiro mant m escolas melhores e os impostos s o mais altos Uma das raz es importantes na escolha de uma cidade para se residir justamente o compromisso entre os impostos e a qualidade das escolas Mas n o seria justo falar do que ocorre na redondeza de Berkeley sem falar numa institui o tamb m tipicamente berkeliana que a CO OP A CO OP uma grande cadeia de supermercados na Calif rnia que se originou em Berkeley at ai nada de extraordin rio A diferen a que a Co op uma empresa socialista isto pertence ao povo e se destina a servir ao povo Cada acionista tem direito a um s voto n o importa quantas a es tenha por isso ningu m tem interesse em ter mais de uma a o os lucros s o distribu dos
145. ntes que acabavam de sair do DCC que ficava no bloco F Ent o cara voc viu o computador Vi sim mas isso n o nada ali do lado tinha uma m quina que ficava escrevendo enquanto a mo a ficava s pensando O cart o de 100 colunas foi um verdadeiro avan o tecnol gico que nos deu uma grande vantagem sobre o ano anterior mas foi no vestibular de 70 que ocorreu o epis dio do bit misterioso O Bite Misterioso Miguel e Couceiro estavam na Alemanha fazendo um est gio na Telefunken e eu e o Brando ficamos cuidando do vestibular A entrega final dos resultados estava prevista para ser feita em at 24 horas ap s a ltima prova Nessa ocasi o nosso trabalho come ava s sete da manh pois acompanh vamos a realiza o da prova no maracan A corre o propriamente iniciar se ia no fim da tarde quando os cart es j estivessem devidamente perfurados e verificados At a n o tivemos problemas inesperados alguns cart es estra alhados outros mal perfurados mas tudo bem tudo isso estava previsto e como previsto por volta das seis da tarde est vamos prontos para iniciar a corre o De fato esta se iniciou e se concluiu sem problemas bendito cart o de 100 colunas Gl ria eterna ao seu inventor e em breve s faltava colocar os candidatos em ordem pelo n mero de pontos e tirar a listagem classificat ria N o pude evitar um pensamento otimista Puxa acho que dentro de tr s horas estamos com tudo pr
146. nto desta proposta Reunidos na casa do F bio especul vamos tamb m se o NCE atenderia o nosso pedido de nos levar ao Brasil para trabalharmos nas f rias As not cias eram pouco frequentes e desanimadoras eu mais do que os outros al m de me sentir desprezado por Berkeley come ava a achar que tamb m o NCE me havia esquecido Ser que eu conseguiria prosseguir no meu doutorado Ser que o grupo de colegas no NCE estava se desfazendo Ser que os esfor os pelo desenvolvimento de tecnologia n o tam dar em nada Tudo eram d vidas e de ent o at o fim de 75 vivi o que poderia chamar de A Era da Incerteza Mas um dia tivemos a nossa viagem confirmada voltar amos a trabalhar durante tr s meses com os nossos colegas Bem eu j havia dito que sempre que um bolsista voltava de f rias algum reboli o tinha que acontecer Agora ter amos n o um mas sim tr s PARTE XII NASCE UMA ESTRELA E foi assim que em junho de 1975 ap s 9 meses de aus ncia estes tr s mosqueteiros voltaram a rever a tropa Foi a que fiquei conhecendo o omelete verde da PANAM n o de ervas n o o vo que meio esverdeado mesmo e consolidei minha opini o sobre o servi o de bordo O Rio de Janeiro iniciava nesta poca a sua decad ncia Nas ruas de Copacabana come avam a aparecer intensamente os camel s j n o se podia mais tomar chopp nas mesinhas das cal adas sem ser abordado por pedintes e aos poucos ia come ando a mis
147. ntos alugados Voce acha Bianchi Mas claro Se voc s est o se propondo a dar o apoio de inform tica para quem faz pesquisa e se a linha de cr dito de voc s permite atender solicita o nada mais justo do que apoiar um grupo que tem prestado servi os dos mais relevantes em apoio pesquisa quanto aos custos est o perfeitamente coerentes com o porte da instala o Voltando ao NCE convoquei imediatamente a Irene Irene chegou a hora de voce dar uma contribui o excepcional ao NCE Neg cio seguinte descobri que a Finep pode dar um financiamento muito maior do que o que nos vem dando atualmente O projeto que acabo de examinar tem todos os custos cobertos por eles claro que a nossa contribui o como apoio pesquisa n o fica nada a dever a ningu m al m do mais somos uma universidade p blica e n o vejo qual a desculpa que poder o usar para n o nos conceder o mesmo tipo de apoio Nosso projeto Finep acaba daqui a dois meses qual a id ia Como voce sabe o mecanismo conosco assim A Finep d dinheiro Coppe para a Coppe pagar o uso do computador Infelizmente o calhambeque que temos n o tem entusiasmado muito os nossos usu rios e est t o sobrecarregado que quase n o temos como aceitar novos projetos Pois ent o o que adianta fazer esse projeto Se eles derem o dinheiro para a Coppe a Coppe vai acabar dizendo que prefere usar outro computador quem sabe at mesmo
148. ntos habitacionais do BNH A estrutura de madeira e as paredes de Eucatex revestido nosso pr dio era de dois andares mas havia alguns de tr s sendo que a constru o era feita em torno de uma rea de lazer com cimento e grama de modo que as crian as tinham um bom espa o para brincar Meu apartamento o de n mero 121 da badalad ssima Wilson Street tinha dois quartos um banheiro e uma sala conjugada com a copa cozinha T nhamos gua quente de boiler aquecimento geladeira fog o e triturador Isso era o que vinha com o aluguel o mais era por nossa conta A conta de luz e g s j vinha inclu da no aluguel que era de 120 d lares e t nhamos direito a uma vaga no estacionamento Toda a manuten o tanto dentro como fora dos pr dios era feita pela pr pria Universidade atrav s da ger ncia da vila e o custo obviamente j estava inclu do no aluguel Nunca tive nenhum motivo de queixa dessa manuten o pelo contr rio ap s dois anos de moradia apareceram l para dizer que era poca de fazer pintura e pintaram todo o apartamento outra vez instalaram fechaduras extras para dar mais seguran a quando apareceram formigas na minha cozinha vieram prontamente acabar com elas O F bio ficou sendo meu vizinho tamb m morando na Wilson Street e bem mais tarde tamb m o Newton Faller O telefone ah sim o telefone A Pacific Bell decepcionou um pouco desculpando se porque em setembro sempre havia muita gente se mudando Leva
149. num departamento acad mico e n o em um rg o de servi os Como rg o de servi os pod amos contar com uma equipe de manuten o pod amos colocar o equipamento desenvolvido por n s para atender aos usu rios mantendo os sob nossa responsabilidade E O DINHEIRO DE ONDE VEM Pouca gente entende como que o NCE se mant m financeiramente verdade que este um assunto que atrai a aten o apenas dos diretores mas eu acho que todo funcion rio com um m nimo de envolvimento com a institui o deve saber os fatos elementares Como eu j disse pouco depois da cria o do NCE j n o era mais poss vel viver apenas em fun o do or amento da UFRJ A principal preocupa o dos coordenadores era conseguir recursos para conseguir trabalhar Nessa poca o or amento da Universidade 69 cobria as despesas de energia el trica o material de consumo da administra o papel de computador para alunos tinha de ser comprado com dinheiro do BNDE ou da FINEP e cerca de 50 da folha de pagamento Cabe lembrar que estes 50 que variavam muito de um ano para outro se referem ao total da folha quero dizer que tinha gente que recebia 100 da UFRJ gente que recebia 100 pelo NCE e muita gente recebendo uma parte de cada lugar A dire o do NCE sempre teve a preocupa o de procurar dar os mesmos direitos ao funcion rio independente da sua fonte pagadora o que nem sempre era feito em outros rg os da UFRJ At mesmo para compr
150. o 44 de gra a O 44 era mais especializado para processamento cientifico mas o grande fato que n o era compat vel com os demais modelos e portanto s podia usar seu software espec fico Se n o me engano esta negocia o acabou sendo feita com a USP e a compra de um 360 modelo 40 para n s alguns anos depois comprovou que o Major estava certo PARTE II A TRANSI O Durante o ano de 1968 algumas mudan as estavam come ando a acontecer O Ysmar estava saindo para o seu doutorado em Berkeley e o Major por raz es que eu ainda n o entendia estava muito agitado e pensativo sobre sua poss vel volta a Berkeley para um doutoramento Eu n o entendia duas coisas primeiro porque esse doutoramento seria t o importante para que o Major que j era um professor muito conhecido e importante na poca se dispusesse a suspender todas as suas atividades aqui para dedicar pelo menos quatro anos a isso segundo j que isso era t o importante assim ent o porque era t o dif cil de resolver para le Porqu le achava que n o estava mais na idade para isso Hoje eu acho que entendo Primeiro para se ocupar uma posi o de lideran a imprescind vel contar com respeito t cnico e moral por parte de seus colegas e subordinados pois caso contr rio tudo fica muito mais dif cil Segundo Ah Isso voc s v o ter que esperar at que eu conte como a vida em Berkeley Em todo caso a sa da do Major implicava em se te
151. o do assunto que o candidato est pesquisando Era a minha deixa N o senhor certamente n o foi essa a raz o pois afinal o senhor o nico que estaria interessado em discutir a Pareto Otimalidade que eu proponho fazer ningu m mais no departamento conhece do assunto Foi ali s por esta raz o que eu quis convid lo Mas ent o porque raz o n o aceitariam o meu nome N o sei mas entendi o prof Parlett dizer que le n o quer nenhuma banca onde estejam juntos o senhor e o prof Ramammoorthy que o meu orientador Acabei de falar e fiquei olhando indagativo para le N o fosse o Zadeh extremamente h bil em parecer frio enquanto ferve eu teria lido claramente o que estava escrito em seus olhos E quem o Parlett para dizer em que banca eu posso ou n o posso ficar Bom vamos fazer o seguinte volte no fim da tarde que eu vou procurar saber o que est havendo Consegui pensei comigo mesmo mas a batalha ainda n o est ganha muita confus o ainda poder aparecer No fim da tarde fui informado de que o Zadeh estaria na banca mas ainda assim eu teria de voltar a falar com o Parlett para aprova o E agora Resolvi continuar no dia seguinte e levei um gravador dentro da bolsa para garantir os meus direitos O Parlett chiou a bessa do incidente disse que a restri o n o tinha nada que ver com a compet ncia dos professores etc etc mas que ainda assim le n o ia assinar a autoriza o Q
152. o seguido pelo FORTRAN para o 1130 este ltimo na IBM mas a luta para se trabalhar em inform tica mas o que estou dizendo Este nome n o existia ainda j era bem dura Todo mundo precisava de programadores s que ningu m queria dar a experi ncia Foi nessa poca que fiquei sabendo da instala o de um computador 1130 ora mas isso era fant stico bem no bloco F da Escola de Engenharia naquele tempo n o era Centro de Tecnologia e assim eu e meu amigo Miguel come amos a garimpar nosso t o almejado est gio 1 Miguel Aranha Borges passou toda a sua vida profissional no DCC NCE Foi muito atuante na cria o do NCE e no grupo do CPD do Hospital Universit rio engenheiro eletr nico pela UFRJ M Sc pela Coppe e por Berkeley faleceu em 1980 A biblioteca do NCE tem o seu nome Para nossa estupefa o j em uma de nossas primeiras visitas um tal de Ysmar comentou que era muito bom que n s tiv ssemos aparecido porque les estavam precisando muito de estagi rios fato este que nos foi confirmado em seguida pelo Major que estava apenas aguardando a libera o de verbas para esse fim Verbas Mas para que verbas pensamos entre n s se o Major pensa que vamos ficar esperando por dinheiro para come ar a trabalhar est muito enganado Estamos a fim de aprender e precisamos come ar logo se possivel ainda hoje Assim conseguimos um convite entusi stico do Major para que pass ssemos a frequentar o DCC sem ne
153. onto Mas que nada vejam voc s que pela primeira vez na vida ocorreu erro de paridade na mem ria do 1130 durante o processamento da classifica o N o tenho bem certeza mas acho que o nosso contrato de manuten o s nos dava atendimento durante o expediente normal e por isso o atendimento t cnico s seria feito no dia seguinte Mas ai quando entregar amos o resultado Nem bem est vamos inaugurando a tradi o das 24 horas e j amos falhar no segundo ano O que fazer N o preciso lembrar que n o t nhamos o nosso t cnico como hoje e o nico que podia dar algum palpite era o Luciano que me disse N o podemos fazer muita coisa mas se voc quiser posso mandar a m quina ignorar o erro e prosseguir pelo menos assim voc pode ter uma id ia do que est acontecendo Manda brasa respondi qualquer coisa melhor do que ficar parado Em cerca de quinze minutos a m quina cuspiu uma listagem aparentemente correta j que n o havia nenhum absurdo vista Infelizmente por mais correta que a listagem parecesse o fantasma do bit de paridade rondava o resultado e nos tirava toda a confian a E agora Que droga O 1130 j estava com 32K de mem ria e o erro ocorria l pela posi o 20000 Se eu tivesse um jeito de n o usar s esta maldita posi o ent o tudo poderia estar resolvido at que tinha um jeito Eu sabia que a passagem de par metros atrav s do COMMON no FORTRAN era feita do fim da
154. os da estrutura da ponte Rio Niter i programado pelo prof Benjamin Ern ni Diaz um de nossos mais not veis usu rios Quando adquirimos o 360 chegamos a ser a nica instala o a usar o sistema OS o mais avan ado da poca iniciamos o uso de terminais logo descontinuado porque descobrimos que nosso 360 podia fazer de tudo desde que fosse uma coisa de cada vez e desenvolvemos um bom sistema de contabilidade de uso de computador que era indispens vel para n s com tantos usu rios mas que era coisa inusitada na poca Mas manter uma posi o de vanguarda n o f cil principalmente quando o n mero de usu rios continua crescendo e a tecnologia avan ando Sab amos que em breve esbarrar amos novamente no problema de expans o de equipamentos e que apesar de n o ser definitiva essa nova expans o teria que representar um grande salto no porte de nossa instala o e porque n o dizer do nosso pr prio grupo Este salto qualitativo a abertura de uma frente de atua o no desenvolvimento tecnol gico e um novo impulso na frente invi vel de ensino ocorreram durante a gest o do Ysmar consumindo lhe um grande esfor o Como sabemos a Universidade nunca disp s de recursos para adquirir os nossos computadores a coordena o do NCE que vivia procurando as poss veis fontes de recursos e os modos apropriados de obt los De um modo geral o problema de equipar as p 12 universidades come ou a preocupar o governo
155. os mais de trezentos e cinquenta alunos de pos gradua o do departamento Essa mudan a de status parece simples mas tem uma import ncia psicol gica muito grande e s d para ser avaliada por quem j passou por ela Por outro lado se insistirmos em sempre olhar para o lado bom da vida foi uma segunda oportunidade de conquistar o meu lugar ao sol e de obter a satisfa o de ter conseguido A pr pria Calif rnia ainda me daria uma terceira oportunidade mais tarde E assim prosseguia a vida Com os cursos nunca tive problema s rio l gico que eu sempre procurei escolher os cursos que mais me interessassem consultava uma tabula o feita pelos pr prios alunos avaliando cada professor e cada curso e procurava fugir do tipo de orientador que queria dizer o que que eu ia fazer Aos poucos foi chegando a hora de enfrentar o primeiro mas indubitavelmente o mais dif cil obst culo o exame preliminar Foi uma irresponsabilidade de minha parte a maneira de encarar este exame O folheto do departamento explicava que cada candidato ao doutoramento deveria fazer este exame o mais tardar na segunda vez em que o mesmo fosse oferecido o exame era oferecido em abril e em novembro de cada ano o exame consistia de duas provas orais versando sobre os assuntos cobertos em quatro mat rias de sua escolha e voc ainda tinha a possibilidade de indicar qual o professor de sua prefer ncia para examin lo Dizia ainda o folheto que o resultado do exame dep
156. ossa biblioteca nenhum adquirido com recursos de or amento algumas vezes at mesmo o combust vel das kombis deixou de ser fornecido pela UFRJ J desde ent o muita gente na universidade criticava o NCE que conseguia ter telefones transporte ar condicionado mob lia nova e melhores sal rios Provavelmente a maioria achava que era troca de favores com a reitoria e n o fruto do nosso trabalho E assim vivia o coronel Pacitti coordenador o Ivan diretor executivo e o incans vel Ysmar catando lenha para alimentar a caldeira do NCE Come ava tamb m a ser instalado o Hospital Universit rio com grandes expectativas quanto as necessidades de processamento de dados e uma aproxima o foi iniciada e que mais tarde resultou na Divis o Hospital Universit rio uma parte da ASI O trabalho era rduo mas o clima era de esperan a Havia um interesse muito forte na cria o da ind stria brasileira de inform tica mas parecia dif cil fazer com que as id ias sa ssem do papel O NCE come ou a se estruturar para ser um centro de desenvolvimento de produtos para a ind stria que teimava em n o aparecer A id ia de formar a equipe idealizar e implementar projetos transferir projetos e equipes para as empresas foi perseguida apaixonadamente mas onde estavam as ind strias O governo fazia de tudo para interessar os empres rios incentivos financiamentos pesquisa e desenvolvimento a fundo perdido n o tem que pagar compra de cabe
157. para Berkeley para estudar por mais humildes que fossem as acomoda es ainda que divididas com um colega a despesa era significativa depois havia as taxas escolares inevit veis apesar de ser uma escola p blica e os livros nossa Custando cerca de quarenta d lares cada um quem sabe trinta se achasse livros usados e mais as despesas de alimenta o e outras coisas uma pequena fortuna a ser dispendida em quatro anos Mas valia a pena O garoto era o orgulho de todos e logo voltaria com o diploma de Berkeley que lhe garantiria um timo emprego N o tinha d vida o velho Doe hipotecou a casa e mandou o filho para a escola Confiamos em voc Voc o nosso orgulho v e n o falhe Animad ssimo John partiu cheio de sonhos e esperan as Aos poucos foi vendo que a realidade era muito diferente da que havia deixado em casa Aqui le n o tinha amigos nem parentes ningu m sabia quem le era nem o quanto devia ser respeitado A espa osa resid ncia de Bakersfield era trocada por um min sculo conjugado John Doe estava sozinho agora As aulas come aram John Doe mostraria a todos quem era le e mostrou mesmo S que mostrou um John Doe muito diferente do que era conhecido em sua cidade no fim do per odo nenhum A na verdade B foi a melhor nota que conseguiu apesar de tanto esfor o dois C s um D e at mesmo um F a primeira reprova o em toda a sua vida O que fazer Como contar para o velho Doe Resolveu pro
158. partamento agradecer a sua visita e o seu interesse em trabalhar conosco Eu terei que me reunir com os demais membros do departamento antes de lhe dar uma posi o Dr Chan h uma coisa que quero lhe dizer antes de me despedir Sim N o importa se eu n o conseguir este empr go Fiquei muito contente de conhecer o lugar e as pessoas daqui foi uma tima oportunidade e um grande prazer Ficarei muito satisfeito em dar qualquer colabora o em outra poca Sa de l satisfeito com a visita mas achando que n o ia dar em nada Eles podiam ter outros candidatos e ensinar programa o por pouco dinheiro n o me pareceu ser bom neg cio Alguns dias depois Dr Chan me chamou para perguntar se eu estaria interessado em lecionar as mat rias de Microprocessadores e Sistemas Operacionais para turmas de gradua o e de p s gradua o ganhando o dobro do que inicialmente me haviam informado A posi o seria em meio tempo para que eu n o prejudicasse o andamento da minha tese em Berkeley E foi assim que da mesma forma que Rui Barbosa foi ensinar ingl s na inglaterra Paulo Bianchi foi ensinar computa o para os americanos Eu estava disposto a investir firmemente nesses cursos de modo a ter um material muito bem preparado para quando eu voltasse ao Brasil Microprocessadores ainda eram novidade e eu tive que escrever apostilas para os alunos preparar o laborat rio e organizar todas as aulas pr ticas Claro que isto facil
159. que contava dentre outros com o Marcos Borges Os sal rios n o eram excelentes mas plenamente acert veis Vim a receber exatamente o que ganhava em Santa Clara s que l em tempo parcial isto dois mil d lares Infelizmente havia alguma insatisfa o entre as pessoas alguns grupos que n o se davam com outros muita desconfian a e outros grilos que eu levei muito tempo para entender a raz o Foi nessa poca que o F bio conseguiu reunir dinheiro para regularizar a situa o funcional que at ent o seguia sem INPS e sem FGTS outras unidades s foram fazer isso muito mais tarde quando a pr pria Universidade conseguiu recursos A proposta de manter um laborat rio de desenvolvimento para a ind stria ainda era seguida e refor ada Os prot tipos que sa am do desenvolvimento estavam cada vez mais pr ximos do que uma ind stria desejaria em sua linha de produ o Mas ainda assim o entrosamento com a ind stria ainda deixava a desejar at mesmo a Embracomp criada dentro desta proposta j n o estava mais disposta a seguir o mod lo Eu ainda n o entendia a raz o O maior projeto que j hav amos ousado empreender seguia seu rumo com uma grande equipe e uma importante miss o aguardando para qualquer momento o financiamento que permitiria oferecer ind stria nacional uma alternativa para a importa o de tecnologia de computadores de m dio porte Mas este financiamento nunca viria a tempo somente quando se de
160. que ela tenha quem quiser que aproveite a parte boa e controle a que n o interessa Raul Voce diz que uma multinacional como uma pessoa ningu m perfeito Bianchi E mais ainda uma pessoa que procura sobreviver n o necessariamente boa ou ruim mas tomar as atitudes que lhe pare am mais atraentes durante a sua caminhada Podemos usar v rios livros que conhe o como refer ncia N o vamos citar pol ticos somente t cnicos Raul Legal e depois onde vamos publicar Eu tenho algumas id ias Voce tamb m n o estaria pensando de usar um exemplo pr tico no texto Bianchi Como assim Raul Por exemplo algum caso que tenha ocorrido ou que possa ocorrer com alguma companhia conhecida isto daria mais for a argumenta o Bianchi Eu conhe o alguns exemplos sim voce sabe que a ind stria de computa o est se desenvolvendo no Brasil mas que esta ind stria depende de importar circuitos integrados que n o s o feitos no Brasil H pouco tempo uma dessas ind strias brasileiras me encheu o saco para achar para les um circuito que n o existia no Brasil Encontrei por aqui sem grande dificuldade mas tive uma surpresa Raul Qual Bianchi A marca no circuito dizia Made in Brazil Raul Voce acabou de dizer que n o se fabrica no Brasil Bianchi Corrijo Parte da fabrica o pode estar sendo feita no Brasil assim como nas Filipinas Mal sia Taiwan e outros lugares on
161. que voce procura o que voce busca o grande sonho americano Voce ainda vai ajudar a incrementar o comercio entre os dois paises que o que o governo americano vive dizendo ser a panac ia universal Se os idiotas da imigra o se meterem com voce ent o estar o negando toda a escala de valores que se ensina nas escolas e que se l nos jornais Eu duvido que eles se atrevam Ao inv s de uma deporta o voce mais mereceria uma estatua em pra a p blica V em frente e conte comigo para o que precisar Era s o que eu estava precisando quer dizer eu precisava menos ela n o precisava ter exagerado Infelizmente n o pude levar a sociedade adiante com o Raul que precisou voltar ao Brasil mas agora eu n o ia voltar atr s Comecei a procurar dentre os meus colegas quem poderia ajudar nesta empreitada Ken Carlock era um veterano da USAF na guerra do Vietn que teve sorte bastante de n o ter seu avi o abatido As nicas cicatrizes que possu a foram causadas pelos pr prios colegas americanos que torturam os recrutas durante o treinamento para les j estejam acostumados caso venham a cair em poder do inimigo Ken estudava Bioengenharia no mesmo departamento que eu e j hav amos trabalhado em v rios projetos juntos Al m disso havia uma vantagem definitiva A porta da casa dele ficava a menos de dois metros da minha Entrei na minha ag ncia do Banco da Am rica e peguei um folheto Como estabelecer seu pr prio neg c
162. r afinal seria preciso evitar a discuss o de quem foi o respons vel Em mais alguns segundos o corpo de John se esborrachava no ch o E assim terminou de modo decepcionante uma vida e uma hist ria que podia ter sido bonita Para os milh es de telespectadores aquela noite s havia uma pergunta 81 E assim sa passaram quam diria vint anos Porqu le fez isso Se casos como este aconteceram ou n o voc s n o precisam saber mas em Berkeley como em quase toda universidade americana as janelas da torre agora t m grades e vidros blindex EP LOGO E o dia do exame chegou Novamente os corredores do quinto andar do Evans Hall assumiram o mesmo aspecto m stico e pesado Portas abrindo e fechando gente entrando e saindo todos preocupados e o esp rito de competi o sempre presente A desgra a do seu colega pode ser a sua felicidade Mas dessa vez foi diferente eu passei Agora n o tendo que me preocupar com besteiras eu finalmente ia poder levar meus estudos a s rio PARTE XIV Eu tinha um dinheiro e um amigo emprestei meu dinheiro ao meu amigo Fiquei sem meu dinheiro mas continuei tendo um amigo Ai eu pedi o meu dinheiro ao meu amigo fiquei sem meu dinheiro e sem meu amigo Rudyard Kipling O GRANDE EMPRES RIO O t rmino desta fase de exames foi de fato uma ressurrei o para mim A vida agora voltava a ter algum significado Livre da preocupa o mesquinha com assuntos qu
163. r forma o sal rio de professor d para levar uma vida bem confort vel e excitante Ningu m procura convencer ningu m de que quem quer ser professor deve renunciar s coisas boas da vida sem essa cara Isso papo de subdesenvolvido E voc s sabiam que Berkeley n o uma institui o de ensino Pois fiquem sabendo Como cerca de 50 dos alunos de p s gradua o Berkeley se considera uma institui o de pesquisa Na verdade essa afirma o usada por muita gente para justificar a sua incompet ncia como professor mas de fato a pesquisa importante e levada muito a s rio sendo que a quantidade de receptores de pr mios Nobel em Berkeley bem grande Voc s conhecem a fotoss ntese foi descoberta em Berkeley ouviram falar do Ciclotron foi inventado em Berkeley e a teoria do valor econ mico tamb m Voc s podem n o acreditar mas de alguma forma o mero fato de voc respirar o mesmo ar que essa gente altera o seu metabolismo e suas fun es cerebrais Infelizmente a ingest o do mesmo ar que as pessoas med ocres respiram tamb m pode produzir outras altera es PARTE XI A SAUDADE MATA A GENTE Inverno novembro no hemisf rio norte de 1974 era pouco antes das 6 da manha e ainda estava escuro e frio apesar do aquecimento ligado Meus ltimos momentos de sono s o interrompidos pelo toque do telefone Triiim Tritim Al Al o professor Bianchi por favor Voz da Rosinha le mesmo
164. r o tempo de uma opera o de 890para 7 2 microssegundos Isso seria fant stico mais ou menos isso claro que como voc sabe qualquer programa tamb m vai executar muitas outras instru es comuns e que v o continuar com a mesma velocidade mas de qualquer forma deveremos ter um ganho muito grande em velocidade 13 O Patinho Felo da USP 14 FADD FSUB FMULT e FDIV eram as subrotinas que executavam respectivamente as opera es de soma subtra o multiplica o e divis o de n meros reais no 1130 A id ia me parece legal acho que pode dar certo Mas como vamos fazer para fabricar isso para todo mundo Voc sabe que o B S DF tem v rios tipos de financiamento para incentivar novas tecnologias acho que n s vamos ter condi o de fazer um contrato com uma empresa que fabrique o equipamento na condi o de que o BNDE compre uma parte da produ o o que ali s deve ser mole porque grande parte desses 1130 pertencem ao pr prio BNDE F depois vamos procurar outros projetos Claro eu passei muito tempo pensando e achei que este seria um bom in cio mas precisamos identificar outros problemas que tenhamos condi o de resolver e transform los em projetos tamb m Pois j que voc acha isso deixa eu te contar uma id ia que talvez tamb m possamos tocar temos hoje muitos usu rios e cada ano aparecem mais alguns Todos les dependem das perfuradoras de cart o para fazer seus programas essa
165. r um novo chefe no DCC Quem poderia ser A computa o era ainda muito nova e seria muito sens vel a uma mudan a brusca de orienta o Era preciso algu m que tivesse muita experi ncia com computadores e que tivesse tamb m uma boa forma o acad mica pois afinal n s est vamos em uma universidade s um professor consegue argumentar com outro professor Eu soube que n o faltaram sugest es de se indicar quem sabe o professor fulano da engenharia muito boa pra a apesar de n o saber nada de computador essas id ias s o muito antigas mas volta e meia voltam a aparecer Felizmente o Major foi muito firme pois uma bobagem nessa hora teria feito uma historia muito diferente Denis Fran a Leite ex aluno do Major no ITA tinha o Mestrado em Computa o pela Purdue University e devia estar muito tranquilo e feliz com sua fam lia trabalhando na IBM no laborat rio de Poughkeepsie N Y N o vou contar para voc s a hist ria de como o Major conseguiu convenc lo a voltar pois eu n o conhe o os detalhes S sei dizer que os amigos do Denis disseram que le estava louco em voltar para c O novo chefe era mineiro muito s rio e falava pouco Nosso conhecimento do 1130 j era bastante bom mas com o novo chefe veio a ganhar uma nova dimens o que se iniciou com o incidente que vou contar Um dia come amos a notar que o chefe estava chegando todos os dias muito cedo e sempre o encontr vamos na sala do 1130 olhando para as
166. rabalho e ao de nossos colegas Aos que est o hoje conosco e sem nenhuma d vida a muitos que est o afastados Todos trabalharam todos se esfor aram cada a um a seu modo Encarar com seriedade o trabalho investir no aperfei oamento e na compet ncia de cada um selecionar o pessoal novo rigidamente dentro da compet ncia evitando o empreguismo por raz es pol ticas ou familiares esfor ar se por manter um bom ambiente de trabalho e sal rios coerentes com a realidade foram alguns dos princ pios que a hist ria comprovou serem corretos Assim deixamos de ser um pequeno departamento assim nos incorporarmos universidade assim nos envolvemos com a tecnologia inform tica assim participamos do ensino de p s gradua o e de gradua o assim chegamos at aqui e assim se passaram quem diria vinte anos
167. ram uma semana para instalar o meu telefone o inesquec vel 524 4794 Outra provid ncia urgente foi visitar o office of advisers to foreign students ou seja os orientadores de estudantes estrangeiros Essas pessoas t m como obriga o dar toda a orienta o aos estudantes estrangeiros l recebi um folheto de 10 paginas explicando v rios fatos sobre a vida neste outro mundo Alguns eu j sabia tais como a necessidade de contratar seguro sa de para a fam lia eu como estudante j estava segurado mediante uma taxa obrigat ria paga pelo CNPq mas no folheto havia uma boa explica o de como funcionavam os principais planos e quais as vantagens e desvantagens de cada um Outras coisas foram novidade por exemplo que o seguro de autom vel voc n o obrigado a ter seguro mas se houver acidentes com vitimas ou com preju zos voc espera na cadeia at acertar as contas tinha um pre o extremamente vari vel e que em geral para quem n o tem hist rico como era o meu caso de estrangeiro era cobrada a categoria de risco Mas o folheto tamb m explicava que esta categoria podia variar muito com a cara do 19 N o liguem puro deboche fregu s e por isso resolvi procurar um corretor que confiasse em mim e me colocasse na categoria preferencial a de custo mais baixo o que consegui sem grande esfor o Outra provid ncia que tomei imediatamente foi tirar uma carteira de motorista da Calif rnia pois apesar de que a nossa ca
168. rcuito integrado Era este que est vamos propondo quebrar agora Vimos que a fabrica o dos circuitos realmente necessitava de equipamento car ssimo mas o trabalho mais interessante que era como projetar o circuito n o precisava de tanto Porque ent o n o projetarmos os circuitos e mand los fabricar no exterior enquanto n o tiv ssemos f bricas Essa foi a linha que seguimos Desde ent o o ber come ou a organizar o grupo de VLSI que foi sendo refor ado ainda nos pr ximos SEMICROS com instrutores selecionados Nunca conseguir amos o dinheiro em d lares necess rio para encomendar os circuitos atrav s dos nossos financiadores Mais uma vez os recursos da OEA que j estavam acabando que viriam em nosso socorro permitindo a fabrica o de uns poucos circuitos de teste mais tarde Em 1981 foi escolhido o coordenador de n mero seis que viria a ser o Couceiro eu viria a ser o coordenador substituto O novo coordenador achava que os servi os aos usu rios precisavam de uma grande reformula o e sabendo que eu n o recusaria convidou me para dirigir esta rea Acad micamente foi um rro para mim ter aceito porque assim me afastei do grupo de pesquisa mas concordei que era um trabalho que precisava ser feito e porisso n o recusei 32 Luiz Antonio Couceiro hoje na diretoria da EBC 33 Como o NCE n o tem regimento aprovado n o existe formalmente a figura de um vice coordenador 34 V rias v zes eu
169. rteira sirva tamb m l a carteira de motorista o documento que se precisa carregar para qualquer eventualidade identifica o uso de cheques etc A entrada oficial na sociedade de consumo s ocorre quando voc tem pelo menos um cart o de cr dito porque ningu m aceita nem cheque se voc n o mostra mais algum documento alem da carteira de motorista Mas infelizmente n o adianta pedir cart o de cr dito porque ningu m acredita nos nossos comprovantes de renda Para me quebrar o galho tive que encher o saco do subgerente do Banco da America para que depois de consultar o Banco Nacional e o Banco do Brasil que n o se deu ao trabalho de responder me arrumasse um cart o de garantia de cheques Mas a entra o milagre do computador Voc pede o cart o de cr dito fornece todos os dados e ningu m acredita mas um dia o arquivo de novos alunos da universidade se transforma numa mailing list do cart o de cr dito e a voc tem cr dito garantido sem voc mostrar nenhuma comprova o mas antes disso n o adianta voc mostrar que aluno que vai aparecer na lista etc E assim em pouco tempo estabeleci a minha cole o de cart es de cr dito cada um com um limite de credito maior do que eu teria hoje no Brasil Andrea que estava com 5 anos foi matriculada no Jardim de Inf ncia de uma das escolas p blicas de Albany conforme indicado na correspond ncia n o houve problema de vaga O Ricardo ent o com 3 anos ai
170. s mais tarde vim a saber que esta a apar ncia de todos os dias de outono primavera e ver o S no inverno que as nuvens encobrem o c u e chove todo dia Como todo bom brasileiro levei o endere o dos colegas da Coppe que estavam por l e assim fui acabar na casa de Paulo e Sheila Veloso que me deram as primeiras dicas de como sobreviver em Berkeley Berkeley uma cidade de 140 000 habitantes localizada do outro lado da ba a de S o Francisco pode se por assim dizer que Berkeley o Niter i de S o Francisco Uma boa parte da popula o tem sua vida relacionada com a Universidade que tem 27 000 alunos e que a institui o mais importante da cidade Albany uma cidade de 14 000 habitantes vizinha a Berkeley e onde est localizada uma das vilas de estudantes onde eu vim a morar uma cidade muito pequena muito limpa e agrad vel Grande parte dos moradores s o pessoas idosas e conservadoras mas nem por isso antip ticas A vila que fica a mais ou menos 10 quil metros do campus tem cerca de 1 200 habitantes voc s podem portanto calcular que quase 10 da popula o de Albany mora na vila dos estudantes e a prefeitura bem como a c mara municipal est o perfeitamente ao alcance dos estudantes atrav s do voto Os apartamentos que podem ser de um ou dois quartos se destinam exclusivamente a estudantes casados e no caso de dois quartos com filhos A constru o muito simples mais simples que a dos conju
171. s Apesar de que n o exista o vestibular o ingresso na UC muito dif cil os alunos s o escolhidos pelas comiss es de sele o com base no hist rico escolar do segundo grau e somente os melhores alunos das melhores escolas s o admitidos na UC a admiss o em Berkeley acaba sendo ainda mais rigorosa do que em outros campus Como voc s sabem o sistema de notas comumente usado nos EUA atrav s de letras isto o aluno tira A A B B etc ao inv s de notas de zero a dez Para efeito de c lculo de m dias ou coeficiente de rendimento o temido GPA atribui se o valor 4 a uma nota A 3 ao B etc Certa vez estive conversando com Maya Ramamoorthy e ela dizia Sabe professor Franca qual o GPA que precisamos ter para entrar em Berkeley atualmente Tr s ponto nove respondi crente que havia chutado um n mero absurdamente alto N o isso o que n s gostar amos que fosse Mas como Eu disse tr s ponto nove porque o m ximo poss vel seria quatro correspondendo a um hist rico puramente de As como se pode fazer mais do que isso Matriculando se nas turmas de honra nas quais somente s o admitidos os melhores alunos e o professor nos arranca o couro para saber quem o melhor O campus de Berkeley adquiriu ao longo dos anos a reputa o de ser a sede da inova o e da contesta o O pr prio cat logo de Berkeley tenta explicar a personalidade desse campus como n o se dedicando simplesmente a
172. s perfuradoras s o muito caras apesar de ser um equipamento muito velho e s a IBM tem delas para vender N o vamos poder continuar comprando cada vez mais perfuradoras pensar em um sistema de Time Sharing para atender a todos os nossos usu rios economicamente invi vel Andei pensando em ligar alguns terminais a um minicomputador s para funcionar como substituto de perfuradoras at ai deu para perceber que o pre o de um sistema com digamos 32 terminais mais ou menos o mesmo que o de 12 perfuradoras al m do mais este sistema seria muito mais moderno e poder ser mais til aos usu rios fazendo coisas que n o se pode fazer com as perfuradoras Bianchi isso mesmo justamente esse tipo de projeto que vamos precisar Veja bem do mesmo modo que o PPF isto vem a resolver um problema importante que n s temos e conhecemos muito bem Uma grande parte do trabalho consiste no desenvolvimento de software um software complexo mas que voc mesmo tem condi o de desenvolver Os equipamentos poderiam ser comprados mas tamb m podemos aproveitar a oportunidade para desenvolver os terminais que logicamente ser o necess rios em quantidade Vamos ter trabalho de software e de hardware Porque voc n o tira da o seu trabalho de tese Durante esse per odo o Ivan fez um levantamento minucioso do que poderia ser feito e qual o material e pessoal necess rio para levar a id ia adiante Na verdade al m do PPF j est vamo
173. s come ando a pensar em outros projetos para execu o O Ivan voltou ent o para a Calif rnia e enquanto dava os retoques finais em sua tese reuniu tudo o que lhe pareceu necess rio trazer do exterior para dar prosseguimento ao projeto que n o era simplesmente de desenvolver o PPF mas sim de transformar o NCE num grande centro de desenvolvimento para apoiar a ind stria Um dos primeiros mas decisivos passos para a obten o deste objetivo foi a contrata o do Eber Schmitz e do Newton Faller pioneiros do grupo de Hardware e que estavam cursando a Coppe A partida para o desenvolvimento tecnol gico em computa o j havia sido dada mas agora o NCE estava entrando no p reo E assim o NCE abriu a sua terceira frente de atua o com toda a pompa em grande estilo e com a mesma garra que criou as duas primeiras frentes O Processador de Ponto Flutuante PPF e o PRETEXTO Preparador de Textos e Programas foram os primeiros projetos desenvolvidos nesta linha A atividade nesta nova frente que se abria era muito intensa algumas pessoas novas eram contratadas projetos de financiamento eram elaborados empresas interessadas na comercializa o eram procuradas e os trabalhos come avam a ser desenvolvidos As perspectivas eram bastante animadoras o Conselho de Ensino e Gradua o CEG da UFRJ destinou uma quantia significativa para adquirir o PDP 11 10 que seria usado no sistema pretexto isso foi uma grande surpresa pois era a prim
174. s havia obviamente as exce es porque o ritmo de crescimento do NCE era mais acelerado do que o da forma o de pessoal Mantendo a Honra O envolvimento do NCE com o vestibular foi aumentando a Funda o Cesgranrio estava em forma o e os exames passaram a ser corrigidos no 360 atrav s de um novo sistema Dentre os acontecimentos pitorescos ocorridos posso lembrar que em um desses exames o Serpa conseguiu contornar o problema de comunica o com o NCE que s dispunha do ramal 45 da mesa telef nica da UFRJ atrav s do apoio do ex rcito Um caminh o equipado com r dio permaneceu na porta do Bloco B durante todo o vestibular para garantir nossa comunica o No ano seguinte tamb m ocorreu um epis dio interessante Estava entardecendo e o processamento seguia normalmente quando de repente sumiu a energia Depois de alguma investiga o conclu mos que o conversor de frequ ncia localizado no subsolo tinha pifado Neg cio seguinte A tens o el trica que chegava para n s era abaixo da especifica o e por isso us vamos um equipamento eletro mec nico para aument la Sem este equipamento era imposs vel ligar o computador claro que disp nhamos de um back up na IBM mas isso s poderia funcionar para processamentos pequenos n o para o vestibular completo N s ramos possivelmente a nica instala o usando o sistema operacional OS no Brasil e um processamento em outra m quina iria requerer o blocki
175. ses planos pois nada impede que as id ias mais absurdas que venham a ser usadas n o Fizemos portanto nossos planos de acordo com a orienta o de cada agente entregamos uma vers o para cada um deles e fomos os primeiros de cada uma das filas Quinzenalmente eu verificava a situa o que nunca mudava de cada um deles At mesmo este acompanhamento ficou dif cil mais tarde pois devido falta de dinheiro a Varig cortou o nosso cr dito voc s n o pensam que naquele tempo se usava passagem da reitoria n o 7 Foi quando me chamaram da Finep para dar o parecer no pedido de custeio do Rio Datacentro Aceitei com o maior prazer Observei que o pedido inclu a o pagamento integral do sal rio de todos os funcion rios n s s costum vamos pedir a complementa o todas as despesas com a manuten o dos equipamentos e mais ainda uma parcela referente aprecia o dos equipamentos 42 Refiro me aqui a SEI SESU Secretaria do Ensino Superior do MEC Secretaria de Inform tica do MEC e CAPES 43 0 n cleo da PUC 44 A parte que a UFRJ n o pagava Bem que eu fiquei surpr so de ver que todas mas todas mesmo as despesas seriam custeadas pela Finep ao passo que n s receb amos um apoio muito reduzido O que voc s acham que eu fiz isso a Gilberto acho que a Finep deve conceder o apoio integral ao pedido da PUC Para falar a verdade eu acho que devia ser tamb m permitido o pagamento de equipame
176. sidade fizer um planejamento integrado do uso de micros E assim foi feito na falta de condi es para realizar abundaram as iniciativas de E s E s n42 planejar Quinzenalmente eu percorria a Via Crucis em Bras lia e pasmem Cada vez ouvia falar de um plano diferente O PROCOMB e Programa de Computadores Brasileiros envolvia a participa o dos fabricantes nacionais que venderiam com desconto e de alguns financiadores que dariam o dinheiro esperava se com isso instalar computadores nas universidades brasileiras Apresentamos nosso pedido Vinte microcomputadores para atender o ensino de computa o com laborat rio depois expandir amos para mais 40 Cerca de um ano depois fomos recompensados com um micro parece piada mas n o At deu vontade de perguntar como eles achavam que dev amos usar este micro no laborat rio No total este programa n o chegou a comprar mais do que vinte microcomputadores de oito bites parece piada mas n o N o esque am que a UFRJ a maior universidade federal e a segunda maior do pais muito mais f cil contentar dez reitores de universidades pequenas do que fazer qualquer coisa pela UFRJ claro que eu n o precisei esperar at hoje para desconfiar de que tudo isso n o passava de conversa fiada mas pensem bem e se um desses planos fosse s rio e eu n o tivesse mandado o nosso projeto olha o remorso Eu n o me podia permitir ao luxo de deixar o NCE fora de nenhum des
177. sistente para adjunto associate professor porque a j se tem um contrato permanente Devido a isso os assistentes vivem competindo entre si j que a Universidade nunca contrata todos Quem n o se destacou bastante pode talvez ter seu contrato renovado por m mais provavelmente tentar outra universidades Uma universidade nunca contrata os seus rec m formados Se voc se acabou de ter o seu doutorado em Berkeley e quiser ser professor voc tem que come ar por outro lugar para depois voltar se quiser O emprego de professor garante o sal rio por 9 meses no ano as f rias n o s o remuneradas e por isso durante o per odo de ver o todos se envolvem em alguma atividade diferente A cada sete anos o professor tem um ano sab tico recebe sem trabalhar que normalmente aproveitado para escrever um livro trabalhar em outra universidade etc A Universidade espera que cada professor arrume financiamento para tocar suas pesquisas pagar seus auxiliares de pesquisa viagens etc no entanto esses contratos n o podem ser usados para complementar o seu sal rio A consultoria livre mesmo para o professor tempo integrai Cada professor tem que afixar na sua porta um hor rio durante o qual estar dispon vel para atender aos alunos Berkeley sendo uma universidade p blica n o paga bem No meu tempo os sal rios deviam variar de 27 a 40 mil d lares anuais dividam por 9 mas acredito que hoje devam chegar perto de 60 De qualque
178. sos a tempo e a hist ria que eu estaria contando hoje seria bem diferente 38 Ser 39 Nem todos concordam comigo Meti na cabe a que al m de manter um bom padr o de sal rios era imprescind vel mudar os equipamentos instalados no NCE n o esque am de que naquele contexto isso era muita pretens o Desde cedo mantive frequente contato com o S lvio Rocha sem esquecer a IBM a FUJITSU e a Control Data Eu queria tentar negociar algum acordo nos moldes de 74 onde o fabricante instalava a m quina por um ano enquanto eu levantava o dinheiro mas infelizmente em 74 o governo havia definido que daria dinheiro para as Universidades ao passo que em 83 todos sabiam que o governo estava cortando as verbas de todas as universidades A IBM chegou a oferecer um significativo desconto de 30 para ser pago em servi os mas onde eu arranjaria os outros 70 Silvio Rocha at conseguiu que a Burroughs instalasse um computador por um ano mas ter amos que pagar tendo ou n o tendo dinheiro era imposs vel assumir este compromisso A Control Data poderia deixar um equipamento em demonstra o por cinco meses desde que tamb m assum ssemos o compromisso da compra Nosso grande amigo Fiszel se prontificou a financiar a parte nacional mas era imposs vel negociar a parte do pagamento em d lares Ao mesmo tempo que eu chorava com os fabricantes pesquisei todas as fontes poss veis para financiar o novo equipamento A Finep o MEC o
179. ssores do departamento e em seguida teria uma entrevista com cada um d les Santa Clara uma pequena cidade localizada no vale do sil cio que se originou da miss o de Santa Clara fundada pelos Jesu tas por volta de 1810 Toda aquela regi o da am rica espanhola era cheia dessas pequenas igrejas cercadas de muros fortificados que se chamavam miss es Em geral as miss es eram constru das distando um dia de viagem a cavalo de tal modo que o viajante podia passar a noite em seguran a nas mesmas As miss es deram origem as cidades da regi o e na maioria delas as ru nas se mant m preservadas ou restauradas Existem mais de setecentas na Calif rnia e possivelmente outras tantas no M xico j que antigamente era tudo a mesma coisa A miss o de Santa Clara uma das que se encontra em estado impec vel e se localiza dentro da Universidade A universidade particular mantida pelos jesu tas e contava com cerca de cinco mil alunos nas diversas reas Devido localiza o privilegiada com rela o proximidade das industrias do vale do sil cio ao padr o de qualidade e sobretudo agilidade administrativa a universidade estava justamente nesta poca se preparando para um grande desenvolvimento na rea tecnol gica O departamento contava com apenas oito professores em tempo integral e com um corpo de trinta entre os quais o Glen Langdon instrutores em tempo parcial Havia apenas dois professores de computa o o Dani
180. stalada gratuitamente por um per odo de 3 meses e que durante este tempo dever amos estudar criteriosamente o desempenho desta m quina e caso constat ssemos ser verdade que ela era mais r pida que o 360 comprometer nos amos a compr la Que maravilha n o era Um neg cio da china Teria sido ali s uma boa id ia tamb m para a IBM que poderia instalar um modelo 50 mais r pido que o 40 depois um 65 mais r pido que o 50 e assim rapidamente poder amos estar com um modelo 91 Como eu j disse o NCE estava numa pol tica muito agressiva de implanta o de inform tica na UFRJ e esta pol tica de se adiantar ao usu rio e for ar a inform tica pela goela abaixo produziu um grande desgaste do NCE e principalmente do chefe um ativo participante da CEIPED Comiss o Especial de Implanta o do Processamento Eletr nico de Dados Esta foi mais ou menos a metamorfose porque passou o NCE nos seus primeiros anos O esfor o dispendido juntando se com uma atitude um tanto arredia da reitoria devido a nossa excessiva agressividade na implanta o do processamento eletr nico de dados na Universidade fruto da nossa inexperi ncia pol tica causaram um grande desgaste do chefe que j come ava a desanimar e a pensar em deixar a Universidade Eu e Couceiro tentamos inutilmente dissuadir o chefe dessa id ia mas n o conseguimos A Primeira Mudan a E a chegamos a um outro ponto crucial de nossa hist ria que foi a primeir
181. tamb m tentando implantar os seus centros de computa o e tinham problemas semelhantes O chefe procurou o pessoal dos outros CPD s e juntos elaboraram um projeto de plano de cargos e sal rios cujo pagamento acabou sendo aprovado pelo Minist rio da Educa o Este mesmo plano devidamente adaptado sobreviveu at o chamado reenquadramento ocorrido em 1986 O quadro de pessoal conseguido a duras penas pelo chefe e que parecia ser razo vel para a nossa sobreviv ncia n o foi capaz de nos atender por mais de um ano a promo o de funcion rios era virtualmente imposs vel seguindo estritamente as regras do servi o p blico e logo no primeiro ano deu para notar que a corre o salarial pela infla o que era da ordem de 10 ao ano ficava muito longe da situa o do mercado Da pudemos tirar uma primeira conclus o O que hoje timo amanh pode ser p ssimo Apesar de toda a estabilidade do servi o p blico Assim em 1972 passado pouco mais de um ano desde que a Universidade assumiu o pagamento dos funcion rios a coordena o se viu obrigada a buscar o apoio de rg os externos para contornar a situa o E assim fomos recorrer ao BNDE que ainda sustentava toda a Coppe e que foi tamb m respons vel pela pr pria compra do nosso 1130 e por parte do 360 O projeto de apoio institucional ao NCE foi portanto enviado ao BNDE e aprovado ao fim de alguns meses Ainda me lembro do dia em que o H lio Salles voltou do
182. tas de ronda Olha Bianchi estou apertando os parafusos com muita for a que para essa m quina n o sair mais daqui Que timo aproveite e fa a logo uma solda vai ser mais dif cil ainda para retirar A cada semana aguard vamos a libera o da m quina mas primeiro tinha uma pane aqui depois outra ali e a se passava mais uma semana E os programadores continuavam tendo que usar o calhambeque mas agora era diferente havia uma esperan a Assim foi se aproximando o dia da primara prova A nova m quina ainda n o estava liberada mas faltava pouco N o faz mal n o h de ser nada porque agora havia uma esperan a Foi realizada a primeira prova E os programadores continuavam tendo que usar o calhambeque mas agora era diferente havia uma esperan a Que durou at a ltima prova A instala o n o se completaria a tempo para o processamento da corre o das provas mas indiscut vel o efeito moral que foi trazido Somente para as reclassifica es que a nova m quina estaria liberada Embora sem efetuar o pagamento a reitoria viria em seguida a assumir o contrato dessa m quina Eu n o veria essa m quina ser desligada na minha coordena o somente quando novas m quinas foram instaladas no fim de 85 que o computador de efeito moral seria retirado VAX e os Laborat rios P blicos Um dia o Fiszel apareceu com a seguinte pergunta Bianchi voc n o quer trocar o seu PDP 11 70 por um
183. terminados assuntos s o os centros de excel ncia Segundo se o apoio n o tiver restri o sabemos que em pouco tempo os usu rios v o estar reclamando que precisam de um computador muito maior e que o apoio n o serviu de nada E como fazemos ent o Sugiro o seguinte Que tal voc reunir os seus usu rios mais importantes para nos apresentar o trabalho que les v m realizando Depois disso poderemos resolver quais as reas a que poderemos dar apoio direto Uma semana depois fizemos a reuni o Desnecess rio dizer que v rios usu rios n o acreditavam em mais nada A IBM prop s em seguida dar um apoio Inform tica Engenharia Civil e p s gradua o em Administra o A configura o proposta era completa com terminais software e at as despesas de instala o A universidade s seria respons vel pelo custo de manuten o ap s o primeiro ano do conv nio A proposta inicial de conv nio que nos foi encaminhada para minha surpresa era bastante limpa muito pouca coisa a ser criticada O meu objetivo inicial que era ter uma m quina para uso geral n o era atendido mas achei que resolvendo o problema de um grande grupo de usu rios estaria em melhor condi o de procurar a solu o para os demais O conv nio estava pronto para ser assinado Mas algu m achou que o assunto devia ser mais discutido Infelizmente as pessoas n o s o ego stas Porisso n o conseguem continuar como estavam se o vizinho
184. tes de mem ria Realmente o centro de servi os era muito bem organizado apesar de que o trabalho d les fosse muito facilitado pelo fato de que os usu rios j se haviam adaptado a um esquema de que todo servi o era direta ou indiretamente pago Assim n o havia reclama o de demora no servi o se o usu rio estivesse com pressa bastava pagar mais por uma prioridade maior se o usu rio n o tivesse dinheiro ou melhor cr dito para pagar a prioridade bem a a o centro n o tem nem nunca teve nada a ver com isso Muita coisa foi aproveitada dessa visita foi criada a Divis o de Assist ncia ao Usu rio DAU cujo primeiro diretor foi o Miguel Borges e come amos a elaborar um sistema de contabilidade de uso de computador que aos poucos evoluiu para o que temos hoje Estava claro que as nossas instala es no Bloco B do Centro de Tecnologia n o seriam suficientes para nos abrigar por muito tempo e a Universidade j estava portanto prevendo a constru o de um pr dio mais apropriado Inicialmente nos foi sugerido ocupar o oitavo andar de um pr dio de dez andares que seria constru do para abrigar o Centro de Ci ncias Matem ticas e da Natureza Achamos absurda a id ia que supunha que o centro de computa o n o era um lugar frequentado pelos alunos O projeto foi rediscutido e com toda a paci ncia e com grande aten o o pessoal do ETU foi preparando um projeto de acordo com o que n s precis vamos um sala d
185. tr las o ambiente Quando voltei a olhar para a pista um nico cliente a ocupava Cabelos louros al m dos ombros e barba em estilo adequado Estava vestido de branco usando uma dessas cal as que parecem servir de pijama e tinha os p s descal os Estava entusiasmad ssimo com a m sica e o seu estilo revelava claramente que le s podia estar curtindo o maior barato Sem deixar o corpo sair do ritmo foi acompanhando o movimento circular das pequenas luzinhas que corriam pelo ch o le estava muito atento e com o maior cuidado como se n o quisesse assustar as luzinhas foi se abaixando enquanto dan ava e suavemente estendendo a m o para o ch o at que um daqueles reflexos luminosos se fixou em sua m o Seu rosto transbordou de alegria Voc viu o que le fez Ele consegui pegar uma estr la na m o Respondeu Aurea entusiasmada Porisso le est t o feliz Pudera a primeira pessoa que eu vejo que conseguiu pegar uma estr la na palma da m o Foi ent o que eu aprendi a n o dizer que imposs vel alcan ar uma estrela sem antes ter pelo menos esticado o bra o PARTE XVI Tu se tornas eternamente respons vel por aquilo que cativas Antoine de Saint Exupery O Pequeno Pr ncipe O PANEG RICO DE SANTA CLARA No meu ltimo ano em Berkeley acabaria o meu sal rio da UFRJ comum que os estudantes de doutorado tenham uma bolsa de assistente de pesquisa paga pela universidade em que estuda durante
186. u rios ficassem conosco na sala do computador voc s conseguem imaginar isso e durante a execu o dos programas alguns levavam meia hora convers vamos muito aprend amos sobre os mais variados assuntos como os Autovetores e Autovalores a Transformada de Fourier a lgebra Booleana o m todo de Quine McKluskey muito mais tarde cheguei a conhecer o pr prio McKluskey o m todo de Runge Kutta Nessa conversa troc vamos tamb m muitas id ias sobre como programar o 2 Hoje Brigadeiro Tercio Pacitti 3 Departamento de Calculo Cientifico departamento da Coppe destinado a dar apoio computacional aos professores e alunos em tese Mais tarde se transformou no NCE 4 Antonio faleceu em 1981 que foi muito til para n s e para esses usu rios Algumas vezes cheg vamos a desligar a m quina durante o dia para esperar que aparecesse algu m com um programa Ser que voc s conhecem alguns dos usu rios que conhecemos nesta situa o Vamos ver Luiz Guinle Dirceu Machado Paulinho Alcantara Arlindo Rocha Miguel Hirata Ricardo Spinelli Luiz Pinguelli Zieli Gilberto Alves da Silva Belkis e Benjamin Valdman Paulo Lemos Antonio Cl udio Sochaczewski Jos Abel Royo dos Santos mais tarde reitor de Itajub e que me ensinou os cumprimentos Ad nub e Ad rem mais pr prios para a universidade do que i e ol Al m dos alunos em tese t nhamos tamb m alguns usu rios externos notadamente o pessoal da GE que eram o Loure
187. ue eu a levasse ao Blum que era o chefe do departamento que assinaria por cima dele e possivelmente se incluiria tamb m na banca Estou bem arranjado Agora ainda posso ficar com uma banca de seis Mas de qualquer forma achei que o Blum seria menos incomodo do que o Smith entrando assim sem mais nem menos Mas nada disso aconteceu o Blum aprovou a banca como eu pedi E o dia do exame chegou Eu tentei me manter relaxado e calmo Havia preparado uma apresenta o com vinte transpar ncias mas tinha mais quarenta para as perguntas isso seria timo se eu pudesse apresentar material para cada resposta estaria mostrando que j tinha pensado nisso Apresentei as minhas id ias em pouco menos de uma hora e a come aram as perguntas Fui tirando as primeiras de letra mostrando transpar ncias j preparadas em discuss es com meus colegas afilhados do prof RAM Quando as perguntas come aram a ficar mais interessantes um fato impressionante aconteceu Carlo Sequin faz uma pergunta e Glassey se adianta em respond la antes que eu o fa a Zadeh faz outra e Marschak come a a discutir a resposta em pouco tempo surgiu um papo super animado onde os membros da banca ficavam complementando os seus conhecimentos e parei de responder perguntas para simplesmente participar da conversa Acabou o exame Como de praxe o candidato deve esperar fora da sala pelo resultado Fiquei impaciente com a demora mas finalmente passado algum tempo sa
188. ue foi muito conveniente para estudarmos O que voc s acham que aconteceria se n s f ssemos procurar um grande banco ou uma grande empresa americana dizendo que ramos estudantes de pos gradua o e que est vamos trabalhando em um sistema banc rio de processamento distribu do e que gostar amos de trocar algumas id ias com algum t cnico Eu achava que nos mandariam plantar batatas mas n o foi isso o que aconteceu Conseguimos ser atendidos pelos gerentes regionais do Crocker Bank e pelo da IBM de S o Francisco e tivemos um bom papo sobre nossas id ias O curso de Sistemas Operacionais fiz junto com o F bio e com o Miguelzinho Era um curso que tinha uso muito intenso de computador u n o era isso que a gente queria e que nos colocou pela primeira vez na vida na posi o de usu rios O servi o de computa o de Berkeley era bastante fraco e se baseava num computador Control Data 6400 operando em batch no subsolo do Evans Hall As perfuradoras usadas eram do tipo 026 muito mais antigas do que as que t nhamos aqui Basicamente voc entrava numa Fila para ler cart es e ficava esperando o resultado na impressora Ali s uma das impressoras era operada pelos pr prios usu rios que destacavam as suas listagens claro que quem usasse essa impressora tinha que ficar por perto Para o primeiro trabalho nos encontramos as 9 30 da noite e pens vamos ficar at a manh seguinte para liquidar logo com o servi o E assim
189. ue j t nhamos desde que de alguma forma uma parte desse dinheiro ficasse com eles Pois quando chega o desespero vai embora a amizade De qualquer forma conseguimos receber mais porem n o o suficiente para mudar o servi o oferecido PARTE XX OUTRAS AVENTURAS Perdi meu tempo escrevendo para adultos Monteiro Lobato O Computador de Efeito Moral Estava chegando a hora do vestibular A equipe habitual se preparava para o mesmo sacrif cio de sempre Mas agora era pior a velhice do B6700 j se fazia notar Muitas paradas o mesmo software de sempre n o havia nimo por parte do pessoal e nenhuma confian a de que a m quina fosse se comportar com honra E no entanto nada se havia conseguido fazer para mudar a situa o angustiante Diariamente no come o de cada tarde eu fazia uma ronda passando por todos os corredores pelo laborat rio de hardware atravessava a sala do computador saia na recep o de programas e voltava para o segundo andar Era uma ang stia para mim sentir a obstina o e perseveran a das equipes de trabalho completamente resignadas e desesperan osas de qualquer mudan a para melhor Era uma tristeza ver o Laerte a Eliana Pra a a Teca e tantos outros tendo que refazer v rias vezes o mesmo servi o devido s panes inesperadas Alguma coisa tinha de ser feita Com tristeza examinei nosso minguado or amento constatando que o nico dinheiro que entraria em caixa era o pagamento do pr
190. ui ver esta m quina instalada na coordena o mas n o faz mal o importante que ela veio e est aqui agora O charuto Nem sei onde foi parar de qualquer forma eu teria perdido a oportunidade de fum lo j que fiquei sem saber quando a m quina foi inaugurada OS CURSOS DE EXTENS O Um dos meios de sobreviv ncia que encontramos foi um projeto para a Embratel coordenado pelo Ysmar que envolvia dentre outras coisas um treinamento em inform tica Com isso foi aos poucos sendo montada uma pequena estrutura de cursos em n vel mais especializado Na incessante busca de dinheiro n o poderia deixar de acontecer que logo f ssemos notar o inter sse do p blico em um curso d sse tipo J era conhecido o curso de an lise da PUC 52 Jos Paulo Schiffini gerente de coopera o cient fica da IBM do Brasil e recentemente havia sido criado o da UFMG Viemos a saber que a receita d sses cursos em v rias universidades federais era superior dos projetos Finep para computa o Ent o porque n o vamos n s tamb m oferecer um curso como este Era a pergunta que viria em seguida e para a qual n o consegu amos vislumbrar uma resposta negativa Os preparativos foram feitos Um curr culo foi estabelecido os cartazes veiculados Os pedidos de inscri o come avam a chegar pelo correio J est vamos encomendando um laborat rio de microcomputadores que sempre hav amos sonhado seria usado pelos alunos do curso durante
191. upefato e aflito percebi que tamb m a minha estr la se apagava A minha volta a escurid o se desfazia e pude notar a presen a de muitos vultos que pareciam me olhar estavam sentados conversavam entre si riam bebiam e gesticulavam Foi se a m sica foi se o meu ch o de estr las em seu lugar ficou um piso frio sobre o qual repousavam meus p s descal os Desapontado comecei a caminhar as l grimas me alcan aram os olhos mas n o cheguei a derram las Eu n o estava triste estava emocionado minha estr la nunca mais voltaria mas ela foi minha por um momento x dk x O Keystone n o existe mais Era um pequeno Night Club frequentado por estudantes situado bem no centro de Berkeley Fomos l uma s vez j que n o t nhamos nada melhor para fazer Dois conjuntos modestos de Rock se exibiriam naquela noite por m como ainda era cedo apenas a discoteca se encarregava de manter longe o sil ncio Sentamo nos a uma mesa beira da pista de dan a e pedimos duas Margaritas que fomos bebericando enquanto aguard vamos o in cio do espet culo A frequ ncia era predominantemente de gente jovem vestida moda de Berkeley isto de qualquer maneira Cal as Jeans t nicas africanas cabelos emaranhados ou n o barbas de comprimentos diversos alguns de botas outros at descal os A luz foi minguando enquanto uma nova melodia se iniciava o facho de luz incidiu sobre o globo espelhado que imediatamente inundou de es
192. vamos com o chefe certo pois le n o desistiu nem se intimidou batendo se pelo ponto b sico da quest o ou a universidade quer um servi o de computa o decente e paga por isso ou fica com um servi o med ocre com outra equipe claro A persist ncia e tenacidade do chefe venceram e mediante um esfor o conjunto com outras universidades foi elaborada uma tabela aceit vel pela reitoria Nesta tabela os n veis superiores tinham vencimentos maiores que o de professores conforme j era a situa o do mercado a tabela tentava pagar 20 abaixo do mercado Voc s podem concluir que desde a sua cria o o NCE vem causando tumulto com rela o a sal rios O primeiro sistema que desenvolvemos para a universidade foi o do registro acad mico DRE logo seguido pelo pagamento PAPE apesar de ser um sistema muito simples causou o maior impacto na universidade porque antes dele o cr dito s era feito no dia 5 em algumas ag ncias podendo at mesmo levar mais uma semana em outras Desde ent o o pagamento passou a ser creditado por volta do dia 25 em qualquer ag ncia Bem pelo menos para alguma coisa este NCE serviu O DRE era obviamente um sistema muito mais complexo que o pagamento e ficava continuamente mudando de acordo com resolu es do CEG e com normas da DRE aten o eu disse normas n o disse Norma Coitado do Amauri que tava sempre as voltas com o Prof Fernando Pereira diretor da DRE O material sempre chegav
193. vemos compet ncia alguma e a eu pergunto de que teria adiantado termos estudado tanto Para qu teria servido o dinheiro que o pa s gastou com nossa educa o Tem raz o Talvez eu prefira um risco d sse tipo Talvez seja muito idealismo mas pense bem de um lado temos um empregador que vive querendo desvalorizar nosso trabalho Podemos vencer por meios pol ticos mas estar amos mesmo convencidos de que ter amos merecido a nossa vit ria De outro lado temos as nossas id ias recompensadas diretamente pelo mercado Vox populi vox dei E assim seguia a vida no NCE As ambi es tinham que ser humildes mas continu vamos trabalhando mais ou menos assim fomos at 1983 quando eu seria o coordenador de n mero sete 35 Mais tarde vim a perceber que Guru tamb m erra PARTE XIX O PODEROSO CHEF O Cold hearted ard that rules the night Removes the colours from our sight Red is grey and yellow white But we decide which is right And which is an illusion Graeme Edge O destino reservou ao coordenador de n mero sete um per odo de falta de dinheiro e de fontes que secavam Da situa o invej vel de sal rios razo veis e equipamentos ultra modernos que nos permitiram ocupar uma posi o de vanguarda na arrancada tecnol gica do pa s est vamos na imin ncia de perder nossos t cnicos mais competentes devido a deteriora o dos sal rios e falta de condi es atraentes de trabalho j que os
194. veram montar uma f brica Eu tamb m sou s cio da Embracomp les como todas as outras empresas precisam de componentes que n o existem no Brasil Mas as grandes f bricas daqui n o se disp em a mandar toda a papelada exigida pela nossa burocracia em troca do pequeno valor das compras Algumas lojas menores que t m ajudado mas poucas delas entendem um m nimo de computadores para poder fazer mais do que o trivial Porisso volta e meia recorrem a mim Raul Paulo Raul e um dos raros amigos profissionais que me conhece por este nome voce j pensou em abrir uma firma para fazer isso Bianchi N o n o pensei claro que uma firma poder fazer tudo mais f cil e at mesmo conseguir pre os mais baixos do que eu Mas n o sei se eu faria isso sempre fui muito ligado ao grupo n o sei se me sentiria bem fazendo alguma coisa independentemente 24 ber Schmitz ainda n o havia entrado em a o Raul Mas veja bem Voce n o acabou de dizer que com uma firma teria condi es de fazer melhor e mais barato Isso n o seria bom para les N o seria at uma boa maneira de contribuir para o desenvolvimento da ind stria brasileira Porque voce n o consulta les Bianchi Certamente que um de n s estando estabelecido aqui conhecendo como funciona a produ o aqui e conhecendo os problemas de l teria muitas maneiras de ajudar meus olhos devem ter brilhado nessa hora mas al m do mais voce sabe que os ameri
195. vi o pior com carrinhos mais antigos falta de vagas para os autom veis e filas mais demoradas Al m disso o lucro que deveria ser dividido de acordo com as compras n o existe a Co op nunca deu lucro N o faltam os opositores que apontam inefici ncia da diretoria que n o se esfor a para melhorar o desempenho e os servi os s os seus sal rios que melhoram e etc Como voc s podem imaginar muito dif cil mudar a diretoria quando os acionistas est o t o pulverizados Utopia ou farsa a id ia e sua implementa o tem seus m ritos e seus milhares de acionistas clientes orgulhosos PARTE IX A Universidade da Calif rnia A Universidade da Calif rnia uma institui o bastante antiga mantida pelo governo do estado da Calif rnia conveniente lembrar que a Calif rnia o estado mais rico e mais populoso dos EUA O compromisso da Universidade pura e simplesmente a excel ncia no ensino e ou pesquisa depois eu explico porque o e ou Eu n o vou discutir aqui qual deve ser a finalidade de uma Universidade p blica s pretendo chamar a aten o de voc s para o fato de que essa discuss o pode ser muito mais ampla do que nos tem sido apresentada Talvez nos venha primeiramente cabe a o objetivo de prover educa o para o aluno sem recursos ou ainda oferecer educa o sem discrimina o econ mica promovendo a aproxima o das classes Mas e quanto qualidade da educa o Ser justo manter a
196. zir bons alunos e bons resultados quem nos daria dinheiro Pelo que entendemos voc s tamb m pagam diferenciadamente a cada professor de acordo com sua carreira isso n o d problema Nunca ouvi dizer acho que ter amos muito mais problemas se tent ssemos pagar a mesma coisa para todos les pois aqueles que estivessem bem cotados no mercado acabariam saindo e aqueles que estivessem mal cotados tentariam vir para c n o vejo como manter amos a nossa tradi o dessa forma Naquele tempo visitamos quatro centros de computa o de Stanford O centro de servi os aos usu rios onde trabalhava o Bruce Lemm e onde passamos a maior parte do tempo e que dispunha de um 360 modelo 67 este era o centro destinado a atender aos usu rios de uma maneira geral O centro de computa o administrativo que dispunha de um outro sistema IBM e que era respons vel pelo atendimento administra o da universidade O centro de computa o do Hospital Universit rio que para variar usava um equipamento IBM e o centro de pesquisas em intelig ncia artificial que dispunha de um equipamento de grande porte da Digital Eu disse quatro centros Desculpem visitamos tamb m um quinto que era o do Acelerador Linear de Part culas O equipamento era um IBM 360 modelo 91 a m quina mais potente existente na poca uma das primeiras a usar o conceito de PIPELINE para executar mais de uma instru o ao mesmo tempo Esta gigantesca m quina tinha 2 Megaby

PARTE I - NCE/UFRJ

Contents

Download Pdf Manuals

Related Search

Related Contents